São 6h25 da manhã e estou passando por cima do meu namorado, João, tentando chegar ao criado mudo.
Sinto suas mãos nas minhas coxas e subindo até a bunda. Pego suas mãos, afasto-as e, assim, alcanço o despertador. Desligo-o e pulo rapidinho para fora da cama. Quero passar na academia antes do trabalho. Transar com o João significaria não fazer as tarefas matinais (mandar e-mails, ler as notícias sobre o mercado financeiro) que me ajudaram a ganhar três aumentos, duas pequenas mudanças, um assistente e o poder de contratar e demitir pessoas com o dobro da minha idade.É bom estar no topo! Todo dia quando acordo, sorrio. Estou vivendo a vida que sempre quis, com um salário que supre meu estilo de vida e que pode me pagar ótimas férias. Não quero me gabar. Sei que o país vive um momento de crescimento acelerado e surgem, cada vez mais, ótimas oportunidades e empregos em áreas predominantemente femininas. Mas nossa felicidade não deve ameaçar vocês! Acontece que estamos mostrando mais confiança e assertividade que nunca – qualidades tipicamente associadas aos homens. As mulheres estão em ascensão e muito mais seguras, e os homens se sentem menos pressionados socialmente, o que significa sexo sem complicação para todo mundo. O que acha disso?
Meu namorado é do tipo criativo, com renda incerta e horários não muito fixos. Vou ser mais precisa: ele é redator de publicidade com uma carreira nada sólida. A disponibilidade dele – para se divertir, sair e transar – é tão grande que quase parece infinita. Minhas horas de folga, em compensação, são escassas. O que significa que sou eu quem determina onde dormimos (na minha casa é mais perto do meu trabalho) e quando transamos (à noite, mas desde que seja antes do meu horário de dormir). Não sei se minha relação com João é típica, mas com a maioria dos casais que conheço é assim: a mulher tem um cargo mais alto e com mais poder que o cara. Com o tempo, percebi que a minha atitude no trabalho também tomou conta da minha vida amorosa. Agendava saídas como se fossem reuniões. Conversava com o João em busca de planos de ação. Soa seco, mas era meio automático. Quando assumi meu trabalho, minha confiança aumentou, fiquei segura o suficiente para seduzir. Com isso acabei saindo com muitos caras antes de selecionar João entre os finalistas. O sucesso muda as mulheres. Talvez você já tenha notado.
Estamos contentes de estar no controle
Obviamente João pensa que é ele quem domina quando o assunto é sexo. “Se eu parasse de me mover durante a transa,” ele disse uma vez, “nós não faríamos sexo”. Mas não é sempre assim para nós ou para outros casais que conheço, como minha amiga que chegou em seu apartamento depois do trabalho para encontrar seu companheiro desempregado. Ela chegou e mandou que ele tirasse toda a roupa – e ele obedeceu.
Isso não quer dizer que toda mulher tenha de repente renascido como uma dominatrix, mas sei que não estou sozinha em assumir o controle (ou dividi-lo), tanto na cama quanto fora dela. “As mulheres conseguem compreender mais sua sexualidade”, diz Alice Eagly, especialista americana em psicologia social. Não há dúvida disso. As revistas femininas ajudam também.
Não somos tímidas sobre o que gostamos, e menos ainda os publicitários que satisfazem nossos desejos. “As mulheres têm mais confiança para acessar seus desejos, para explorar o tipo de sexo que realmente querem e então o transformam em realidade”, concorda a empresária Ana Maria Faro, que junto com outras duas mulheres administra a loja erótica Revelateurs, em São Paulo.
A questão não é o dinheiro
Senti-me culpada por abandonar meu namorado naquela manhã – como em muitas outras ocasiões. Trabalho duro e até tarde, então, à noite, o que eu geralmente faço é dormir no meio da conversa mais do que ficar acordada para as coisas que João quer fazer, como transar ou conversar sobre o filme que ele assistiu enquanto eu estava trabalhando. Uma vez ele me deu um cartão de aniversário que dizia: “Não sei por que aguento você”. Às vezes, eu também não sei. Perguntei para Paul Eastwick, professor de psicologia na Texas A&M University (EUA), que fez uma pesquisa sobre as preferências dos parceiros, o porquê disso.
