sexta-feira, 30 de abril de 2010

CV(INFORPRESS):Daniela Mercury e Roberta de Sá actuam em Junho na capital cabo-verdiana

PRAIA-As brasileiras Daniela Mercury e Sandra de Sá e o cabo-verdiano Tito Paris actuam, a 3 de Junho, na Gamboa, Cidade da Praia, numa gala musical, enquadrada na cerimónia de entrega oficial pela Unesco do Diploma da Cidade Velha - Património Mundial.
A entrega do diploma, presidida pelo ministro da Cultura do Brasil, acontece a 2 de Junho, no Convento de S. Francisco, na Cidade Velha, e insere-se no programa de actividades para as comemorações dos 550 anos da Descoberta de Cabo Verde e do 35º aniversário da Independência Nacional.
O programa de comemoração, que se assinala sob o lema “Cabo Verde – Nação Vencedora” foi dada ontem à estampa pela presidente da Comissão Executiva da Organização das festas e ministra do Ensino Superior, Ciência e Cultura, Fernanda Marques.
Segundo a governante, o momento alto das comemorações desta efeméride acontece, a 1 de Maio, reportando a mesma data em que 1460 uma flotilha de duas caravelas comandadas por António de Noli e Fernão Gomes, chegaram à ilha de Santiago.

Acto solene, espectáculo “Cidade Velha: Berço da Mestiçagem” com participação de 300 jovens, eucaristia em homenagem aos 550 anos da Descoberta e actuação da banda militar são algumas das actividades para o dia.
Do programa central de actividades alusivas às duas datas consta ainda, de 21 a 29 de Maio a comemoração do Dia da África, com exposição-feira de artesanato confeccionados por imigrantes africanos em Cabo Verde, noite cultural, lançamento da obra “Tarrafal de Chão Bom: Memorias e Verdades”, palestra “Migração e Desenvolvimento e festival de música e dança tradicional cabo-verdianas.
No dia 31 de Maio a 2 de Junho, o Convento de S. Francisco na Cidade Velha acolhe o Simpósio Internacional “Cidade Velha e a Cultura Afro-mundo: O Futuro do Passado”.
Para Junho, além da cerimónia de entrega do Diploma da Cidade Velha Património da Humanidade, no dia 12 inaugura-se, na Vila de Sal Rei, da obra de restauro do edifício da Ex-Alfândega da Boa Vista, transformada em Casa da Cultura, bem como o espectáculo de hip hop “Meia Lua” com participação de artistas brasileiros e franceses, a ter lugar na Assembleia Nacional.

Inauguração das obras de restauro da Capela de Trindade e da Casa do Morgado e Museu de Tabanca de Chã de Tanque (Santa Catarina), Feira de Turismo na Cidade Velha, são outras das actividades programadas para o mês de Junho.
As actividades para o mês de Julho iniciam-se, no dia 3, com acrobacia e dança chinesa, prosseguindo com cerimónia de juramento de bandeira da 1ª Corporação de Recrutas de 2010, exercício conjunto e combinado (desembarque naval) na ilha do Maio com navio de guerra cabo-verdiano e francês e gala Cantar Cabo Verde são actividades que vão anteceder as cerimónia oficias do Dia da Independência Nacional, no dia 5 de Julho.
Do programa para o dia 5 constam uma sessão comemorativa especial da Assembleia Nacional, grande desfile de Morabeza, entre outras actividades.
Da restante programação, que culmina a 7 de Julho, consta, segundo os organizadores, a grande feira do livro luso - cabo-verdiano, e a gala cantar Cabo Verde, a acontecer no Mindelo, assim como a inauguração da obra de restauro da Capitania Velha – Réplica da Torre de Belém.
(ZS)-Inforpress/Fim

Dicas para acabar com o mau hálito

Dicas para acabar com o mau hálito

Cesaria Evora Besame Mucho

ANGOLA:China ultrapassa EUA como principal comprador de diamantes

LUANDA-A China é hoje o maior comprador de diamantes angolanos, ao ultrapassar os EUA, que lideraram o mercado até ao ano passado, informa a Empresa Nacional de Diamantes de Angola (ENDIAMA).
A informação foi divulgada pelo director de geologia da ENDIAMA, Miguel Paulino, durante uma palestra organizada pelo Ministério da Geologia e Minas e Indústria com o tema "A situação actual dos projectos diamantíferos e perspectivas".
Segundo Miguel Paulino, entre 2006 e 2008 as vendas para o mercado norte-americano subiram de 35 para 55%.
Em 2009, devido à crise económica e financeira que afectou a economia norte-americana, os EUA adquiriram apenas 3% dos diamantes produzidos em Angola.
De acordo com o director, em finais de 2009, das 12 jazidas secundárias existentes numa superfície de 12.000 quilómetros quadrados, só oito estavam em funcionamento. Devido à crise, duas das oito jazidas foram encerradas e cinco estão suspensas, consequentemente a quebra de produção atingiu os 32% em 2009.
Relativamente às jazidas primárias, Miguel Paulino disse que as três existentes, nomeadamente Catoca, Lwó, e Camuto, estão em fase de exploração. A mina de Catoca, situada na província da Lunda-Sul, é a quarta maior do mundo, que em média extrai anualmente cerca de 500 milhões de dólares em diamantes, mas em 2009 este valor ficou pouco acima dos 430 milhões devido à crise.
Ainda em finais do ano passado o sector mineiro dispunha de 45 projectos de prospecção de depósito primário de diamantes, ocupando uma área de 107.000 quilómetros quadrados.
OJE/LUSA

CV:Presidente do BAD diz que África devia seguir exemplo de Cabo Verde

PRAIA-O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) disse que Cabo Verde "devia servir de inspiração" à grande maioria dos países africanos, devido às políticas transparentes na gestão das finanças públicas.
Donald Kaberuka falava aos jornalistas no final de um encontro com o primeiro ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, que marcou o último acto oficial da visita de trabalho de três dias que efectua a Cabo Verde, a convite da ministra das Finanças local, Cristina Duarte.
"Tudo indica que, até 2015, Cabo Verde vai atingir os Objetivos do Milénio. Cabo Verde devia servir de inspiração a quase todos os países africanos, pela sua gestão transparente das finanças públicas, dos dinheiros do apoio ao desenvolvimento. É um modelo a seguir", afirmou Kaberuka.
O presidente do BAD, o primeiro a visitar oficialmente Cabo Verde, disse ter ficado "impressionado" com o desenvolvimento do arquipélago, reafirmando o que já dissera no dia da sua chegada à Cidade da Praia: que o crescimento económico do país foi feito à custa de "trabalho" e não com base em recursos naturais.
"Cabo Verde é um dos primeiros e poucos países africanos que em 50 anos [de independências em África] baseou o desenvolvimento em políticas de desenvolvimento e não em minerais ou petróleo. Essa mudança é muito significativa", disse o economista ruandês, o sétimo presidente eleito do BAD, no cargo desde 1 de Setembro de 2005.
Kaberuka, educado na Tanzânia e no Reino Unido, mestre em Economia pela Universidade de Glasgow (Escócia), realçou que Cabo Verde ascendeu, em 2008, a país de rendimento médio, deixando o grupo dos menos desenvolvidos, e manifestou a "disponibilidade total" da instituição com sede em Tunes para continuar a apoiar o país.
"Foi-me apresentada a estratégia que Cabo Verde quer desenvolver no futuro e saio daqui bastante satisfeito com os resultados alcançados. Há disponibilidade total do BAD para continuar a apoiar o país", assegurou.
Cabo Verde tem uma carteira activa junto do BAD de 64,65 milhões de euros, montante que se refere apenas às cinco operações em curso e em que cerca de 80% dessa verba está atribuído à ajuda orçamental e o restante às infra-estruturas e aos sectores rural e social.
Desde 1977, o BAD aprovou 39 operações para Cabo Verde, num montante líquido aproximado de 164,28 milhões de UC (unidades de conta), o que equivale a cerca de 185 milhões de euros.
Os projectos financiados pelo BAD, tais como a construção do Aeroporto Internacional da Praia, as Bacias Hidrográficas de Picos e Engenhos, a Central Única de Santiago, entre outros, têm contribuído grandemente para a melhoria das infra-estruturas e da competitividade económica do país, sustentou.
Já como país de rendimento médio, Cabo Verde passou a ter acesso tanto aos financiamentos não concessionais do BAD, como aos concessionais do Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD).
Nesta qualidade, o limite de crédito para Cabo Verde junto ao BAD é de aproximadamente 98 milhões de UC (cerca de 110,38 milhões de euros) para o período 2009-2013. Simultaneamente, o país mantém o acesso ao saldo total de 7 milhões de UC (cerca de 7,88 milhões de euros) no quadro do FAD XI.
OJE/LUSA

