sexta-feira, 27 de abril de 2012


HAIA-A situação política na Holanda, com um governo interino minoritário colocou um fim a muitas das iniciativas prévias do governo, incluindo alguns aspectos da política exterior holandesa.

Geert Wilders e o seu Partido da Liberdade (PVV) apoiaram o governo em troca de ter algumas de suas políticas implementadas. Agora que Wilders retirou o apoio ao gabinete, esse está livre de apoiar suas medidas.

O que Wilders queria
O Ministro da Imigração, Geerd Leers, por exemplo, já anunciou que vai parar de pressionar por políticas mais restritivas na União Europeia no que diz respeito à reunião familiar. O Ministro do Interior retirou seu apoio à nova lei, impulsionada por Wilders, em colocar restrições a cidadãos holandeses que possuem dupla nacionalidade.

Há uma política similar na área de ajuda ao desenvolvimento. Como parte de um corte orçamentário anterior, a ajuda ao desenvolvimento havia sido cortada de 8% para 7% do PIB, o que representa cerca de um bilhão de euros a menos. Geert Wilders insistiu em outro corte da mesma medida durante a recente negociação para mais um corte no orçamento. A nova redução não acontecerá, embora a primeira já tenha sido implementada e não possa ser revertida.

Wilders na oposição
Por sua vez, Geert Wilders está agora livre para se opor aos aspectos da política externa que ele havia apoiado taticamente para manter esse governo no poder. Uma dessas políticas é a venda à Indonésia de dezenas de tanques Leopard que o exército holandês não utiliza mais. O PVV sempre foi contrário à venda, mas não poderia bloqueá-la. Agora que ele faz parte da oposição, quer garantir que a venda não seja aprovada.

Além disso, a participação holandesa no programa Joint Strike Fighter, com a aquisição do segundo avião de teste, está agora incerta.


Relações mais amistosas

Relações com diversos países serão certamente mais amistosas agora que o PVV voltou a ser oposição. Diversas vezes, Wilders havia insultado as autoridades turcas, mais recentemente durante uma visita de Estado do presidente Abdullah Gul. O partido de Wilders criou um website no qual era possível deixar queixas contra imigrantes poloneses, o que aumentou a ira da Polônia e outros países na Europa do Leste.

A Holanda também bloqueou a admissão da Romênia e da Bulgária entre os países da Zona Schengen. Ainda não está claro se a queda do governo irá mudar o ponto de vista holandês.


Europa

O acordo orçamentário fechado rapidamente por cinco partidos na quarta e quinta-feira já faz com que exista uma pequena preocupação que a Holanda não será mais um defensor da disciplina de orçamento na Europa. O acordo tem como objetivo fazer com que o orçamento holandês para 2013 esteja abaixo da norma deficitária de 3% colocada por Bruxelas.

Agora a Alemanha, em particular, está preocupada que a Holanda não vá prosseguir defendendo as medidas de austeridade, ou pelo menos, não mais de maneira ardente. A chanceler alemã Angela Merkel já advertiu a Holanda para fazer os ajustes orçamentários rapidamente. O parlamento holandês parece ter ouvido o aviso.

Toda a atenção se voltará para a Holanda quando dos debates parlamentares para a ratificação dos Mecanismos Europeus de Estabilidade, um fundo permanente, agendado para ser estabelecido em julho. A maioria no parlamento apóia o fundo, mas a quota holandesa de investimento nesse fundo é de 40 bilhões de euros – uma quantia que alguns políticos podem se recusar a aprovar, de olho nas próximas eleições.

A Holanda teve governos interinos por quase dois anos na última década, o que significa que essa situação política não é desconhecida. Ainda assim, esse governo interino é diferente: não possui a maioria dos assentos no parlamento.
Por John Tyler
http://www.rnw.nl/portugues/article/mudan%C3%A7-na-pol%C3%ADtica-exterior-holandesa

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