Descobri que João e eu nos completamos. Paul disse que não é raro ver alguém com alto salário e que trabalha muitas horas se juntar com uma pessoa que ganhe menos e tenha mais tempo livre. “Tanto os homens quanto as mulheres variam em coisas que são capazes de oferecer ao parceiro(a).” Concordo. Com meu horário de trabalho, minha moeda de troca é dinheiro. Como João e eu não juntamos nossos rendimentos, estou constantemente tentando compensar – pagando o jantar, um novo iPad. Paul diz que o fato de eu ganhar mais não é um prenúncio de desgraça (e, pelo menos, João sabe que não estou com ele pelo dinheiro).
Quando as mulheres se sustentam financeiramente, ficam livres para valorizar outras características que não seja o poder aquisitivo do parceiro, como ser bonito (e João é muito) ou ter senso de humor (ele é bem divertido!). E é tão inteligente! Além disso, imita o Justin Timberlake dançando – e estende seu talento físico para além da pista de dança.
Sim, João tem muita coisa que outros caras não têm. Talvez seja por não sermos casados, mas não me incomodo pelo fato de ele não ganhar milhões. Muitas das minhas amigas pensam da mesma forma. Além disso, pesquisas confirmam que as mulheres nem sempre querem o que elas dizem que querem. “Um desejo abstrato por um homem ambicioso e que ganhe bem muitas vezes não traduz as reações viscerais que temos sobre pessoas específicas”, diz Paul. “E se você acabar gostando de alguém, por uma razão qualquer, tentará não dar muita atenção às qualidades da pessoa que não lhe agradam muito.”
Nós vamos até você
Se eu não estava procurando por alguém como João, você deve estar se perguntando como encontramos um ao outro. Adivinhe! Tente de novo… Fui eu quem o escolhi. Eu o vi comentar um post no Facebook de alguém que conheço e o achei interessante. E fui eu – mais uma vez – que mandei para ele uma mensagem à qual ele não resistiu.
É assim que começa. As mulheres bem-sucedidas não têm medo de ir atrás do que querem, desde pedir um aumento até instigar uma transa no banheiro do restaurante. “Quanto mais as mulheres assumem cargos com altos salários, maior a chance de elas serem mais assertivas na área romântica,” diz Paul. “Quando você as coloca em papéis de gerência e com abordagem mais objetiva, elas começam a se parecer um pouco mais com os homens.”
E deixá-la dar o primeiro passo pode fazer com que ela queira você ainda mais. Durante um exercício de speed-dating (aqueles encontros em que há um rodízio de pretendentes, e que você já deve ter visto em alguma comédia romântica), na Universidade de Northwestern (EUA), as mulheres mostraram mais interesse por homens dos quais elas se aproximaram do que por homens que se aproximaram delas. Entendeu?
Sabemos como chegar ao orgasmo
Segundo um estudo do periódico americano The Journal of Sexual Medicine, mais de 53% das mulheres dizem já ter usado vibrador.  A pesquisa também descobriu que as mulheres com nível de educação mais alto foram mais propensas a dizer que usam vibrador do que as que estudaram menos. Hordas de garotas inteligentes que sabem como atingir o orgasmo. Dá para não gostar? “Uma parceira que entende como seu corpo funciona é uma mulher muito mais interessante na cama”, diz o psiquiatra e terapeuta sexual Carlos Eduardo Carrion, da Associação Brasileira de Estudos sobre a Impotência e consultor da MH. Você ficará feliz em saber que as mulheres chegadas ao uso de um vibrador também relataram níveis mais elevados de excitação e satisfação sexual com apenas um parceiro na cama, de acordo com o periódico britânico Journal of Sex & Marital Therapy. E o que as mulheres querem dizer com “satisfação sexual”? Elas estão falando de orgasmos – para elas e para os parceiros. Sorte a sua!
Pensamos como os caras, e isso é bom
No meu segundo encontro com João o táxi parou bem em frente ao meu prédio.  “E então, você quer subir?”, perguntei. Eu sabia desde o nosso primeiro encontro que ele usava a língua exatamente na medida quando beijava, e eu queria mais. Além disso, pensei que seria educado fazer isso. Claro que ele subiu, mas, a julgar pela reação inicial – de surpresa e hesitação –, meu convite foi tomado de uma maneira bem diferente.Por quê? Eu pareci promíscua – definitivamente broxante aos olhos de um cara como ele. Um homem não quer uma mulher que tenha tido mais parceiros sexuais do que ele. Mas o que homens querem e o que as mulheres oferecem está mudando. “Sem dúvida, está mais fácil para os homens conseguirem sexo hoje do que no passado,” diz Roy Baumeister, Ph.D., psicólogo social na Universidade do Estado da Flórida (EUA). “Com as mulheres atingindo mais igualdade, a sexualidade também chega a esse patamar, e o sexo ficou mais livre. E a mulher faz na hora que quer, do jeito que quer. E aos homens cabe aprender a lidar com isso porque nem sempre essa nova percepção é livre de ressentimento”, diz Carrion. Muitas de nós ainda não somos totalmente sinceras quando respondemos a perguntas do tipo “Com quantas pessoas você já transou?” e “Que experiências sexuais você já teve?”. Estudos mostram consistentemente que, em resposta a perguntas como essas, os números apresentados por homens são superiores aos apresentados pelas mulheres. A menos que, como fez uma brilhante uma equipe de pesquisa da Ohio State University (EUA), os participantes sejam conectados a detectores de mentiras. Com isso, as diferenças praticamente desaparecem.
