quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CV:Criminalidade e desigualdade social aumentam em Cabo Verde, alerta investigador


PRAIA–Um investigador em estudos africanos alertou hoje, em Lisboa, para o aumento da criminalidade e da desigualdade social em Cabo Verde, que atribuiu ao desenvolvimento económico do país.
"Cabo Verde é considerado nos relatórios internacionais como um caso de sucesso em África com taxas de rendimento elevadas, com aumento do rendimento per capita e com indicadores muito interessantes na área da educação e no acesso à saúde", disse Rogério Roque Amaro, no seminário Pobreza e Paz nos PALOP, a decorrer no ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa).
No entanto, o investigador alertou que nos últimos sete anos têm-se registado "manifestações de grande desigualdade social e o surgimento da marginalidade de rua, o que era impensável em Cabo Verde".
De acordo com Rogério Roque Amaro, que é também professor universitário, zonas de luxo coabitam lado a lado com "zonas de baixo nível de consumo e elevado nível de necessidades".
"Actualmente, já é perigoso andar em determinadas ruas da Cidade da Praia à noite", acrescentou.
O docente disse ainda que Cabo Verde se transformou num país de consumo crescente de produtos estupefacientes, bem como numa zona de tráfico de drogas, alterações que resultam da evolução do sistema económico cabo-verdiano.
"Passaram para um sistema de mercado à solta e por efeitos de uma globalização acentuada pela insularidade", afirmou.
Rogério Roque Amaro considerou ser "previsível" que o mesmo irá acontecer "com muito mais acentuação" em Angola e em Moçambique, países onde estão a ocorrer "fenómenos económicos muito mais acentuados".
"A grande desigualdade entre a extrema riqueza e a extrema pobreza vai ser acentuada" nesses país, afirmou.
Também presente no seminário, Augusto Nascimento, do Instituto de Investigação Científica e Tropical, comparou as trajectórias políticas e sociais entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe e concluiu que os dois países estão agora longe dos objectivos que definiram.
"Há 75 anos que em São Tomé e Príncipe o objectivo era o desenvolvimento e em Cabo Verde era não passar fome. Hoje, São Tomé luta por cumprir os Objectivos do Milénio no tocante à pobreza, sem o conseguir, enquanto Cabo Verde integra a lista dos países de (médio) desenvolvimento humano", disse.
O seminário Pobreza e Paz nos PALOP decorre até quinta-feira, 26, no ISCTE, em Lisboa.
sapo.cv/Inforpress/Lusa/Fim

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