sexta-feira, 31 de julho de 2009

SAÚDE:Holandeses desenvolvem nova arma contra a malária

NIJMEGEN-O desenvolvimento de uma vacina contra a malária parece estar mais próximo. Uma pesquisa feita pelo Centro Médico da Universidade Radboud, na cidade holandesa de Nijmegen, mostrou que pode-se, facilmente, criar resistência contra a doença.
Os pesquisadores decidiram adoptar uma nova estratégia para lutar contra a malária, testando a possibilidade de tornar pessoas imunes à doença mais rapidamente – e isto parece ter sido provado.
Todos os anos, milhões de pessoas em todo o mundo sofrem as consequências da malária, especialmente crianças, que ainda não têm o sistema imunológico suficientemente desenvolvido. A maioria das vítimas vive na África.
Descoberta decisiva
A doença é transmitida por um mosquito que deposita o parasita da malária na corrente sanguínea do ser humano. Voluntários que nunca haviam tido malária, nem possuíam imunidade à doença, foram expostos às picadas do mosquito da malária e, simultaneamente, receberam o conhecido remédio anti-malária chloroquine. Eles desenvolveram uma reação imunológica e não ficaram doentes. Alguns meses mais tarde, foram novamente expostos às picadas do mosquito, desta vez sem a proteção do medicamento. A resistência desenvolvida forneceu proteção suficiente, afirma o prof. Robert Sauerwein, do setor de Parasitologia Médica da Universidade Radboud.
De acordo com os pesquisadores, o segredo está em um grupo específico de células de defesa, as chamadas células T-multifuncionais, que fazem com que proteínas hostis se tornem inofensivas. O diferencial da pesquisa feita em Nijmegen é que os voluntários são ‘vacinados’ com o parasita inteiro, e não apenas com parte da proteína nociva. O objetivo é utilizar um parasita enfraquecido para criar imunidade, da mesma maneira que um vírus da gripe enfraquecido é usado para uma vacina contra a gripe.
Efetividade
Um factor importante da pesquisa é a rapidez com que a resistência parece ter-se desenvolvido, de acordo com o prof. Sauerwein: “O que nós fizemos foi usar o parasita da malária para imunizar os voluntários. E fizemos isso da maneira convencional, a partir da própria picada do mosquito. Então é importante dizer que nós não descobrimos uma vacina, mas sim um novo método que permite desenvolver resistência à malária muito mais rápido.”
Imunidade
A pesquisa imita as circunstâncias naturais nas quais as pessoas são infectadas e desenvolvem imunidade. No total, os voluntários foram picados 45 vezes em um período de três meses. O prof. Sauerwein diz que, nos trópicos, as pessoas às vezes são picadas centenas de vezes por noite pelos mosquitos e assim desenvolvem imunidade, mas isso leva de cinco a dez anos.
Um voluntário que foi picado pelo mosquito sem a proteção do chloroquine desenvolveu a doença, mas o prof. Sauerwein diz que após o tratamento ele se recuperou sem complicações.
Parasita enfraquecido
De acordo com a parasitologista, dra. Petra Mens, do Centro de Pesquisas biomédicas do Instituto Real dos Trópicos, em Amsterdão, a descoberta dá um passo importante. O grande desafio agora está em desenvolver uma vacina que ofereça proteção duradoura.
“A questão agora é, naturalmente, saber quanto tempo esta proteção irá durar, porque em África as pessoas são infectadas continuamente pelos mosquitos. E se uma nova vacina tiver que ser aplicada, digamos, a cada seis meses, não é uma opção viável. Certamente não em regiões muito extensas como a África, o sudeste asiático ou a América do Sul.”
De acordo com a dra. Mens, a pesquisa não está apenas ajudando cientistas na Europa, mas também todas as pessoas no mundo que pegam malária todos os anos, resultando em um milhão de mortes e 30 milhões de doentes. A pesquisa de Nijmegen ainda não pode ajudá-los na prática, mas o prof. Sauerwein acredita que a vacina agora está mais próxima:
“O que temos que fazer agora é parar de usar o mosquito como injeção natural e ter o parasita para ser administrado com uma injeção. Já estamos em contato com uma companhia norte-americana que tem a tecnologia necessária para isso. E não queremos mais usar chloroquine para enfraquecer o parasita da malária, porque na África já há muita resistência a este remédio, então queremos usar um outro método para enfraquecer o parasita. Isso poderia ser feito, por exemplo, enfraquecendo-o através de manipulação genética ou através de radiação.”
Resistência
Segundo o prof. Sauerwein, uma injeção com um parasita enfraquecido tem a mesma efetividade de uma picada de mosquito sob proteção de medicamento anti-malária. A vacina oferece uma saída para o crescente problema de pessoas que se tornaram resistentes a determinados tipos de medicamento anti-malária. Sob circunstâncias normais, o parasita desaparece do corpo após três dias. Em África, o chloroquine não é mais prescrito como remédio porque os parasitas também se tornaram resistentes a ele.
RNW por Willemien Groot

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