BRASIL:Polícia militar "pacifica" favelas na zona da Tijuca

RIO DE JANEIRO-Será criada a maior Unidade de Polícia Pacificadora, que prevê também a requalificação, após ocupação do Morro do Borel

Os 250 polícias militares entraram no Morro do Borel antes das 9.00 de quarta-feira, sem disparar um único tiro, e uma hora depois já hasteavam a bandeira do Brasil no largo que era usado como posto de observação do tráfico de droga. Foi o primeiro dia da ocupação das favelas da zona norte do Rio de Janeiro, perto do bairro da Tijuca, antecipando a instalação de mais uma Unidade de Polícia Pacificadora - a oitava e a maior.
"Vamos continuar esta operação de verdadeira reconquista de certos territórios da cidade", disse Sérgio Cabral, o governador do Rio de Janeiro. A segurança é uma das principais preocupações dos habitantes e das autoridades - que vão organizar o Campeonato Mundial de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
"Vim de Portugal ainda jovem e sempre me respeitaram porque eu vivia de boca fechada. Para sobreviver na favela, tem que ser assim. Meu maior medo eram os tiroteios na hora de sair ou chegar em casa", disse o reformado José da Costa, de 80 anos, residente no Morro do Borel, ao jornal O Dia. Os moradores esperam que a acção policial ponha fim à violência ligada ao tráfico de droga.
Mas a criação da Unidade de Polícia Pacificadora pressupõe não apenas um reforço da segurança (estarão envolvidos 500 agentes), mas também trabalhos de urbanização na favela. Nas regiões que já foram beneficiadas (principalmente na zona sul, mais turística) houve casas que chegaram a valorizar "148%", segundo o mesmo diário brasileiro.
Além do Morro do Borel, outras seis comunidades da região da Tijuca foram ocupadas pela polícia militar: Casa Branca, Chácara do Céu, Morro da Cruz, Formiga, Indiana e Catrambi - onde vivem cerca de 20 mil pessoas. "Para pacificar a Tijuca como um todo, temos que fazer isso [a ocupação] num número importante de favelas. Nada impede que o traficante do Borel possa ter pulado para a Formiga e da Formiga para não sei onde. A gente precisa manter uma sequência para prender essas pessoas", explicou o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, citado pelo Globo. O responsável prometeu mais intervenções nos morros do Salgueiro, Andaraí e dos Macacos.
Durante a operação policial, foram detidas pelo menos quatro pessoas - uma das quais na posse de 309 doses de cocaína. Foram ainda apreendidas várias armas e até uniformes do exército. Na casa da namorada de Silas Playboy (líder dos traficantes da Chácara do Céu e da Casa Branca) foi ainda encontrado um computador portátil com fotografias dele e informações sobre contabilidade.
DN.PT-POR SUSANA SALVADOR

CV(LIBERAL):CASIMIRO DE PINA QUER “ABRIR NOVOS ESPAÇOS DE COMUNICAÇÃO COM A SOCIEDADE FOGUENSE”

Professor Universitário apresentou candidatura
Casimiro de Pina fez esta semana o anúncio da sua candidatura à coordenação da região política do Fogo, pelo Movimento para a Democracia (MpD).
Casimiro diz que o Fogo está a ficar para tras e aponta desde logo uma marca pela diferença em relação à candidatura oposta.
PRAIA-Casimiro de Pina fez esta semana o anúncio da sua candidatura à coordenação da região política do Fogo, pelo Movimento para a Democracia (MpD).
Casimiro diz que o Fogo está a ficar para traz e aponta desde logo uma marca pela diferença em relação à candidatura oposta, liderada por Jorge Nogueira. Diz que “doravante, na ilha do Fogo, o MpD deixará de ser uma «associação política» para passar a ser um verdadeiro Partido Político, uma associação de cidadãos com carácter de permanência, que participa nos grandes debates político-ideológicos visando a conquista do poder e uma governação esclarecida”.
O candidato garante que quer “novas ideias para o Fogo”. Discutir a ilha, por exemplo, no contexto do novo "sistema-mundo" e da Sociedade do Conhecimento, diz.
E é precisamente com o lema “Novas ideias para ganhar o Fogo” que Casimiro de Pina se apresenta. Garante que “o MpD tem de ser, nestes novos tempos, um partido capaz de produzir conhecimento”. Segundo esclarece, trata-se de “conhecimento estratégico e emancipador, com base científica”.
As dez razões da candidatura
1. Fazer com que o MpD eleja três dos cinco deputados nas eleições legislativas de 2011, para governar num clima de liberdade e prosperidade;
2. Para isso, é necessário que o partido se organize em novas bases, privilegiando o reforço da sua identidade ideológica;
3. Criar uma base de dados dos militantes, de modo a ter sempre actualizado o respectivo número; com isso, o partido ganhará agilidade e poderá realizar eleições periódicas com a maior segurança e tranquilidade;
4. Transformar o MpD numa organização inteligente ("learning organization"), que aprende com os erros e prima pela qualidade na sua acção política;
5. Abrir novos espaços de comunicação com a sociedade foguense, tais como "think tanks", debates sobre temas fundamentais para o desenvolvimento do Fogo, utilização de novas tecnologias, e uma presença activa no espaço público em geral;
6. Combater, sem tréguas, o clientelismo atávico e a cultura de dependência existentes no Fogo, herança sombria do mercantilismo ibérico e das práticas totalitárias do passado recente;
7. O MpD, como partido liberal, deve insistir na descentralização do poder, que é ainda uma dinâmica de liberdade, não permitindo que o Governo deixe para amanhã a resolução das dificuldades básicas da ilha (transportes, commodities, etc.);
8. Inscrever a educação como uma prioridade. A ilha do Fogo deverá ter, a médio prazo, escolas profissionais de excelência e apostar na atracção de pólos universitários;
9. Lutar, urgentemente, pela criação de um "cluster" do turismo; a ilha do Fogo possui talvez o maior produto turístico do arquipélago (o majestoso vulcão), que pode atrair, se for bem aproveitado, milhares de visitantes por ano; produtos como o café, o vinho, de excelente qualidade, o "trekking", etc., serão, com vantagem, integrados neste circuito, com ganhos incalculáveis para as populações e a economia; a agricultura e as pescas, assim como o incentivo às pequenas e médias empresas, geradoras de empregos e sustentabilidade, devem ser pensadas no âmbito do referido "cluster", preferencialmente;
10. Fomentar uma cultura cosmopolita na ilha, no contexto de uma Sociedade de Conhecimento e do novo "sistema-mundo"; o desenvolvimento regional deve ser pensado no contexto global, em articulação com os países tecnologicamente mais avançados; é uma questão de transmissão espacial de conhecimentos, mas sobretudo de aquisição de novos hábitos e práticas culturais.
LIBERAL.SAPO.CV(NC)

CV(EXPRESSO):Presidências 2011: Jorge Carlos Fonseca não acredita que o MpD apoie um candidato estritamente partidário

