sexta-feira, 21 de maio de 2010

MALAWI:Casal homossexual condenado a 14 anos de prisão

ONG denunciaram decisão. Monjeza, de 26 anos, e Chimbalanga, de 20, são culpados de "indecência" e "actos não naturais"
"A pena a que vos condeno destina-se a meter medo de forma a proteger o público de pessoas como vocês para que não sejamos tentados a reproduzir este exemplo horrível." Foi com estas palavras muito duras que o juiz malawiano Nyakwawa Usiwa Usiwa anunciou a condenação a 14 anos de prisão de um casal homossexual. Presos desde Dezembro por "indecência" e "actos não naturais", Steven Monjeza, de 26 anos, e Tiwonge Chimbalanga, de 20, foram também condenados a trabalhos forçados.
"O Malawi não está preparado para ver os seus filhos casarem com os seus filhos", acrescentou Usiwa, após a leitura da sentença.
Monjeza e Chimbalanga conheceram-se numa igreja nos primeiros meses de 2009 e viviam juntos há cinco meses quando decidiram oficializar a sua relação. Dois dias depois da cerimónia, os dois foram detidos. No Malawi, não só a homossexualidade é proibida, como a sodomia pode ser condenada com 14 anos de prisão.
Depois de se terem declarado inocentes durante o julgamento, Monjeza e Chimbalanga não manifestaram qualquer reacção durante a leitura da sentença. Os dois foram depois rapidamente transferidos para a prisão.
A decisão do tribunal foi fortemente condenada pelas organizações de defesa dos direitos humanos. A Amnistia Internacional denunciou o tratamento a que os dois condenados têm sido sujeitos, no qual se incluem várias agressões por parte da polícia.
Os líderes religiosos neste país de maioria cristã (perto de 80% dos 15 milhões de habitantes) apoiaram a decisão do Governo, afirmando que a homossexualidade "é um pecado". Para eles, o Ocidente não devia usar a sua influência financeira para obrigar o Governo de Lilongwe a aceitar as uniões entre gays.
O Malawi depende dos doadores para 40% do seu orçamento. Apesar de lamentar a decisão do tribunal, o Reino Unido, ex-potência colonial, não retirou a ajuda financeira.
Ainda considerada ilegal em 38 países africanos, a homossexualidade continua a ser um tabu em grande parte do continente. Os activistas temem que esta decisão do Malawi tenha vindo abrir um precedente, incentivando outros governos a perseguir judicialmente os casais gays.
DN.PT

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentar com elegância e com respeito para o próximo.