quarta-feira, 16 de março de 2011

CV:Crises internacionais podem levar riscos para Cabo Verde, diz BCV

PRAIA-O governador do Banco de Cabo Verde (BCV) admite que as crises económicas existentes em várias regiões do mundo estão a provocar riscos e incertezas, sobretudo pela aceleração dos preços internacionais dos produtos alimentares e do petróleo.
Carlos Burgo, que falava na apresentação do relatório Cabo Verde Economic Outlook, elaborado pelo Banco Espírito Santo e pela sua filial cabo-verdiana BESCV, salientou que a conjuntura económica dos principais parceiros do arquipélago pode afectar o investimento externo e o turismo, que sofreram uma "queda abrupta em 2010".
As transferências oficiais e as remessas dos imigrantes, as outras duas principais fontes de receita do país, tiveram um "comportamento positivo", disse Carlos Burgo, advertindo, porém, que os países parceiros de Cabo Verde estão obrigados a "executar um severo programa de consolidação orçamental".
Por outro lado, entre os "riscos e incertezas", Carlos Burgo realçou a instabilidade dos mercados financeiros, "longe de ser ultrapassada", decorrentes da crise nos mercados da dívida soberana, em particular na Zona Euro, com a qual Cabo Verde tem um acordo cambial, cuja sustentabilidade e paridade do escudo cabo-verdiano é garantido por Portugal.
Nesse sentido, apontou os "grandes desafios" que Cabo Verde enfrenta no horizonte próximo, que passam pelo desenho de uma "estratégia adequada de saída da política orçamental fortemente expansionista", de forma a garantir a sustentabilidade das Finanças Públicas.
Actualmente, Cabo Verde tem um défice público de cerca de 13% do Produto Interno Bruto (PIB), percentagem quatro vezes superior ao estimado como limite na União Europeia (UE), mas justificado pelo governo cabo-verdiano pela forte componente de investimento público através de empréstimos concessionais.
A ministra das Finanças cabo-verdiana, Cristina Duarte, lembrou recentemente que as contas estão dentro da sustentabilidade da dívida e que foram devidamente analisadas e aprovadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Carlos Burgo salientou também que outro dos desafios é a redução da taxa de desemprego, situada oficialmente também nos 13%, mas que a oposição defende ascender a quase 23%.
Nesse sentido, o governador do BCV defendeu que a redução do desemprego passa pela melhoria das condições de empregabilidade, tanto do lado da oferta como da procura.
Outro dos desafios enumerados por Carlos Burgo é a capacidade de elaborar "estratégias competitivas concertadas" para potenciar o desenvolvimento dos sectores do turismo, financeiro, pescas, pequenas indústrias, transportes e comunicações.
Por outro lado, defendeu o combate à informalização da economia, criticou as "limitações" das leis laborais e o ónus parafiscal de 25%, defendendo, neste último caso, a redução para 10%, de forma a melhorar as defesas das pequenas e médias empresas.
Carlos Burgo, no entanto, considerou "positivo" o desempenho financeiro de Cabo Verde ao longo da crise internacional, quer na vertente do financiamento da economia quer na da estabilidade do sistema e da banca, que tem, porém de baixar as taxas de juro.
http://www.oje.pt/noticias/africa/crises-internacionais-podem-levar-riscos-para-cabo-verde-diz-bcv

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