Jorge Carlos Fonseca assume que o processo do projecto da sua candidatura às presidenciais de 20011 está numa fase avançada de avaliação com algumas deslocações ao exterior e visitas pelas ilhas. Apesar de "ter razões fortes" para acreditar que poderá contar com o apoio do MpD, JCF deixa claro que a candidatura é pessoal e a decisão é sua, "sem prejuízo de o apoio partidário". " Tenho-o procurado e tenho-o tido", confessa.
Expresso das ilhas - Porque quer ser candidato a Presidente da República?
Jorge Carlos Fonseca- Porque julgo ser capaz de contribuir para que, no futuro próximo, o país vença os desafios complexos que terá pela frente, o do desenvolvimento integrado e harmonioso das ilhas, o da defesa, mas igualmente da extensão e aprofundamento da democracia e do estado de direito constitucional num mundo rodeado de problemas como a criminalidade organizada, o terrorismo, os diferentes tráficos, que podem com naturalidade sugerir ou favorecer soluções de cariz autoritário. Porque me julgo capaz de vestir o «fato constitucional» desenhado na nossa Constituição, o de um moderador e árbitro do sistema político, que garanta sempre estabilidade política e social e não tenha a tentação de invadir espaços e territórios constitucionais de outros, o de um representante do Estado e da Nação, investindo pois nas funções de tudo fazer para realizar a unidade das ilhas e das comunidades espalhadas pelo mundo, de realizar a ideia de mátria cabo-verdina; de afirmar de vez o poder local democrático e de criar as condições para uma igualdade de oportunidades entre ilhas, concelhos e regiões. Enfim, porque julgo ter as condições políticas e pessoais para contribuir na realização do Estado democrático de direito mas também de cariz social que está plasmado na Lei Fundamental do país.
Não acha que começou cedo a corrida ao Palácio do Platô e se não vier a contar com o apoio do MpD será forçado, por razões de coerência, a correr sozinho até ao fim?
JCF - Não acho que é cedo. Tenho-me limitado a responder a convites de amigos, de grupos livremente constituídos para me incentivar a uma candidatura. Claro que eu não faço e não gosto de fazer o discurso de que está todo o mundo a incentivar-me, que tenho toda a gente atrás de mim a pedir-me..., não. Eu também tenho procurado, tenho trabalhado os contactos, porque sei que o trabalho é decisivo, um trabalho para me dar a conhecer melhor, para vencer um ou outro preconceito, uma ou outra ideia feita que não corresponda à realidade. Houve um factor novo que foi a revisão constitucional que veio separar a data das legislativas das presidenciais. Por isso, atrasei igualmente o timing de uma decisão definitiva.
Deixou há 12 anos a política activa e se o MpD decidir apoiar um militante do seu partido, avançará sozinho?
JCF - O MpD apoiar um candidato estritamente partidário? É um cenário que não posso excluir de todo, que tem toda a legitimidade, mas como já disse noutras ocasiões e ninguém poderá levar a mal que o diga, tenho razões fortes para crer que terei o apoio político do MpD. Porquê? Pela avaliação que faço dos contactos que tenho feito e tenho recebido.
A candidatura é pessoal,e a decisão é minha
De resto, respondo assim: a candidatura é pessoal e a decisão é minha, sem prejuízo de apoio partidário, mas também o da sociedade no seu todo, ser muito importante, ser muito relevante para o processo final de decisão.
Como decorre o processo da sua candidatura?
Jorge Carlos Fonseca - Neste momento estou num processo adiantado de avaliação de um projecto de candidatura presidencial, um processo de contactos, de diálogos, de reflexão, de resposta a um conjunto de convites a que tenho respondido positivamente aqui no país e nas comunidades emigradas. Convites para palestras sobre o 13 de Janeiro, sobre a democracia e a Constituição, nuns casos, noutros casos explicitamente como potencial candidato presidencial a solicitação por exemplo de estruturas do MPD ou de grupos espontâneos de cidadãos. Assim, estive já duas vezes em Portugal, mas também na Assomada, em Santo Antão, no Sal, na Praia, em Rotterdam e possivelmente até Junho irei à Brava, à Boa Vista, ao Maio, ao Fogo, à Guiné-Bissau... Confesso que tem sido uma dinâmica que me tem, empurrado neste processo, já que tem sido verdadeiramente surpreendente. A constituição, um pouco por todo o lado, de grupos de incentivo à candidatura é exemplo disso. Voltando à candidatura: é um processo que está amadurecendo na sua avaliação, um processo que parece avançado mas que não está ainda terminado. Evidentemente, como tenho dito, a decisão é individual. De acordo com o nosso sistema de governo que vem na Constituição o candidato não é partidário, é da cidadania. Mas naturalmente o apoio de partidos pode ser importante; não só de acordo com a Constituição, mas também de acordo com a nossa prática política. Portanto estou serenamente, com muita tranquilidade, sem qualquer tipo de pretensão de condicionamento de qualquer partido político, fazendo o meu trabalho, porque nessas coisas, se não se faz o trabalho próprio, nada feito... Não tem sentido estar à espera que um partido político nos carregue e nos ponha como candidato.
Nunca aceitaria ser "bombudo" por um partido
Aliás, devo dizer com frontalidade que não me sentiria confortável, nunca aceitaria ser, digamos, bombudo por um partido. A candidatura só adquire sentido se o candidato puder e tiver as condições de dar uma mais-valia, de acrescentar algo de seu, de seu mérito pessoal, de poder dizer que dois mais dois não são quatro, mas cinco, seis, oito ou vinte. É como tenho dito: o apoio do MPD é importante, pode ser muito relevante, por isso tenho procurado o seu apoio e tenho-o tido, confesso. Mas os apoios têm de ser procurados também, temos de trabalhar para merecer tal apoio e não ficar deitado à espera que ele caia do céu. É como tenho dito: o apoio do MPD é importante, pode ser muito relevante, por isso tenho procurado o seu apoio e tenho-o tido, confesso. Mas os apoios têm de ser procurados também, temos de trabalhar para merecer tal apoio e não ficar deitado à espera que ele caia do céu. Num remate diria que, entre nós, o endosso de uma candidatura por grande partido nacional é, senão decisivo, muito importante. Vejo, deste modo, uma espécie de partilha de responsabilidades entre a sociedade e os partidos políticos nessa escolha. Trata-se, em suma, de uma matéria com responsabilidade compartilhada.
Há quem, na área do MPD, veja na sua atitude uma forma de pressionar o partido, no seu timing, para decidir quem apoiar...
JCF - Nada disso, é mera aparência. Nos contactos com responsáveis do MPD, com seus militantes e simpatizantes nunca se pôs tal questão. Compreendo perfeitamente que o timing de um partido não seja exactamente igual ao que convém a um candidato sobretudo se ele não vier de dentro do aparelho. O partido pode ter variáveis outras a ponderar. É legítimo e aceitável. Mas tratando-se de candidatura presidencial no nosso modelo também é natural que ele possa ter o seu timing. Por exemplo, não é crível que nenhum candidato decida cinco meses antes de eleições...
Diz que os apoios não caiem do céu. Esses apoios têm sido dados ou tem havido dificuldades?
JCF - Na minha avaliação, posso estar enganado, e eu já dialoguei com muita gente, muitíssimos dirigentes, autarcas, personalidades, deputados nacionais e municipais do MpD e a percepção que tenho é de uma simpatia generalizada, muito generalizada até...
Mas naturalmente que tenho falado e sido contactado por pessoas sem partido, quadros, activistas da democracia, tenho contactado dirigentes da UCID, também personalidades, quadros e eleitores próximos do PAICV. É preciso que a pessoa avalie o percurso político que teve, mas sobretudo se tem condições políticas para suportar uma candidatura à mais alta magistratura da nação. Sobretudo se a pessoa entende que tem projecto de candidatura presidencial, se a pessoa tem condições para vestir o fato constitucional que está desenhado na Constituição da República.
Os candidatos a candidatos que se posicionaram até agora estão quase todos na política activa. Há já alguns anos que você se dedica exclusivamente à docência e à cidadania. É uma vantagem ou desvantagem?
JCF - Isto é uma avaliação que tem que ser feito pelos cidadãos, pelas instâncias da sociedade cabo-verdiana, já que, como referi, a candidatura presidencial não é de extracção partidária, ainda que o apoio dos partidos seja importante e decisivo em Cabo Verde. Mas isto tem a ver também com o perfil que os partidos políticos apreciarão no processo que terão de fazer para uma deliberação de apoio ao candidato que eventualmente apoiarão. Apesar de não estar neste momento ligado a nenhum partido político, fiz a actividade partidária desde os 16, 17 anos como militante na clandestinidade para a independência nacional, fiz a militância cívica e política activa para a instauração de uma democracia pluralista no país, em grupos como os "Ciclos cabo-verdianos para a democracia", a "Liga Cabo-verdiana de Direitos Humanos", depois fui fundador e membro de Governo do MpD. Portanto tenho um longo percurso ligado a partidos políticos e à política activa. Abandonei a actividade partidária activa no dia 18 de Fevereiro de 1998. É uma data que eu registo. O facto de eu não ser, neste momento, dirigente político e militante partidário... pode haver quem veja isso como desvantagem, mas também pode ser uma vantagem. Sobretudo porque, no sistema de Governo que nós temos na Constituição, a função do presidente da República não é ser chefe do Executivo, não é o de definir políticas governativas, mas é um papel de moderador do sistema político e uma pessoa que tenha condições políticas, culturais e pessoais para poder exercer uma magistratura de influência política e moral na sociedade cabo-verdiana.
"Não basta dizer: serei um PR de todos os cabo-verdianos"
Isto é, no exercício concreto da função presidencial, tem que ter algum distanciamento e condições para exercer o cargo com isenção e com imparcialidade, já que é o que lhe é pedido pelos cidadãos, pelos eleitores e que lhe é exigido pela Constituição. Portanto, creio que pelo facto de ter experiência dos partidos, ter experiência política fora dos partidos, de ter uma trajectória ligada à afirmação da democracia em Cabo Verde e de ter um percurso ligado às universidades, ao ensino, à cidadania e à democracia, pode ser um factor relevante para o exercício de um cargo que exige essa postura de distanciamento para que possa ser um presidente de todos os cabo-verdianos, dentro do país e fora do país. Não basta o discurso de que serei um PR para todos os cabo-verdianos. Isto qualquer um pode dizer. Fundamental é ter as condições políticas e pessoais para isso. E também para que se seja capaz de potenciar e reforçar as ligações entre as ilhas e as nossas diásporas e que possa também ser um presidente faça esse papel qualquer que seja a solução que os eleitores cabo-verdianos imponham através do voto popular nas eleições legislativas. Por isso tudo, é que tenho sempre presente que o Presidente é e deve ser inequivocamente um agente de promoção da cidadania democrática, um interlocutor privilegiado da sociedade e seus agentes.
