sexta-feira, 30 de julho de 2010

CV:ESTADO DA NAÇÃO EM CABO VERDE-ARTIGO DA AGÊNCIA LUSA/OJE

PRAIA-O primeiro ministro de Cabo Verde disse hoje, na discussão sobre o Estado da Nação, no Parlamento, que os cabo-verdianos vivem actualmente com mais qualidade de vida, maior liberdade e mais democracia.
Na abertura do último debate sobre o Estado da Nação desta legislatura, José Maria Neves fez o balanço dos dez anos de governação e salientou que o país fez "grandes progressos", admitindo que ainda há constrangimentos que o executivo está a esforçar-se por solucionar.
"Sabemos que há enormes desafios, como a pobreza, que atinge muitos cabo-verdianos, e o desemprego, demasiado elevado. Há muitos problemas a resolver, como a produção de energia e água, ainda insuficiente. Temos de garantir transportes marítimos mais eficientes, melhorar o estado do saneamento e do ambiente", apontou.
Segundo José Maria Neves, apesar desses desafios, o país tem avançado a vários níveis e é um "dos dois únicos países africanos prestes a alcançar os "Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM)", que tem "uma visão de futuro e não vê alternativas" à governação.
O chefe do executivo disse ainda que o seu governo "aprofundou" a democracia e "assegurou" a boa governação, fez "grandes mudanças" na justiça, "expandiu" a base económica, "promoveu" o desenvolvimento do sector privado e do empreendedorismo e tem "apostado grandemente" na melhoria do rendimento e do bem-estar das famílias.
"Recentemente, e em plena crise, tomamos importantes medidas, incluindo a redução da carga fiscal, para aumentar os rendimentos das famílias", assegurou José Maria Neves, indicando para a próxima legislatura a fixação de um salário mínimo nacional e a atribuição do 13.º mês de salário para os funcionários.
Por sua vez, o vice-presidente do Movimento para a Democracia (MpD, o maior partido da oposição), Jorge Santos, acusou o governo de esconder de "forma escandalosa a derrapagem nacional", salientando que José Maria Neves, na sua intervenção, "falou de um país imaginário, pintado de rosa".
"Este é um governo virtual. É preciso falar a verdade aos cabo-verdianos e o governo precisa, urgentemente, de pôr os pés na terra", disse, acusando ainda o chefe do executivo cabo-verdiano de ter "endividado o país".
"Aumentou a dívida pública para níveis perigosos, mas foi alegremente fazendo estradas por ajuste directo com custos exorbitantes, beneficiando meia dúzia de empresas estrangeiros, quando o sector da construção civil passa por uma das maiores crises dos últimos anos. O seu modelo está esgotado, não cria emprego, não dinamiza a economia e não dá rendimento às pessoas", afirmou.
Quanto às crises de energia por que passa o país, Jorge Santos acusou directamente José Maria Neves de estar "a falhar para com a Nação", "patrocinando largas horas de apagão", e apresentou algumas ideias do MpD na área económica, caso vença as eleições legislativas do início de 2011.
"Criaremos condições favoráveis ao investimento. Produzir serviços e bens de qualidade. O país tem de conseguir vencer a matriz estatizante que o primeiro-ministro tenta impor de novo. Tem de criar um ambiente de negócios promotor das empresas e do mercado, reformar os mecanismos de financiamento e incentivar as empresas mais ambiciosas a atingir a dimensão crítica para que possa competir à escala global", disse.
O presidente da União Cabo-Verdiana da Independência Democrática (UCID, oposição), António Monteiro, também deu nota negativa ao Governo de José Maria Neves, sublinhando que Cabo Verde é o "país possível que o PAICV dá aos cabo verdianos". "Temos de suportar esta carga até às eleições", rematou.
A gestão da Electra, companhia de produção de água e energia, tecnicamente falida, também foi alvo de críticas de António Monteiro, que defendeu ser necessário fazer o saneamento financeiro da empresa.

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