segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CV(ASemana):Festival de Batuco e Danças Africanas no Tarrafal 28 Novembro 2011

A cidade do Tarrafal vai receber a 6ª edição do Festival de Batuco e Danças Africanas. Com mais de trinta grupos de batuco provenientes de toda a ilha de Santiago, a organização – liderada pela Associação Delta Cultura – salta uma vez mais ao terreiro para preservar esta tradição, que está na origem da vida deste povo crioulo.

Os shows estão divididos entre os dias 3 e 4 de Dezembro – sábado e domingo.Criado em 2006 a partir de um projecto-piloto, o Festival de Batuco regressa este ano ao Tarrafal. Dando continuidade a um esforço que procura fincar o batuque nos novos tempos destas ilhas que não param de buscar a sua génese, a organização faz passar pelo palco várias centenas de convidados, entre batucadeiras e dançarinos, num movimento de sons, e evoluções ritmadas que se arrastará por todo o fim-de-semana.

Além da sua faceta dinamizadora, cultural e turística, este festival engloba, desde a sua génese, uma perspectiva maior: a da cultura “como um motor central para o desenvolvimento de uma sociedade madura, o que permite a realização e partilha de processos sociais”, refere a própria associação.
É aqui que se inserem dois dos processos mais visíveis desta iniciativa, promovendo a interacção entre os vários grupos dinamizadores da música tradicional cabo-verdiana, reinventá-la e revivificá-la e no tecido social, entre crianças e jovens, sobretudo.
É que, historicamente, o batuco é apontado como o género musical mais antigo do arquipélago, trazido para as ilhas pelos escravos do continente africano, que, com as suas diversas proveniências e diferentes especificidades culturais, acabaram por transmitir a simbiose quase perfeita da humanidade que é este Cabo Verde.
O cenário continua a ser o “terreru” – esteja este no quintal ou na praça – e o “galion” é o seu primeiro movimento. Face à ausência de instrumentos, o seu lado melódico está do lado da voz, da cantora profetisa – a solo – ou das cantadeiras de campanha, que cantam os seus provérbios improvisados com aquilo que a vida lhes dá no quotidiano, o chamado “finaçon”. As pernas marcam o ritmo forte do batuco e o requebrar das ancas o “kutornu”, tudo numa espiral crescente até ao clímax orquestral, até à “txabeta”.
Nos dias de hoje, isto depois de sobreviver à perseguição das autoridades coloniais e religiosas e de se desenterrar o esquecimento a que foi votado –, o Batuco volta a pisar terra firme. Não obstante algumas mudanças nas novas composições – e que o aproximam de outros géneros musicais cabo-verdianos – a sua matriz tradicional mantém-se, tal como a sua importância para a consolidação de uma consciência cultural por parte da população do país. E esta 6ª edição do Festival é disso a prova viva.

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