Falando do nosso sistema semi-presidencial. Um partido ou partidos recebem nas urnas a legitimidade popular para governar e surge um presidente com o apito na boca. Não poderá também perturbar o jogo?
JCF - Não, o apito tem que existir sempre. O nosso sistema é um sistema de equilíbrio de poderes. O semi-presidencialismo é um sistema flexível, o nosso é uma modalidade que eu tenho chamado um semi-presidencialismo fraco apesar de, na última revisão constitucional, ter desaparecido o condicionamento de um parecer favorável de um Conselho da República para a dissolução do Parlamento em caso de crise institucional grave. Isso implica o reforço relativo dos poderes do presidente o que dá uma tónica mais forte a esse semi-presidencialismo. Chamaria a atenção para dois aspectos. O primeiro é que o sistema tem funcionado bem em Cabo Verde. Nós já estamos em 20 anos de democracia, a constituição vai fazer 20 anos de vigência e o país não conheceu nenhuma crise relevante. O país tem vivido com alternâncias do Governo, o país tem vivido com estabilidade política e governativa, o que quer dizer que o sistema provou que funciona e não se deve mexer no que funciona relativamente bem. Por outro, o sistema não está totalmente testado.
O sistema não está totalmente testado
Nós não tivemos ainda nenhuma experiência de governos de coligação ou de governos minoritários. Nem tem de ser necessariamente de maneira diferente. O povo é quem mais ordena. Sempre . Portanto, temos vivido com maiorias parlamentares muito fortes: 10 anos com maiorias qualificadas superiores a dois terços do MpD e duas maiorias absolutas do PAICV. O que quer dizer que o sistema precisaria ser testado eventualmente num quadro político diferente, em que, sobretudo, se exigiria que o presidente tivesse experiência, tivesse percurso e tivesse condições de exercer essa tal moderação, essa tal arbitragem do sistema político. O nosso sistema depende também um pouco do perfil do titular do cargo: ser mais ao menos interveniente, mais ou menos experiente, mais ao menos conhecedor dos meandros do sistema político e do sistema constitucional. É uma escolha que os cidadãos deverão fazer com ponderação, com avaliação e muita cautela, porque, contrariamente ao que, por vezes, surge de um ou outro actor político, de um ou outro sector da nossa imprensa, o papel do Presidente da República é extremamente relevante no sistema de governo. Daí que qualquer ideia, ou tentativa de relativização, de mitigação do papel do presidente é uma ideia errada e uma ideia perigosa.
A bondade de um sistema deve ser avaliado pela sua maior ou menor capacidade de enfrentar os períodos de crise. No caso de Portugal, Jorge Sampaio não se saiu lá muito bem ao nomear Santana Lopes primeiro-ministro para três meses depois dissolver o parlamento...
JCF -O que me está a dizer é uma avaliação que faz. Em Portugal essa avaliação foi feita de maneiras diferentes, consoante os sectores políticos e sociais. A dissolução do parlamento e a convocação de eleições naquela altura não foi nenhuma decisão que acolheu apoio unânime ou apoios críticos, a queda de Santana Lopes. Mas isso não implicou nenhuma crise insustentável no país. O país fez eleições, dessas eleições veio uma outra solução governativa e o país funcionou normalmente. Portugal tem, neste momento, o seu sistema a funcionar, normalmente com um presidente da República, saído de uma área política diferente da área do governo; Portugal tem um governo que não tem uma maioria absoluta no parlamento, gerando situações políticas que condicionam a acção governativa, mas as coisas funcionam, relativamente bem. É evidente, que não é salutar que um país viva num impasse político. Mas para isso é que há políticos, bancadas parlamentares, governos, presidentes e tribunal constitucional para que, quando houver problemas, eles sejam solucionados num quadro de regulação, constitucional e legal, legitimado pelo voto popular.
Podia traçar em 7 pontos o perfil de um bom presidente. O importante é ele ser democrata convicto seja ele jurista ou não?
JCF - No nosso sistema, estando nós em democracia, estando nós num Estado de Direito constitucional e precisando a democracia cabo-verdiana de consolidação e extensão, a primeira condição é que o presidente da República de Cabo Verde seja um democrata convicto, isto é, uma pessoa que acredite nas virtualidades do sistema democrático, que acredite no regime da democracia, que seja um defensor dos direitos liberdades e garantias individuais. Segunda condição, que conviva bem com a Constituição que nós temos e que seja uma pessoa que aceite o modelo de sistema do governo que está na Constituição. Não me parece adequado, por exemplo, que tenhamos um presidente ou candidato que conteste o sistema de governo vigente. Isto é, que ache que o sistema devia ser presidencialista, ou que o Presidente devia ter muito mais poderes. Ou seja, se há uma pessoa que quer ser presidente e acha que o presidente é um corta-fitas e que não tem poderes, não se deve candidatar. Isto é uma posição de coerência.
"Sou capaz de vestir o fato presidencial"
Um candidato deve dar-se bem com o sistema em vigor, sentir-se bem com ele. Como tenho dito, ser capaz de vestir o «fato presidencial» sem necessidade de ir ao alfaiate alargar a cintura ou encurtar a bainha. Um terceiro requisito: deve ter condições políticas e pessoais que permitam um distanciamento, em qualquer circunstância política, dos partidos políticos e tenha capacidade de moderação e de arbitragem do sistema político. Ele não pode ser, por exemplo, completamente refém de um partido ou de uma liderança.
Uma quarta condição, tem que ser uma pessoa com experiência política, com experiência de regulação de conflitos em política e que tenha alguma experiência de relacionamento no plano externo. O presidente é o representante da nação, é o representante do Estado, ainda que caiba ao governo a direcção da política externa, mas ao PR cabe um papel também relevante, enquanto representante do Estado no relacionamento com outros estados. Uma quinta condição, tem que ter conhecimentos, habilidade política, que lhe permita, como representante da nação cabo-verdiana, fazer uma boa ligação entre os cabo-verdianos residentes nas ilhas e os cabo-verdianos residentes na diáspora. De realizar progressivamente a ideia de Nação diaspórica. Uma sexta condição, seria bom que um presidente tenha um bom conhecimento do país, da sociedade cabo-verdiana, da cultura cabo-verdiana e que seja um factor de coesão nacional e de coesão social de maneira que os cabo-verdianos todos, nas ilhas ou na diáspora, qualquer que seja a sua origem insular, se sintam igualmente cabo-verdianos. Esta tarefa é essencial num Presidente num sistema como o nosso. Uma sétima condição, estar atento a fenómenos como o da extensão do Poder Local, da afirmação do Poder Local, do aprofundamento da descentralização e ao problema da regionalização.
Lê-se como o tipo ideal de Max Weber. Em Cabo Verde, quais dos candidatos a candidato está mais próximo de preencher estes sete requisitos?
JCF - Isto é uma pergunta tramada. Evidentemente que todas as pessoas que entenderem candidatar-se, e fazendo uma avaliação da sua condição de cidadãos cabo-verdianos, fazendo uma avaliação do seu percurso político, cultural, técnico e profissional, acham-se em condições de preencher esses requisitos.
"Não me sentiria bem como candidato único"
Depois o problema é de se submeterem ao veredicto popular e o povo cabo-verdiano escolherá o melhor candidato. Se eu avançar com a minha candidatura, para mim é até salutar que haja uma pluralidade de opções. Eu não me sentiria bem, por exemplo, como candidato único; nem candidato único às eleições presidenciais, nem potencial candidato único de uma determinada área política. Até para que os cidadãos, os partidos políticos, as associações, as instâncias da sociedade civil cabo-verdiana, os intelectuais e os quadros possam confrontar os candidatos, seus perfis, os projectos e os percursos. Repare, a sociedade cabo-verdiana de hoje é muito diferente daquela dos anos 90. O próprio tecido eleitoral é muito diferente. Os cabo-verdianos conhecerão os potenciais candidatos e saberão fazer a sua avaliação, qualquer que seja a sua área política. Uma coisa é certa: seria bom para o país, que o Presidente fosse alguém que visto por um cidadão comum dele não se dissesse, olha ele é da ilha tal, da região y ou z, nasceu no cutelo a ou b, mas sim se dissesse sem dúvidas, ele é de Cabo Verde.
Uma vez numa crónica disse que Cabo Verde precisa de um Mourinho. Acha que pode ser esse Mourinho?
JCF - (Risos...) Lembro-me disso, dessa expressão forte e imagética... Quis pretender que o país precisa de ser mais ambicioso, de não se contentar em fazer algumas coisas bonitas, mas dar um salto qualitativo, chegar a um desenvolvimento mais sustentado, mais equilibrado. Não nos chegam os rankings e as estatísticas que de vez em quando enchem o nosso ego, mas que apenas nos dizem que somos os melhores dos piorzinhos. Devemos ambicionar a muito mais, de forma a que os cabo-verdianos se sintam claramente com mais qualidade de vida, na educação, na cultura, na protecção do ambiente, no estado da sua democracia. Mas precisamos de Mourinho na governação... para Presidente talvez um Fabio Capello (risos...)
Uma questão que foi colocada ao também candidato a candidato, David Hoppfer Almada: o facto de ser poeta pode ser um trunfo na sua candidatura? Ou o poeta é um fingidor e não se deve levar muito a sério o que ele escreve?
JCF - Preferiria responder-lhe desta maneira: não é decisivo ser-se poeta ou amigo da poesia para se ser um bom político ou um bom Presidente. Por vezes até atrapalha.
"Ser mau poeta não ajuda nada"
Já vi de tudo, bons poetas que são maus estadistas ou políticos, maus poetas que foram maus Presidentes ou ministros, cultores da poesia autêntica que foram bons estadistas ou políticos. Mas um mau poeta não ajuda nada, creio. Melhor é não ser, então, poeta... Talvez sendo uma pessoa poeta autêntico, adepto da liberdade, da imaginação e da ambição nas metas... isso possa ajudar, mas como lhe digo nada está garantido nessa base (risos...).
Se não chegar ao Palácio do Platô como é que a vida irá continuar?
JCF - Como tem sido até agora. Não tenho, nunca tive qualquer obsessão presidencial ou outra na política. Se tiver de ser será, se não... tenho tanta coisa a fazer e por fazer, as aulas, livros por editar, a revista, o Instituto, a escrita, os amigos, a família, enfim... o problema é ter tempo para fazer tudo o que gostaria de fazer. Por isso, este projecto tenho-o abraçado com entusiasmo, mas com forte sentido de fair play, de serenidade.
AM, Expresso das Ilhas

