segunda-feira, 26 de outubro de 2009

CV:10 por cento das jovens entre 15 e 17 anos abandonam estudos por gravidez precoce



PRAIA-Cerca de 10 por cento das adolescentes de Cabo Verde, entre os 15 e 17 anos, deixam a escola por causa da gravidez precoce, revelou hoje a socióloga cabo-verdiana Antónia Teixeira.
A socióloga considerou que, com esse comportamento, os jovens cabo-verdianos estão a mostrar, nessa fase de adolescência, uma curiosa contradição, pelo facto de estarem a começar a ter relações sexuais cada vez mais cedo.
“Actualmente, a maternidade antecipada já é a principal causa de evasão escolar de meninas nesta faixa etária. A maioria vem de famílias mais carenciadas e com uma cultura enraizada e de difícil influência”, salienta a socióloga, em declarações à agência noticiosa cabo-verdiana Inforpress.
Abordados vários alunos e professores de diferentes escolas da capital, ficou a saber-se que, apesar de conhecerem todos os mecanismos de precaução, as jovens deixam-se engravidar conscientes das consequências, havendo algumas que são claras, ao afirmarem que a virgindade “deixou de ser levada a sério”.
“A primeira relação sexual surge por volta dos 14 anos e a virgindade é coisa do passado”, defendem.
A esse respeito, explicou a socióloga, a gravidez está a tornar-se “um grande problema na educação”, pois a realidade mostra que só existem dois caminhos: anular a matrícula e perder um ano escolar ou abandonar os estudos para cuidar da criança.
“Normalmente, as adolescentes jogam os filhos para os avós criarem e tentam trabalhar para sustentá-los. Muitas deixam a escola e nunca mais voltam. Esta atitude provoca uma geração de pais inexperientes e confusos, cujos filhos se podem transformar em adultos sem referências”, advertiu António Teixeira.
Entretanto, as escolas, cumprindo directrizes do Ministério da Educação, negoceiam com todas as partes envolvidas a melhor forma de recompensar a jovem estudante de forma a não abandonar o sistema educativo.
O caso mais gritante é de uma aluna do primeiro ciclo, de 15 anos, em que a própria mãe veio a uma escola da Cidade da Praia solicitar anulação da matrícula porque a filha, grávida, já se tinha casado com um homem de 25 anos.
“Tratando-se de uma menor, a lei devia agir de outra forma e não permitir o casamento”, afirmou Antónia Teixeira, que considera que a gravidez na adolescência é um “fenómeno complexo”, associado a vários outros factores, nomeadamente, individual, familiar, social, cultural e educacional.
“Este fenómeno não se explica por uma única causa ou factor, mas por um conjunto de factores que influenciam os contextos de vida dos jovens, cujos padrões e regras mudam nas transacções que o indivíduo estabelece com o seu meio”, concluiu.
SAPO.CV/LUSA

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