segunda-feira, 22 de junho de 2009

TERCEIRO MUNDO:Filhos à espera de suceder ao pai

ALI BEN BONGO MINISTRO DA DEFESA DO GABÃO
GABÃO-Morto Omar Bongo, o seu filho, Ali Ben Bongo, é o nome mais forte para ocupar o poder no Gabão. Mas as dinastias políticas não são um exclusivo de África - onde são uma realidade no Togo e Congo -, existem também no Médio Oriente e Ásia
Mal souberam da morte do presidente Omar Bongo, no dia 8, os gaboneses começaram a armazenar comida. A população daquele país africano preparava-se assim para a luta pela sucessão do homem que governou o Gabão durante 42 anos. E apesar de algumas vozes se oporem à ascensão ao poder do filho mais velho de Bongo, o ministro da Defesa, Ali Ben Bongo, de 50 anos, o mais provável é que seja mesmo ele o próximo chefe do Estado.
Um caso longe de ser único em África, onde os filhos do líbio Muammar Kadhafi e do egípcio Hosni Mubarak são há muito dados como sucessores dos respectivos pais.
Apesar de já ter dito que não tenciona seguir na política, Saif al- -Islam é apontado como futuro líder líbio. Reformista, o presidente da Fundação Kadhafi esteve envolvido na libertação de reféns. Aos quase 37 anos, é o favorito da juventude. Já no Egipto, com o Presidente Mubarak com mais de 80 anos, todos esperam que nomeie o filho Gamal para sucessor. Afinal se, como diz, não está interessado no poder, porque abandonou Londres onde era banqueiro para voltar ao seu país natal?
Seja directamente por morte do pai, com um período de governo interino por parte de uma figura do partido, ou após anos à espera de uma oportunidade, a verdade é que os casos de filhos que "herdam" o poder já não são novos. Sobretudo em África, mas não só.
Veja-se o caso de Faure Gnassingbé, actual Presidente do Togo, que, em Abril de 2005, foi confirmado nas urnas como sucessor do pai, Gnassingbé Eyadema. Um escrutínio contestado na rua, o que não impediu o jovem chefe do Estado de se agarrar ao cargo, talvez na esperança de bater o recorde do pai, que governou o Togo durante 38 anos. Já a Joseph Kabila bastou a aprovação do Parlamento para suceder, em 2001, na presidência do Congo ao pai, Laurent Désiré Kabila, assassinado.
Na Ásia, Índia e Paquistão tornaram-se sinónimo de Nehru/ /Gandhi e Bhutto. E, em ambos, estes nomes podem voltar a ocupar os mais altos cargos. Após a vitória do Partido do Congresso nas eleições indianas de Maio, Rahul Gandhi, bisneto de Jawaharlal Nehru, o primeiro chefe do Governo da Índia independente, neto da filha deste, a primeira-ministra Indira Gandhi, e filho de Rajiv Gandhi, que sucedeu à mãe, este homem de 39 anos é apontado como futuro chefe do Executivo de Nova Deli. No vizinho Paquistão a esperança recai sobre o jovem (só tem 20 anos) Bilawal Bhutto, filho da ex-primeira-ministra assassinada Benazir Bhutto, e neto de Zulfikar Ali Bhutto, presidente e chefe do Governo de Islamabad.
No Médio Oriente, a Síria também viu Bashar al-Assad suceder ao pai, Hafez. E, na Coreia do Norte, os Kim constituem a única dinastia comunista do mundo, com Kim Jong-il, o actual líder, a ter sucedido ao pai, Kim Il-sung, após a morte deste, em 1994, e a já ter designado o filho mais novo, Kim Jong-un, para lhe suceder.
DN/por HELENA TECEDEIRO

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