HOLANDA:30 DE ABRIL DIA DA RAINHA

 FOTO:Dia 30 de abril de 2010
HAIA-Beatrix Wilhelmina Armgard van Oranje Nassau. Desde 1980 a rainha e símbolo da Holanda. A rainha Beatrix está acima de todos os partidos e une todo o povo holandês como chefe de Estado. “Ao aceitar o cargo, jurei carregar o respeito pela nação.”
Não foi fácil no começo. Tanto o seu casamento, pouco tempo depois da Segunda Guerra Mundial, com o alemão Claus (em 1966), como a sua posse como rainha – há exatamente 30 anos – causaram tumulto que foi ouvido muito além das fronteiras do país.
FOTO:Dia 30 de abril de 2010
Sem casa, sem coroação
Em 30 de abril de 1980 Beatrix fez seu voto como chefe de Estado, enquanto uma demonstração de ‘krakers’ gritava “sem casa, sem coroação”. Isso não mudou em nada sua convicção de reinar de maneira diferente de suas antecessoras.
Desde o início ficou claro que a nova rainha não tinha a característica ‘caseira’ que marcou o reinado de sua mãe, Juliana. Ela impôs, com seu estilo profissional, uma maior distância entre a monarquia e o povo. De acordo com ela, tem que ser assim, e assim continua sendo.
Beatrix queria ser endereçada como ‘majestade’ e não como ‘senhora’, como sua mãe. Ela selecionou os melhores conselheiros, tomando por base suas especialidades e não os vínculos de amizade. O desfile do Dia da Rainha no palácio Soesdijk, para ela muito folclórico, foi abolido e outras tradições foram valorizadas.
FOTO:Dia 30 de abril de 2010
Perfeição
A rainha também sempre  envolveu-se muito em questões substanciais. Visitas de Estado são preparadas até a perfeição, e nelas ela gosta de tratar de temas que vão muito além das cortesias. Isso fez com que, ao longo dos anos, ela conquistasse uma excelente reputação de ‘embaixadora’ da Holanda.
Mais que suas antecessoras, a rainha Beatrix sempre se manteve rigorosamente dentro dos limites constitucionais e elevou a imparcialidade a um nível profissional. Jamais alguém a viu defendendo uma posição pacifista, por exemplo, pelo qual sua mãe era famosa. Mas dentro de seus próprios limites, fez algumas inovações importantes.
A monarquia hereditária, por exemplo, foi fundamentalmente alterada, com absoluta igualdade de homens e mulheres ao trono. Amália, a filha mais velha do príncipe herdeiro Willem-Alexander, será a herdeira do trono mesmo que algum dia tenha um irmão.
FOTO:Dia 30 de abril de 2010
Rédeas mais soltas
A principal mudança é que a rainha Beatrix, que é conhecida por seu reinado rígido, soltou as rédeas no que diz respeito ao casamento de seus três filhos. Nenhum deles se casou com mulheres de monarquias estrangeiras. A casa real também  tornou-se mais ‘nacional’. Dos sete filhos de Beatrix e de sua irmã, princesa Margriet, apenas um é casado com uma estrangeira: o príncipe herdeiro Willem-Alexander, casado com a argentina Máxima Zorreguieta.
Quando no futuro Willem-Alexander, que é protestante, assumir o trono, Máxima se sentará a seu lado como rainha católica. Isso também é novo e mostra que Beatrix não é dogmática.
Penteado real
Devido à sua postura profissional e à distância cuidadosamente criada entre monarquia e povo, Beatrix permanece como figura impecável. Chega a ser chato. Por isso o povo comenta sobre as poucas coisas que ‘escapam’ a esta perfeição. Como o cabelo, sempre no lugar, que uma única vez se despenteou. Foi em 1999 quando a rainha estava em Curaçao para manifestar solidariedade às vítimas do furacão Lenny.
Quando Beatrix demonstra emoção, como após o grande incêndio na cidade de Enschede ou após o ataque ocorrido no Dia da Rainha de 2009, isso é muito apreciado. Mesmo se portando sempre de maneira imparcial, é justamente nos poucos momentos em que deixa transparecer suas emoções que Beatrix se torna realmente um fator de união nacional.
RNW-Por Conny van den Bor
FOTOS-AD/ANP

Vadu - Preta - Clipe

Mayra Andrade - Tunuka

Sara Tavares - Nha Cretcheu

Lura ( oh naia )

