quarta-feira, 13 de junho de 2012

Jorge Carlos Fonseca : "Há responsabilidade moral de Portugal na procura de uma solução para os cabo-verdianos de São Tomé"


Para o presidente cabo-verdiano, que respondia a uma questão colocada por um aluno filho de cabo-verdianos, num encontro com estudantes do Núcleo de Estudantes Africanos da Faculdade de Direito de Lisboa, "é preciso envolver outras autoridades no problema dos cabo-verdianos de São Tomé". Jorge Carlos Fonseca apontou Portugal como uma das partes para a resolução deste problema histórico, referindo-se à "responsabilidade moral" deste país em todo o processo.
O presidente referiu-se ao caso de São Tomé e Príncipe como "a emigração mais sofrida". "Tem sido feito alguma coisa por parte das auridades cabo-verdianas na medida do possível, mas não é suficiente."
Fonseca lembrou que não tem funções de governação e que está a programar uma visita de trabalho a São Tomé e Príncipe, "para me aperceber melhor deste problema e ter encontros com as autoridades santomenses."
Inserido no programa da sua visita oficial a Portugal, Fonseca foi recebido pelo director da Faculdade de Direito de Lisboa, Eduardo Vera-Cruz, filho de cabo-verdianos (neto do Senador Vera-Cruz) - e por outros professores, entre eles o constitucionalista Jorge Miranda -, que atribuiu uma medalha ao presidente cabo-verdiano, o primeiro docente da história da Faculdade a tornar-se Presidente da República.
Por seu lado, o presidente retribuiu oferecendo à Faculdade uma medalha comemorativa dos vinte anos da Constituição cabo-verdiana.
Jorge Carlos Fonseca apresentou uma comunicação sobre "África: Os Desafios da Democracia e do Desenvolvimento", confrontando os progressos da globalização com o desemprego crónico no mundo, o aumento da pobreza e a perda da qualidade de vida das classes médias, terminando na avaliação "pouco substancial" para a maioria dos habitantes do continente africano.
No que respeita à democracia, o presidente cabo-verdiano apontou a Guiné-Bissau, o Mali, o Sudão do Sul e a Somália como os mais recentes exemplos de resistência e interrupção nos processos democráticos e da desumanização das sociedades.
Na sua opinião, "transitamos de um certo pessimismo para um relativo optimismo, fruto da sincera convicção de que ainda há a possibilidade de uma outra realidade", disse. "O caminho", adiantou, "é fazermos parte da solução e cada um de nós se assumir como agentes de mudança", concluiu.
Seguiu-se depois um encontro informal com alunos do Núcleo de Estudantes Africanos da Faculdade, que confrontaram o Presidente da República com questões sobre a autorização de residência,  a posição de Cabo Verde face à situação na Guiné-Bissau, a dificuldade em pagar as propinas e até sobre o seu passado trotskista.
JA

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentar com elegância e com respeito para o próximo.