sábado, 24 de outubro de 2009

CV(LIBERAL)CARLOS VEIGA É O ROSTO DA MUDANÇA PARA A LIBERDADE E A DEMOCRACIA, ESCREVE NUNO MANALVO



Recusando que esta biografia política escrita por Manalvo seja uma “mitificação” de Carlos Veiga, Abraão Vicente apontou a importância desta obra. E o autor esclareceu que desafiou o biografado a depor para o livro há mais de um ano, quando ainda não se pensava sequer no seu regresso à liderança do MpD e menos ainda que ele se recandidatasse a Primeiro Ministro.

PRAIA–Explicando que a dignificação da política e da classe política, a qual pode ser criticável, mas que no fundamental, em Cabo Verde, tem sido patriótica e preocupada com os interesses nacionais, foi uma das razões porque decidiu aceitar o desafio que lhe fora feito pelo investigador português Nuno Manalvo, o novo líder do Movimento para a Democracia encerrou ontem, na Biblioteca Nacional a apresentação do livro “Carlos Veiga, o Rosto da Mudança em Cabo Verde”. Publicado pela conceituada editora de Lisboa “Alétheia”, esta biografia política é lançada no mercado português no dia 3 de Dezembro.

Com a sala de conferências da Biblioteca Nacional, na Praia, repleta, ao ponto de ter sido necessário complementar o número de filas de cadeiras que ali tinham sido colocadas, tendo mesmo assim ficado de pé muitos assistentes, o autor deste livro de cerca de 200 páginas e excelente configuração, lançado a baixo preço para o mercado cabo-verdiano (mil escudos, preço de lançamento), teve o cuidado de esclarecer que é apenas coincidência o facto desta obra vir à estampa no momento em que Veiga reassume a liderança do MpD, partido de que foi um dos fundadores e o seu primeiro líder, e quando este se prepara para iniciar uma campanha eleitoral. Segundo disse Manalvo, que é académico, professor universitário de Relações Internacionais e Ciência Política, a ideia da biografia nasceu num almoço, havido há mais de um ano em Washington, no qual na presença de congressistas norte-americanos, lançou o desafio a Carlos Veiga.

As razões que o interessaram pelo perfil do político que, em Cabo Verde, foi um dos “pais fundadores” da democracia, relacionam-se não só como o modo pacífico como ele protagonizou a transição do regime de partido único, de matriz marxista-leninista, para um regime de democracia aberta (à semelhança do que aconteceu no Leste europeu), mas também ao modo como Veiga incrustou os valores democráticos na sociedade cabo-verdiana, garantindo que a evolução posterior se fizesse sem sobressaltos e sem grandes retrocessos no plano democrático. Sobretudo o impressionou que Carlos Veiga tenha sido espoliado da vitória nas eleições presidenciais por via de uma comprovada fraude eleitoral (em consequência da qual nem sequer faltaram julgamentos e prisões) e tivesse recusado conclamar à rua os seus apoiantes, por temer que as consequências de uma eventual agitação pusesse em causa os fundamentos da democracia por que ele próprio lutara e em que se empenhara.

Para Nuno Manalvo, Veiga é por isso credor de um respeito que ultrapassa fronteiras e tornou-se num modelo exemplar para todo o mundo: poucos políticos seriam capazes de tamanha renúncia em nome dos valores da democracia. Por isso, concluiu Manalvo, uma das razões que o levou a escrever este livro foi poder, com o exemplo de Veiga, poder amanhã dizer aos seus filhos, que para eles viverem num mundo de liberdade foi fundamental que houvesse homens com capacidade que lutassem com dignidade e verticalidade, chegando mesmo ao sacrifício das renúncias, para que a democracia fosse uma realidade. Carlos Veiga será para tanto um importante exemplo de referência.
O livro foi apresentado, talvez com surpresa de muitos, por Abraão Vicente. O conhecido homem da televisão cabo-verdiana, também jornalista e artista plástico, afirmou que a sua presença ali representava a “responsabilização de uma nova geração” (a sua) e um “compromisso” da juventude, em que se insere, “que quer fazer o tempo futuro”. Considerando que o livro de Manalvo, contribui para “a socialização de Carlos Veiga para a história de Cabo Verde”, Abraão Vicente alertou que a partidarização que fustiga a sociedade cabo-verdiana e a limita pode levar a que alguns cometam o erro de considerar esta biografia como uma “mitificação” de Carlos Veiga.

Apesar disto, disse Vicente, Cabo Verde afirma-se neste momento um “palco muito interessante” para quem aprecie e analise o jogo político.
De juventude falou também Veiga, apontando que um dos seus objectivos ao aceder ao desafio que lhe fora proposto pelo autor, depondo para o seu livro, foi mostrar às novas gerações que a política tem dignidade e que a mudança é possível sempre que se luta por ela.
Nuno Manalvo, que escreve que “num continente que nem sempre é sinónimo de democracia, num pequeno país sempre sujeito às flutuações do sistema internacional, a mudança rumo a uma maior consagração da democracia é sempre uma tarefa árdua, faseada, prolongada, mas de sentido único”, cita o próprio Carlos Veiga para sublinhar a solidez do resultado da sua luta: “Quem veio depois já não consegue alterar a matriz essencial do que foi deixado. Depois de 2000 não houve nenhuma reforma estrutural em Cabo Verde”.

Sobre o biografado, Manalvo socorre-se de palavras do actual Presidente norte-americano: “Barack Obama dizia que ‘a mudança não vem se estivermos à espera que outros a façam ou que chegue o tempo certo. Nós somos aqueles por quem estivemos à espera. Nós somos a mudança que procuramos’. Foi com este espírito de iniciativa de quem reclamava o direito à condução dos seus próprios destinos que Carlos Veiga iniciou a mudança em Cabo Verde”.
LIBERAL.SAPO.CV
FOTOS:EXPRESSODASILHAS.SAPO.CV

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