Cape Verde - Lura - Na Ri Na

Cidade Velha, Património Mundial

ENTREVISTA COM A DIVA DA MÚSICA CABO-VERDIANA CESÁRIA ÉVORA-Jornal I

 Cesária Évora: "Não me mexo em palco? Tenho os pés cheios de calos! Só se dançar com as mãos"
A Semana Online deixa-lhe aqui a entrevista que Cesária Évora concedeu à mais recente publicação diária portuguesa, o Jornal "i". O relato de uma conversa que mostra uma Cize irreverente e simpática a falar dos seus projectos para o futuro, da sua carreira no passado e no presente. E ficou-lhe bem responder que "não tem data para deixar de cantar". "Cize está bem: deitou para trás das costas o AVC de 2008. A voz é que está diferente: os especialistas notam que canta mais baixo no último trabalho - "Nha Sentimento". "Deve ser de tanto fumar", arremessa. Não diz quantos meios cigarros apaga no cinzeiro por dia. À nossa frente, à falta de SG Gigante, vale-se dos "pacotes" de Marlboro que comprara na Rússia. Oferece-nos um maço.
Foi sempre assim: simpática, brincalhona, bem-disposta. Falou abertamente de tudo, com a impressionante simplicidade que a define: da vida no passado, dos homens, da família, da carreira, do público, dos músicos amigos e rivais, de Portugal e Amália Rodrigues, do Mindelo, do que a espera no futuro. Ficou-lhe bem responder que "não tem data para deixar de cantar".
Cize gosta de estar à-vontade. Para que se sentisse em casa, a entrevista foi em crioulo, 24 horas depois de chegar da Rússia, onde realizou sete concertos em dez dias. A 8 de Maio actua no Coliseu dos Recreios ao lado de Bonga. É o "Encontro das Vozes", o seu único show este ano em Portugal: os médicos e o produtor convenceram-na a dar menos espectáculos. Quando lhe dissemos que em palco parece mais alta, desarmou-nos: "Minguei com a idade." São 68 anos. Uns eternos 68 anos, dona Cesária.
Tem noção do que as pessoas sentem quando a ouvem cantar?
Sentem o que sentem os cabo-verdianos. É na música que expressamos o que temos cá dentro. A letra diz tudo. Nas músicas que canto tento deixar todos os sentimentos do meu povo.
"Nha Sentimento" era para ser só mornas. Acabou por ter muitas coladeiras. Em vez de cantar angústias ou dores maiores, faz uma viagem em volta da satisfação, do contentamento, de um estado de graça com a vida. Acertamos?
Não. Tem mornas e coladeiras. Só que tem mais coladeiras, é mais para dançar.
Mas porquê mais coladeiras?
Foi o meu produtor. Ele é que tem essas lengalengas que eu não entendo.
Mas é a Cesária que escolhe as músicas...
Sim. Eu é que vejo as que quero cantar.
A música de que mais gosta no disco é "Verde Cabo di Nhas Odjos"?
Nem que tivesse olhos verdes! Não é das que mais gosto. As que mais aprecio são a morna da Tututa ("Sentimento") e "Vento Sueste" (de Manuel de Novas).
Neste disco há elementos da orquestra do Cairo. Mas há muito tempo que canta com os mesmos músicos a acompanhá- -la. É um trabalho de família?
Na verdade, somos mesmo uma família. Damo-nos todos bem, é como se fossemos mãe e filho, irmão com irmão. Mas como sou mais velha é mais uma relação mãe/filho.
Precisa cantar sempre com eles para sentir esse conforto?
Não é isso. Combinamos bem. É por isso que dura. Se houver algum desentendimento, o Djô [o produtor, José da Silva] toma a frente e resolve. Põe tudo no seu lugar. É assim.

Há uns tempos uma jornalista disse-lhe que a sua voz estava diferente e a Cesária respondeu que era a voz de uma pessoa que tinha 68 anos...
... 108 não, 68.
Eu disse 68.
Ah, pensei que tinhas dito 108 [gargalhadas sonoras]. Ó Deus! Deus queira que chegue lá! Não me parece...
Não?
Sou lá agora gente de ficar por aí a andar de bengala!
Mas há pior: gente que fica de cama...
... Está bem, mas eu não quero ficar nessa situação. Deus me defenda!
Voltando atrás: nós também notamos que a sua voz está diferente.
Deve ser de tanto fumar.
Quantos maços fuma por dia?
Não te quero dizer porque a Julieta [assistente de Cesária] está aqui. Depois digo-te ao ouvido, quando estivermos só nós os dois, mas não escreves.
Em 2008 apanhou um susto, com o AVC.
Foi na Austrália, no meio do palco. Mas foi fraco. Estava a cantar, senti a mão esquerda jote [sem reacção, em português], não estava a senti-la, e disse para comigo ai, ai. Contei ao Nando, que estava a tocar piano e não ouvia bem o que lhe estava a dizer. Depois passou, a minha mão ficou normal. Terminei o concerto e fui para o hospital.
Ficou internada quanto tempo?
Não me lembro [quatro dias, diz-lhe a assistente]. Os músicos vieram primeiro.
O que mudou no seu estilo de vida depois do susto?
Não me assustei. Encarei com normalidade. Quase não senti. Dou a Deus graças para não voltar a sentir o mesmo, porque se agora voltar leva-me de vez. Foi um sinal.