Mas isso tudo faz das mulheres tão autossuficientes assim? “Estudos que prenunciam a morte dos homens são muito exagerados”, diz Roy Baumeister. E ele está certo: os homens não acabaram, estão longe disso. Não só as mulheres precisam dos homens, como queremos vocês mais do que nunca – para compartilhar ainda mais o sexo que está mais gratificante. Essas mudanças não são ruins, homens e mulheres só têm a ganhar. Acredite!
Sexo: o que as mulheres superpoderosas querem
Tome a iniciativaPense: esse tipo de mulher toma decisões, dá ordens o dia todo. Ela quer ser cuidada, paparicada e amada. E isso envolve sexo ou não. Muitas vezes, tudo que ela precisa é dormir de conchinha. Mas vai adorar se você acordá-la no meio da noite com sexo oral. Mas de vez em quando. Ela precisa dormir, ok?
Saboreie todo o corpo delaIr direto e reto para a área genital pode deixar o trem desgovernado. Ela sabe chegar lá sozinha, então ofereça o que ela não tem. Leve o tempo que precisar com beijos leves no corpo todo e toques gentis nas áreas não genitais, como cabelo, ombros e braços. É de enlouquecer.
Dome sua língua
Na hora do sexo oral, os homens gostam de brincar com a língua, imitando a penetração. Mas isso pode ser beeeeeem desagradável para as mulheres. Comece devagar, passando a língua suavemente entre os grandes lábios e, depois, sugue o clitóris devagar. É tudo questão de tempo, ritmo e um início delicado.
Abrace o vibrador dela
Chega de medo. Entenda isso: é só um brinquedo! Nenhuma mulher no mundo trocaria um homem por um vibrador. O aparelhinho é mágico e quebra um galho danado quando bate aquela vontade… Mas ele não beija, não abraça, não faz companhia no cinema e não chama a gente de gostosa. Se ela o trouxer, divirta-se!
Tenha essa mulher na sua mão
Seduza
Mostre-se interessado por ela e não pelo que ela representa. A última coisa que essa mulher quer é um cara que a explore. Você pode até ter menos dinheiro, mas tem qualidades que a fizeram estar ali bem na sua frente ouvindo o que tem a dizer. Tem senso de humor? Brinque! Tem cultura? Divida com ela. Mas, principalmente, seja carinhoso, afetuoso e educado.
E a grana?Pense: que alívio estar com uma mulher e ter certeza de que ela não está de olho na sua grana. Deixe claro desde o início o que você pode e o que não pode pagar. Se essa relação for para a frente, estabeleçam o que cabe a cada um. Durante muito tempo, os homens eram os únicos provedores. Não há nada de errado em ela bancar a maior parte das contas desde que possa, queira e não se sinta explorada.
Agenda apertada
Eu sempre digo que quando uma pessoa se importa, liga até de dentro do banheiro fazendo xixi. Ela encontrará tempo para falar com você, fugir para um almoço no meio da semana e terá as noites ou todo o fim de semana livre para estar ao seu lado. Mas uma coisa é certa: não faça chantagem emocional. Pressão ela já tem no trabalho. Se perceber que você virou um estorvo na vida dela, meu amigo, já era.
Os amigos dela
Não entre numa competição com eles nem queira ser o centro das atenções. Nas primeiras vezes ouça, observe, conheça mais as pessoas. Aquele cara que ganha por mês o que você sua para conseguir em um ano pode dividir a mesma paixão pelo Corinthians e ficar realmente impressionado que você saiba a escalação do time em 1937. Seja autêntico. As únicas coisas que os amigos dela vão prestar atenção é se você a trata bem, se a faz feliz e se gosta dela. E, claro, se você fala coisas como “menas” ou “iorgute”.
Matéria publicada na Revista Men’s Health de maio de 2012.
Por Elizabeth Narins | Colaborou: Mariliz Pereir
17/10/2012
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