segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

CV:2012: O “ANNUS HORRIBILIS” DE JOSÉ MARIA NEVES


Ilusionismo e propaganda expostos ao mundo… 
O próximo ano não será melhor, pelo contrário. Ao crescente isolamento político virá a juntar-se a explosão do barril de pólvora social cuja mecha é o próprio orçamento de Estado para 2013, que contempla o maior aumento de impostos da história de Cabo Verde
O Primeiro-ministro já deixou de ter espaço de manobra: a torneira da ajuda internacional está a secar e as possibilidades de acesso ao crédito a afunilarem...
O Primeiro-ministro já deixou de ter espaço de manobra: a torneira da ajuda internacional está a secar e as possibilidades de acesso ao crédito a afunilarem...
Praia, 31 dezembro 2012 – Chegado ao fim deste ano, José Maria Neves não tem razões para estar satisfeito. Para além de pesada derrota nas eleições autárquicas de 1 de Julho, o Primeiro-ministro começou a sentir, pela primeira vez em 12 anos de governação, que a estrela protetora, aos poucos, foi perdendo o brilho, trazendo a contestação para as ruas e vendo-se até afrontado por membros do seu próprio partido.
Transportando do ano precedente (2011) a suprema humilhação da derrota nas presidenciais, que colocou no Palácio do Plateau um Presidente que não é um “yes man” do Palácio do Governo, José Maria Neves experimentou os amargos de boca de quem, sustentando as suas políticas na prestidigitação e na propaganda, vê o seu mundo ilusório expor-se publicamente e revelar a triste realidade: a “Agenda de Transformação” não passa de um truque de ilusionismo de feira que, cada dia que passa, abre brechas profundas na credibilidade do Primeiro-ministro. E o balanço de 2012 é a prova da falência das políticas do PAICV.
AUMENTARAM AS DESIGUALDADES SOCIAIS
Com o aumento do desemprego, com o congelamento salarial e o aumento dos preços, o poder de compra dos cabo-verdianos desceu a pique, colocando mais famílias no limiar da miséria, já que o salário é a sua principal fonte de rendimento.
COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DIMINUIU
Cabo Verde ocupa posição na cauda dos índices de competitividade a nível global. Num conjunto de 144 países avaliados, o nosso emparceira com os 22 países menos competitivos do mundo e, a fazer fé nas declarações do próprio ministro, iremos perder competitividade turística por razão do Orçamento Geral do Estado para 2013.
PERDA DE ESTABILIDADE MACROECONÓMICA
Somos um dos países com mais elevado défice orçamental, sendo que apenas seis deles têm pior desempenho que Cabo Verde. E somos, de igual modo, um dos países com maior dívida pública, estando apenas à frente de 23 outros.
MENOS INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO
Enquanto na região oeste africana o fluxo de Investimento Direto Externo (IDE) aumentou substancialmente, em Cabo Verde tem vindo a regredir, particularmente desde 2008. Uma decorrência da falta de competitividade do país. As causas são evidentes: prioridades erradas, incapacidade em empreender reformas estruturantes, desperdício de dinheiros públicos em investimentos centrados na agenda eleitoral e sufoco da iniciativa privada.
ASSALTO AOS CONTRIBUINTES
Se nos últimos dois anos o poder de compra dos cabo-verdianos tem vindo a descer de forma galopante, 2013 vai acentuar essa tendência colocando a vida das famílias e das empresas num patamar praticamente insuportável.
A aprovação, apenas com os votos do PAICV – e a rejeição global da sociedade, de patrões a sindicatos; das organizações empresariais à oposição – de um Orçamento Geral do Estado lesivo do interesse nacional, veio criar dificuldades acrescidas aos cidadãos que vivem dos rendimentos do trabalho e à economia cabo-verdiana
Só nas telecomunicações o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) vai sofrer um aumento de 70 por cento, colocando praticamente fora do uso telefones fixos e telemóveis uma parte substancial da população; na água, o imposto é quintuplicado, passando dos atuais 3 por cento para os 15 pontos percentuais; na electricidade – e apesar de não se terem registado melhorias substanciais na distribuição aos consumidores – o IVA passa também para 15 por cento, quando actualmente se situa nos 4,5 por cento; mas nos transportes rodoviários de passageiros e no marítimo de mercadorias o aumento é ainda mais significativo, passando de 2,25 para 15 pontos percentuais; e nas actividades associadas ao turismo, considerado o principal sector da economia, ao mesmo tempo que o Governo avança para uma nova taxa (a de pernoita), o IVA passa dos atuais 6 por cento para o 15 pontos percentuais. É só fazer as contas para se perceber o que vem aí.
ISOLAMENTO DE JMN E DO GOVERNO VAI INTENSIFICAR-SE
O ano que dentro de algumas horas se inicia vai ser, sem dúvida, um dos piores para a vida dos cabo-verdianos, mas, por arrasto, vai intensificar o isolamento crescente de José Maria Neves e do seu governo podendo chegar-se a uma situação de ingovernabilidade, com o ascenso da contestação sindical e a degradação da economia. Greves, manifestações de rua, aumento do desemprego, falência de empresas é o que vem aí. E o Primeiro-ministro já deixou de ter espaço de manobra: a torneira da ajuda internacional está a secar e as possibilidades de acesso ao crédito a afunilarem. E, sem estes instrumentos de recurso, não há ilusionismo que consiga ocultar por mais tempo a real situação do país.
http://liberal.sapo.cv/noticia.asp?idEdicao=64&id=38194&idSeccao=523&Action=noticia

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