Nos cuidados com a voz, com a sua vida, mudou alguma coisa?
A voz está normal. A minha vida, claro, mudou. Queres que te diga tudo? Digo já [em tom de gozo]!
Vou-lhe dizer uma data para ver se me diz o significado: 15 Dezembro de 1994.
O dia em que deixei de beber.
Há muita gente que não acredita que foi quando deixou de beber.
Se não acreditam, é problema deles. Sabes porque é que não acreditam? Porque até hoje em todos os contratos está escrito que tenho de ter conhaque no camarim. Como antes tomava os meus copos, continuam a pensar que continuo a beber. Tenho lá as garrafas. Ora abro, ora ofereço aos amigos. Mas sem ser isso deixei de beber álcool.
O seu próximo concerto: a Cesária e o Bonga, "Encontro das Vozes". O que une os dois, o que há em comum entre Cabo Verde e Angola?
Nos anos 60, quando o Bonga foi a Cabo Verde não o conhecia pessoalmente. Depois comecei a trabalhar com o Djô Silva e tiveram uma ideia: eu e ele cantarmos "Sodade". Foi a única coisa que fizemos juntos. Mas a minha admiração por ele vem de antes. Ele foi o primeiro a cantar "Sodade". Depois fui eu.
É impressão nossa ou cada vez dá menos concertos? Está mais selectiva?
Não sou eu que tomo essas decisões. É o produtor. O Djô é que me diz: tal data tens X concertos.
Por si, cantava sempre?
Não. Eu e o Djô conversamos e ele perguntou-me se queria diminuir os espectáculos depois daquilo que aconteceu na Austrália. Disse-lhe que sim.
Regressou agora da Rússia. Como se explica que a música de Cabo Verde - e a voz de Cesária em particular - sejam apreciados nos pontos menos prováveis do mundo?
Cantei muito em Cabo Verde. Como vi que na minha terra nada caía do céu, em 1985 saí pela primeira e vim para Portugal gravar um disco da OMCV (Organização das Mulheres de Cabo Verde). Antes disso, o Frank Cavaquinho tinha levado uma gravação minha para a Holanda: saíram os meus primeiros singles. Depois gravei o segundo disco para um comerciante chamado João Mimoso. Em 1987, quando estava a cantar para o Bana no seu restaurante, apareceu o Djô que me pediu para falar com ele quando acabasse. Perguntou-me se queria ir a França cantar para a comunidade cabo-verdiana. Respondi que sim. Entretanto fui para Cabo Verde e voltei um ano depois a França. Depois veio o mundo, com o mesmo produtor com quem trabalho até hoje.
José da Silva: o salvador da sua carreira?
Deus é que o deixou aos meus pés, era qualquer coisa que estava à minha espera. E pronto, o meu sucesso começou em França. Não me lembro bem qual foi o primeiro pé que pus no chão de França. Mas parece-me que foi o direito [risos]. E o meu sucesso começou ali, em França.
Sente que o reconhecimento internacional deveria ter começado em Portugal em vez de França?
Não estava para começar aqui, não começou. Não tenho nenhuma mágoa com os portugueses. Tenho-os encontrado por toda a parte e eles dizem que gostam da minha música, portanto tudo bem. Não tenho mal para dizer.
É uma pessoa simples, que não liga nada à fama. O que a faz feliz?
A carreira brilhante que tive até aqui. Só isso chega para fazer um artista feliz.
O que é que a põe triste?
Se me morrer alguma pessoa, principalmente de família. Ou o desaparecimento de uma pessoa muito amiga. De resto, não trago tristeza comigo.
A sua mãe, dona Joana, era uma cozinheira de grande fama, a sua melhor amiga, a sua grande confidente...
... Não existe ninguém no mundo, não existe ninguém igual à minha mãe...
A morte da sua mãe foi o momento mais triste da sua vida?
É verdade. Sempre morei com ela, sempre gostei de viver com ela. Só fui morar sozinha depois dela morrer. Reconstruí a casa onde eu e os meus irmãos nascemos e pensava convencê-la a ir viver comigo. Não deu, não fui a tempo, ela morreu em 1999.
Estudou pouco. Fez a quarta classe num colégio de freiras, não foi?
Não, não cheguei a fazer. Não fiz a terceira, quanto mais a quarta [desdenha]! Estudei a segunda classe e nem fiz exame para passar para a terceira.
Não sente a falta dos estudos?
Faz falta. Quando somos novos por vezes não pensamos nisso. Mas depois crescemos e só lamentamos: se eu soubesse tinha estudado. Depois passa.
Do que mais se arrepende na sua vida?
Não me arrependo de nada e não penso muito no que vai acontecer. Deixo acontecer, espontaneamente.
É religiosa? Liga a Deus?
Sou. Católica de pé fincado. Não troco nenhuma religião por essa. Foram esses os meus princípios no orfanato e continuei com eles.
Dá muito valor à família. Tem dois filhos...
... Tive três. O segundo morreu, fiquei com o primeiro e o terceiro. O que morreu chamava-se Arlinda. O Eduardo é o primeiro, a Fernanda é o terceiro.
O pai do seu filho Eduardo é português. Ficou à espera de bebé com 17 anos. Ele veio para Portugal. Tenho uma dúvida: Eduardo era tropa?
Não. Era maquinista de um barco chamado Santo Antão, que tinha vindo de Lisboa. Voltou e fiquei à espera dele.
Nunca mais o viu. Gostava de o rever?
Para quê? O Eduardo está crescido. Já tem 50 anos. Mora comigo. E ainda não sei o que está a pensar fazer da sua vida. Agora está mais para França.
Gostou do pai da sua filha Fernanda, que veio jogar futebol para o Caldas da Rainha e foi perdendo o contacto com ele. Nunca mais o viu também?
É o Biduca. Uma vez, no princípio, quando veio para Portugal, ainda escreveu, mas depois perdemos o contacto um com o outro. Em 1985 veio-me visitar à Tilina, em São Bento [Cesária cantava na Tilina, uma casa onde se comia cachupa de madrugada]. Veio à minha procura à pensão onde estava, sentámos e falámos. Depois disso nunca mais o vi. Se me encontrar com ele, falo-lhe como amigo. Temos uma filha. Aliás, temos dois netos da Fernanda - o Adilson e a Janete. Já tenho até bisneto, tem um ano e tal. É o Luís Daniel. Trato-o como tratei os meus filhos e os meus netos.
Disse uma vez: "Chorar por um homem? Não, tenho um espírito muito forte, espírito de combate. Quando um homem me deixa vou logo à procura de outro. Se não ainda cria teia de aranha"...
... Fui eu que disse e mais de uma vez.
Tem namorado?
Não tenho. Às vezes vão aparecendo umas coisas, mas ainda não há nada claro. Tudo debaixo de capa enxuta [gargalhadas].
A Cesária não é muito de espalhafato. Uma vez vi o Ildo Lobo chamá-la ao palco com pompa e nem olhou para ele quando entrou. É por ser tímida?
Gosto de coisas simples. Não sou tímida.
Perguntas rápidas: qual foi o disco que lhe deu mais prazer fazer até agora?
Foram os que tiveram mais êxito: "Miss Perfumado" e "Mar Azul". Foi o pontapé de saída em França. Tenho uma data de discos de ouro, ganhei um Grammy na América, fui condecorada pelo presidente Chirac com a Legião de Honra de França.
O que faz aos prémios e discos de ouro: pendura-os na parede?
Tenho lá em casa para mostrar aos meus amigos, postos na parede para toda a gente ver. E o último, "Nha Sentimento", já ganhou um disco de ouro na Polónia.
Qual foi a música que lhe deu mais prazer cantar?
Gosto de todas. Cada uma na época em que a canto.
Qual é o melhor compositor cabo-verdiano, o seu tio B’Leza, Paulino Vieira...
... O meu tio é um dos melhores compositores cabo-verdianos de sempre. Do Paulino Vieira nunca cantei nada, acompanhou-me em tournées mas nunca cantei uma música dele. Não calhou. O Manuel de Novas é também um grande compositor. Frank Cavaquinho, Ti Goi... Não ponho nenhum à frente de outro.
Qual é o público que mais a entusiasma, para o qual gosta mais de cantar?
Em todos os concertos o público fica ali como se fosse minha família. Na última música peço-lhes para se levantarem e dançar e eles obedecem-me.
Há quem a acuse de se mexer pouco no palco.
Tenho os pés cheios de calos! Doem-me! Como é que eu vou dançar?! Só se for com as mãos... Faço um jeitinho, de vez em quando.
Cantou por todos os cantos de Cabo Verde, gravou para a Rádio Barlavento e a Rádio Clube Mindelo, cantou para os portugueses nos navios de guerra, e depois esteve dez anos sem cantar. Porquê?
De 1975 a 1985. Mi não, saturei-me e disse: já não canto mais, não vou a lado nenhum. Ficaram preocupados, deram-me por doente, até por morta. Eram tudo coisas de graça ou então uns dinheirinhos que não me tiravam da borda. Pensei: nada para nada é nada, então fico em casa.
Cantou no restaurante do Bana, gravaram os dois um disco e foi para os EUA em digressão com ele. Sabe que o Bana está muito doente?
Desejo-lhe melhoras.
Você e Bana: podemos chamar-vos as grandes estrelas de sempre da música de Cabo Verde? Ou só você é a grande estrela?
No feminino dizem que sou eu. Mas eu não digo isso a mim mesma. Não sou nenhuma rainha da música de Cabo Verde. Sou uma das cantoras de Cabo Verde. Mais nada. Digo consciente. Somos muitas.
Das vozes que por aí andam, qual é a que destaca?
Já cantei com a Lura, com a Maria Alice, com a Zenaida Chantre. Gosto delas todas como amigas. A melhor voz fica aqui dentro. Não vou dizer.
Ildo Lobo: qual é a mensagem que nos deixa para o seu desaparecimento?
Grande voz que perdemos. Encontramos sempre uma recordação num disco ou noutro. Mas deixa falta, queria vê-lo vivo. Era meu amigo.
Em Portugal é admiradora de Carlos do Carmo e Amália Rodrigues. Onde estava quando soube da morte da Amália?
Em França. Senti muito. Disseram-me que eu era uma pessoa que ela queria conhecer. Fiquei com aquilo na cabeça. Adoro-a, adoro-a, sou fã dela. Tenho quatro ou cinco discos dela.
Sabe o nome do Presidente de Portugal?
Cavaco Silva.
E do primeiro-ministro?
Deixa ver, deixa ver, deixa ver...
... José Sócrates.
Isso, Sócrates.
O seu clube em Portugal é o FC Porto. Porquê?
Porque em Cabo Verde sou Derby. Têm a mesma camisola. Por isso é que em Portugal sou FC Porto.
Como está Cabo Verde?
Estou habituada ao meu povo. Desde que nasci que cresço com eles. De política não falo porque não temos nada a ver. Quanto ao meu povo tento ajudar. Eu e o Djô Silva temos em São Vicente uma associação que auxilia crianças que tenham talento para tocar ou cantar. Sou embaixadora do Programa de Alimentação Mundial e vou ser também da UNESCO.
O que é que o Mindelo tem que nenhum outro lugar no mundo tem?
[Cesária responde com dois versos da morna "Ess Pais", de Manuel de Novas] Ess clima sabe qui Deus dône, ben conchê ess pais...
O que faz quando está em Cabo Verde: fica por casa? Ainda faz noitadas?
Sou de andar em noitadas. Tenho um condutor e só lhe digo: vamos embora. Onde gosto mais de andar é pela fralda [arredores do Mindelo]. Sem destino especial. Saio do Monte Sossego vou para a Belavista, saio da Belavista vou para a Ribeirinha, ando aquilo tudo.
Sempre abriu as portas da sua casa, sempre houve um prato de cachupa a mais para quem chegasse com fome. Ainda faz isso?
Para mim e bons de Deus. Mas falam de uma maneira que não é bem assim. Por exemplo: chegas a minha casa. Se for comer ou tiver alguma comida pronta, convido-te. Se disseres que sim, sirvo-te na hora. Não é porta aberta, apesar de alguns estrangeiros que não conheço já terem comido em minha casa. E tenho lá as minhas bebidas para servir os meus amigos.
O dinheiro não vale nada para si, a não ser para ajudar outras pessoas - é isso?
O meu dinheiro não é só para ajudar pessoas. Ainda estou a criar os meus filhos, netos e bisnetos e todos aqueles que consigo. Portanto, quase que o dinheiro não chega para tudo.
Dizem que é rica. No que investe o seu dinheiro?
Neste espírito bom que tenho. Há gente que me pede dinheiro emprestado e nunca mais paga. Não me chateio. O meu pensamento é: se a pessoa não veio ter comigo é porque não é séria. Pronto. Tenho uma casa para morar e está bom.
O Tito Paris em tempos criticou a falta de apoio do governo de Cabo Verde à cultura. A Cesária também sente isso - falta de apoio do governo?
Nunca me deram apoio. Quem me levou para fora de Cabo Verde foi o Djô Silva. É a ele que devo fineza. Mais ninguém.
Tem medo de morrer?
Para morrer basta estar vivo.

