Num curto encontro com os jornalistas, na sede nacional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), na Cidade da Praia, José Maria Neves indicou que, segundo os resultados provisórios das eleições directas de domingo para a liderança, votaram 75% dos cerca de 27.000 militantes inscritos.
"Cerca de 20.000 militantes votaram, o que é um resultado extraordinário e histórico, pois, pela primeira vez, se votou numa eleição directa para a direcção do PAICV", sublinhou o também primeiro-ministro de Cabo Verde, realçando ainda que a adesão "ultrapassou todas as previsões".
José Maria Neves foi o único candidato a concorrer à sua própria sucessão para a liderança de um partido que comanda desde 2000 e que o conquistou em mais duas ocasiões, nos Congressos de 2003 e 2006, tendo ressalvado que se registaram 98,6% de votos favoráveis ao programa por si apresentado, enquanto os restantes 1,4% foram brancos e nulos.
Ainda em relação à taxa de participação nas "directas" do PAICV, José Maria Neves atacou politicamente o Movimento para a Democracia (MpD), o principal partido da oposição cabo-verdiana, que, no próximo domingo, vai eleger Carlos Veiga como novo líder, uma vez que o actual, Jorge Santos, abdicou em favor do antigo presidente (1990/2001), que é igualmente candidato único.
Aludindo à percentagem de votantes obtida pela actual direcção do MpD na votação realizada no Congresso de 2005, José Maria Neves indicou que Jorge Santos foi reeleito, na altura, com 29% dos militantes inscritos. Após as directas, dentro de uma semana, o MpD realiza a Convenção, que decorrerá de 30 deste mês a 01 de Novembro.
Isso demonstra que o PAICV obteve agora a primeira de uma série de vitórias que pretende para os próximos três anos", referiu, aludindo ao Congresso do partido, marcado de 20 a 22 de Novembro próximo, que ratificará a votação de hoje [domingo], às eleições presidenciais e legislativas do início de 2011 e às autárquicas de 2012.
"Depois do Congresso, queremos renovar a maioria (absoluta que detém no Parlamento), encontrar um forte candidato às presidenciais e vencer as autárquicas", referiu.
Questionado pelos jornalistas sobre informações veiculadas pela imprensa local de que estaria a ser pressionado para proceder a uma remodelação ministerial após o Congresso de Novembro, José Maria Neves, na qualidade de chefe do executivo da Cidade da Praia, rejeitou-a liminarmente, admitindo, porém, eventuais "reajustes".
"Não faço quaisquer comentários sobre essa notícia. Garanto que nem depois do Congresso haverá uma remodelação. Mas, neste momento, não há sequer esse cenário. Mais, uma remodelação faz-se, não se anuncia. Mas podem haver alguns reajustes", disse.
Os resultados finais das directas do PAICV, concluiu José Maria Neves, só deverão ser anunciados quarta-feira, depois de uma reunião da Comissão Política Nacional do partido, em nova conferência de imprensa.
OJE/LUSA.PT
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