domingo, 25 de abril de 2010

REINO UNIDO:TRABALHISTAS ACELERAM CAMPANHA

LONDRES-Com valores decepcionantes nas sondagens, Brown ainda tem hipótese de eleger mais deputados.
A campanha das legislativas britânicas entrou na recta final e o primeiro-ministro Gordon Brown, desiludido com as sondagens, deverá mudar de estratégia. Os trabalhistas continuam em terceiro, mas o sistema eleitoral está a seu favor. Os conservadores continuam à frente, mas um governo chefiado por David Cameron parece cada vez mais ilusório.
Apesar da perspectiva de vitória em número de deputados, a campanha trabalhista está a revelar-se um desastre, com o partido em terceiro nas preferências dos eleitores. Brown admitiu ontem que vai "acelerar o ritmo", procurando temas mais próximos das preocupações das pessoas. Em privado, o primeiro-ministro diz que a campanha está demasiado centrada nas personalidades. No segundo debate na TV, essa ideia foi incluída na sua declaração inicial.
Muita coisa pode acontecer em duas semanas, mas tudo indica que o Reino Unido caminha para um parlamento suspenso. Segundo uma sondagem YouGov publicada ontem, os conservadores têm 34% das preferências eleitorais, enquanto trabalhistas e liberais-democratas estão empatados, com 29%. Outro inquérito dava aos três partidos, respectivamente, 39-28-29. Mas há estudos que dão aos trabalhistas 26%.
Traduzida em deputados, a primeira sondagem equivale a 276 eleitos para os trabalhistas, 250 para os conservadores e 93 para os lib-dem. Mesmo os números mais negativos para os trabalhistas dão possíveis vitórias para o partido de Brown. No entanto, os valores devem ser lidos com cautela, pois as sondagens não incluem margens de erro. Por outro lado, a tradução de percentagens em lugares é feita por um método rudimentar, com erros importantes.
A eleição tornou-se renhida após o primeiro debate televisivo, dia 15, que levou a uma forte subida dos lib-dem, devido ao excelente desempenho do seu líder, Nick Clegg. O partido liberal subiu dez pontos percentuais nas sondagens a nível nacional, embora isso não signifique um aumento extraordinário de candidatos eleitos para o parlamento. Mas Clegg alterou os dados da eleição, tirando muitos votos aos trabalhistas, embora analistas mais ligados à esquerda digam que o eleitorado trabalhista é sólido.
O segundo debate televisivo, na quinta-feira, foi menos importante do que o primeiro, criando menor variação nas intenções de voto. As sondagens realizadas logo após o programa deram a vitória a Cameron, mas nos últimos dois dias o Partido Conservador ganhou apenas um ponto percentual nas preferências nacionais. Mas se quiser vencer Cameron precisa de muito mais do que 34%.
A situação política pós-eleitoral é uma incógnita e os líderes não estão a dar muitas pistas. Os trabalhistas falam em "risco" se as escolhas não forem "as certas". E os conservadores tentam alertar para os efeitos nocivos de um parlamento suspenso (hung parliament), dada a falta de tradição na negociação de coligações. Ontem, o porta-voz conservador para a economia, Kenneth Clarke, afirmava numa entrevista ao Daily Telegraph que os conservadores não estarão prontos a colaborar com os lib-dem se estes não aceitarem o plano de austeridade defendido por Cameron.
A alternativa, uma coligação entre Brown e Clegg, pode esbarrar com um problema político fundamental: os lib-dem terem mais votos e menos deputados do que os trabalhistas. Para evitarem esse cenário, parece que os conservadores terão de subir mais um bocado nas sondagens.
DN.PT-POR LUÍS NAVES

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