Uma vez disse antes de começar um espectáculo no Coliseu dos Recreios: "Chegou a hora de entregar a pele." Até que idade vai cantar?
No dia que for eu paro. Ainda não sei até quando cantarei.
Já a compararam com vários ícones da música. Billie Holiday....
... Uma vez em plena televisão houve uma jornalista que me chamou Amália Rodrigues. Disse-lhe que não, que estava enganada. Sou a Cesária Évora, de Cabo Verde. Sempre que me comparam com alguém eu digo que não, não me comparem.
Como é que quer ser recordada?
Como Cesária Évora. Mais nada. É esse o meu nome.
Cesária, obrigado.
Oiii, vou fumar dois cigarros de uma vez!
 In ASEMANA/JORNAL I
Fotos:Internet

PORTUGAL:Parlamento debate hoje situação financeira com o primeiro-ministro

LISBOA-O Governo escolheu a situação financeira e as medidas de execução do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para tema do debate quinzenal de hoje no Parlamento com o primeiro-ministro, que será aberto por José Sócrates.
O último debate quinzenal decorreu a 16 de Abril e foi aberto pelo CDS-PP, que elegeu como tema as políticas económicas e sociais.
A agência de notação financeira Standard & Poor's cortou terça-feira em dois níveis o rating de longo prazo da dívida portuguesa de A+ para A-.
Na sequência dessa decisão, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, solicitou uma audiência ao primeiro-ministro que se realizou quarta-feira de manhã.
No final do encontro, o primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou que o Governo iria antecipar a entrada em vigor de alterações ao subsídio de desemprego e avançar com auditorias e fiscalizações às prestações sociais.
Actualmente, o subsídio de desemprego corresponde a 65% do salário bruto do trabalhador e tem como limite máximo o valor de 3 Indexante dos Apoios Sociais (IAS - 419 euros vezes 3) e como limite mínimo 1 IAS (419 euros).
A proposta apresentada quarta-feira aos parceiros sociais não exclui a regra dos 65%, mas impõe que ninguém receba mais de 75% do salário líquido que tinha quando começou a receber subsídio de desemprego.
Na quinta-feira, na reunião do Conselho de Ministros, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, anunciou que o Governo está a identificar projectos de obras públicas que sejam menos prioritárias e que não constituam ainda compromissos assumidos pelo Estado para "aliviar" encargos financeiros.
Ao final da tarde, o ministro das Obras Públicas, António Mendonça, garantiu em conferência de imprensa que o comboio de alta velocidade (TGV) entre Lisboa e Madrid, o novo aeroporto e a terceira travessia do Tejo vão avançar e que será reavaliado apenas o projecto auto-estradas do centro.
No Conselho de Ministros, o Governo aprovou um reforço dos poderes do ministro das Finanças no controlo da admissão de funcionários públicos e utilização de saldos de entidades públicas, prevendo ainda cortes nos gastos com aquisição de viaturas e comunicações.
Teixeira dos Santos admitiu que, com os dados da execução orçamental do primeiro trimestre e a antecipação de medidas do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), poderá ser possível um défice inferior a 8,3% em 2010, meta prevista pelo Governo para este ano.
OJE/LUSA

GB:CONSERVADOR DAVID CAMERON VENCE TERCEIRO E ÚLTIMO DEBATE

LONDRES-O líder conservador David Cameron foi o vencedor do terceiro e definitivo debate eleitoral, dominado pela economia e pela imigração e realizado há apenas uma semana das eleições gerais britânicas, que se mostram muito concorridas.
Cameron, que lidera as pesquisas de intenção de voto, mas sem a maioria necessária para governar sozinho, se impôs pela primeira vez nas duas pesquisas imediatas divulgadas no fim do debate, à frente do líder liberal democrata, Nick Clegg, e do primeiro-ministro trabalhista, Gordon Brown.
De acordo com a primeira pesquisa, 41% dos 1.151 telespectadores interrogados pelo instituto YouGov para o jornal The Sun deram claramente a vitória ao líder da oposição conservadora, contra 32% que apoiaram Clegg e 25% que apontaram Brown.
Já a segunda, realizada pela ComRes para a rede de televisão IVW, também declarou Cameron vencedor, com 35% dos votos, à frente de Clegg (33%) e de Brown (26%).
O resultado também é bom para o jovem líder liberal democrata, que após sua inesperada vitória há duas semanas no primeiro dos três debates, se mantém na corrida a apenas uma semana das eleições.
Entretanto, é uma nova derrota para o primeiro-ministro, que via essa discussão centrada na economia, seu tema preferido, como a última carta na manga, sobretudo após a gafe cometida na última quarta-feira, quando um comentário depreciativo sobre uma eleitora aposentada foi captado por um microfone e atraiu todas as atenções.
Durante o debate, Cameron repetidamente rebateu as críticas de Brown sobre as políticas de seu partido no que diz respeito a economia e imigração, chamando-as de "cansadas" e "desesperadas", e afirmou que os Conservadores oferecem um novo começo após 13 anos de governos trabalhistas.
O primeiro-ministro precisava de uma brilhante aparição, após a gafe de quarta-feira, e não mediu esforços para diminuir a polêmica no início do debate em Birmingham.
"Há muitas coisas a fazer nesse trabalho e como vocês viram ontem, eu não faço tudo certo", afirmou. "Mas eu sei lidar com a economia, em tempos bons e ruins. Quando os bancos sofreram um colapso eu agi imediatamente... para evitar que a recessão virasse uma depressão". "Como resultado disso, o país está novamente no caminho da recuperação".
Brown afirmou que os planos Conservadores de cortar os gastos para reduzir o déficit público são um risco para a economia do país.
Quando o tema do debate se tornou a imigração - um problema muito evitado na campanha, até Brown trazê-lo à tona com sua gafe - Cameron e Clegg evitaram mencionar o incidente com Brown.
Em vez disso, o debate se focou na política Liberal Democrata de dar a cidadania para estrangeiros que vivem na Grã-Bretanha por mais de dez anos, cujos partidos Trabalhista e Conservador rotularam de "anistia" para imigrantes ilegais.
Brown afirmou que o plano de Clegg estava errado, enquanto Clegg acusou a proposta de um teto anual de imigração de desonesta, já que não incluía trabalhadores da União Europeia.
No final do debate, Brown destacou o perigo de uma coalizão formada por Cameron e Clegg, caso a eleição produza "a hung parliament" (um parlamento equilibrado) e tentou retratá-los como inexperientes.
"Eu não gosto de ter que fazer isso, mas eu tenho que falar para vocês que as coisas são muito importantes para ocorrerem políticas de risco com essas duas pessoas", afirmou.
Já Cameron, em seu discurso de encerramento, afirmou: "Se você vota no trabalho, você quer mais do mesmo. Se você vota nos Liberais Democratas, é incerto".
Ele completou prometendo que se o eleitor votar nos Conservadores na próxima quinta-feira, "você pode ter um novo governo fazendo uma mudança limpa, levando nosso país em uma nova direção e trazendo as mudanças que precisamos".
© ANP/AFP

LIGA EUROPA:At. Madrid perde em Liverpool (1-2) mas está na final


Noite de festa para o português Simão Sabrosa, para o ex-portista Paulo Assunção e para Quique Flores, ex-treinador do Benfica. O At. Madrid apurou-se para a final da Liga Europa apesar da derrota sofrida em Liverpool (1-2).
Os colconheros beneficiaram do golo marcado fora de casa, já que na primeira mão da meia-final tinha vencido, em casa, por 1-0.
Não bastaram 90 minutos para determinar quem acompanha o Fulham na final da prova. A partida chegou ao final com a vantagem por 1-0 do Liverpool, mercê do golo de Aquilani, aos 44 minutos.

No prolongamento, Benayoun levou o estádio de Anfield à loucura quando marcou o 2-0, aos 95 minutos, mas ainda na primeira parte do prolongamento (103) Diego Forlan marcou o golo que carimbou o passaporte da equipa de Madrid para a final.
Fulham destrói sonho do Hamburgo
O Hamburgo não vai disputar a final da Liga Europa em sua casa, depois de ter sido derrotado esta quinta-feira em Londres pelo Fulham, por 2-1 (na primeira «mão» o marcador tinha ficado a zero).
A formação alemã, que no início da semana demitiu o treinador Bruno Labbadia, até marcou primeiro, num livre directo apontado pelo croata Mladen Petric, aos 22 minutos.
O Fulham passou então a precisar de marcar dois golos para protagonizar a reviravolta no eliminatória, que vieram a surgir num curto espaço de tempo no decorrer da segunda parte. Primeiro por Simon Davies (70 m), depois através do húngaro Zoltan Gera (76 m). Os Cottagers, actualmente na 12.ª posição da Liga inglesa, garantiam a primeira presença numa final europeia.
ABOLA.PT