segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CV(LIBERAL):“MANDINHO DI NHA DJENA” À RÁDIO ATLÂNTICO: “A MINHA PAIXÀO É A MORNA”


 Oriundo de Assomada, Amândio Ferreira lançou recentemente o seu 1.º CD
As Serenatas de outros tempos desempenhou papel importante na geração de Mandinho e ele era era o actor principal, devido à voz poderosa e bonita

ROTTERDAM-Amândio Barbosa Ferreira, conhecido pelos amigos e no circulo familiar por “Mandinho di nha Djena”, nasceu em Santa Catarina de Santiago em 1941, é casado com Dona Lilica e reside em Lisboa-Portugal.Como quase todos os Santacarinenses da sua geração, Mandinho di Nha Djena fez os seus estudos primários no Concelho, mas o secundário completou-o entre Praia e Mindelo.
Como Funcionário Público deambulou por terras de Angola, Cabo Verde e Portugal. Neste último País acaba por se aposentar e fixar residência.
As Serenatas de outros tempos desempenhou papel importante na geração de Mandinho e ele era era o actor principal, devido à voz poderosa e bonita.
Escreve um amigo do Amândio Ferreira na contra capa do CD que “As moças de Santa Catarina, ao ouvir nas noites de luar onde só em Santa Catarina a lua consegue pôr a sombra em coisas impossíveis”. Acrescenta que ao ouvirem a voz quente, magoada, cadenciada, as donzelas e não só abriam as janelas ou afrouxando as cortinas, para dar o sinal que estavam atentas e a apreciar ao mesmo tempo que agradeciam tamanha gesta poética.
Um excelente trabalho que vale a pena ouvir e apreciar sobretudo para os que gostam da morna no seu estilo mais puro e tradicional.


Eis a entrevista que ele concedeu à Rádio Atlântico.
RÁDIO ATLÂNTICO: Gostaria que nos fizesse uma breve apresentação de quem é Amândio Ferreira.
AMÂNDIO FERREIRA: Eu nasci a 3 de Dezembro de 1941, em Santa Catarina, onde fiz a instrução primária, sendo que realizei os estudos secundários entre a Praia e S. Vicente. A primeira vez que vim a Portugal, foi para cumprir o serviço militar obrigatório.Fui para aAngola, onde fui funcionário bancário.Voltei a Portugal, continuando a exercer essas funcões.Depois fui para os Estados Unidos e regressei a Portugal, onde me encontro a viver actualmente
RA: Lembra-se de quando começou e nasceu o seu gosto pela música?
AF: Desde criança que gosto de música.
RA: Teve algum Mestre que o ensinou os primeiros acordes?
AF: Na verdade, comecei sozinho, depois de muito seguir atentamente aos músicos que actuavam nos lugares onde vivi.
RA: Lançou um excelente trabalho que vale a pena ser divulgado. Já pensou em apresentações para o promover ?
AF: Como disse anteriormente, desde muito pequeno que adoro a música. Apesar da minha idade ser já um pouco avançada para actuações, todavia, não ponho de parte a ideia de actuar em Cabo Verde ou noutros pontos da diáspora cabo-verdiana. Mas como é evidente depende dos convites que venha a receber.
RA:Teve algum produtor para a feitura desse seu primeiro álbum?
AF: A produção do CD foi feita à custa de grande sacrifício. Sempre foi meu sonho gravar um disco. Vendo que a nossa morna estava sendo esquecida e, ajudado por alguns amigos e familiares, levei avante o meu sonho.Para o efeito, recorri a várias entidades cabo-verdianas, das quais não obtive ajuda nenhuma. O CD em causa foi produzido e lançado com o financiamento de um amigo.
RA: Falando do seu trabalho, intitulado “Serenata 1” , podia dizer-nos o nome dos músicos que participaram neste CD?
AF: Os músicos que participaram foram: Armando Tito, Adérito Pontes, Djujuti Alves, Paló, Jom Luz, Francisco Fernandes e Tó Barbosa. Não tenho palavras para transmitir a dedicação e apoio que os mesmos me deram, inclusivamente os músicos Dani Silva, Humberto Ramos (Director de Produção), Laurentino Almeida e Eliseu Sanches.
RA: Acha que que os cabo-verdianos que residem fora de Cabo Verde interessam-se pela Cultura do nosso País?
AF: Sim, concerteza. Os cabo-verdianos que vivem na diáspora estão ciosos em perseverar as nossas raízes,sobretudo no tocante à música e à nossa cultura de uma forma geral.
RA: Em Portugal como foi a reacção do público ao seu trabalho?
AF: A reacção foi óptima o que me fez sentir motivado para continuar.
RA: No seu tempo a Serenata era feito livremente ou carecia de alguma autorização das autoridades portugueses?
AF: No meu tempo para fazer a serenata era preciso uma autorização da administração do concelho.
RA: Pode dizer-nos mais em pormenor como era feito a Serenata na sua ex-Vila de Assomada?
AF: Primeiro, reuníamos para um pequeno ensaio e aproximadamente à meia-noite, com um reduzido número de pessoas (para evitar o barulho), iniciávamos a serenata, que era muito bem aceite por todos. Como a luz eléctrica se apagava às onze, a serenata em Assomada era feita às escuras, ou melhor, com a luz do luar.
RA: E para a divulgação do “SERENATA 1” já recebeu alguns convites para a sua divulgação?
AF: Sim. Já recebi alguns convites mas, por razões de saúde, ainda não pude concretizar esse pedido. Mas na semana passada actuei numa Homenagem ao Manuel D`Novas que teve lugar em Lisboa e como é evidente não pude faltar.
RA: Era capaz de tocar outros ritmos que não a morna?
AF: Sim, mas a minha paixào é a morna.Eu quero preservar a nossa morna, não a deixar esquecida nem deturpada.
RA:C omo todos os artistas deve ter sido influenciado a dado momento por alguns nomes da nossa música. Podia citar alguns?
AF: Os músicos que mais me influenciaram foram: o B. Leza, Djeje Matias, J. Monte, Tazinho, entre outros.
RA: Uma das maiores riquezas de Cabo Verde é a sua Cultura em especial a música.o que pensa da divulgação da nossa música no mundo?
AF: É importante a divulgação da cultura caboverdiana pelo mundo fora, na medida em que se torna mais conhecida.
RA: Caso fosse convidado para actuar na cidade de Assomada onde nasceu, aceitaria o convite?
AF: Não está nada ainda previsto, mas sendo convidado, teria muito gosto em actuar na minha cidade Natal.
LIBERAL.SAPO.CV-POR NORBERTO B.C.SILVA

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