domingo, 10 de junho de 2012

Lisboa/Refletir Cabo Verde: PR alerta para novos fenómenos que podem fragilizar o país


O Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, alertou para a necessidade de se encontrarem mecanismos de prevenção para os novos fenómenos conjunturais que poderão agravar as fragilidades económicas de Cabo Verde, situado numa região cada vez mais importante para o abastecimento de petróleo aos países do norte e cada vez maior circulação de contigentes humanos.

O Chefe de Estado falava na sessão de encerramento da conferência “Refletir Cabo Verde e a sua relação com o mundo”, um evento organizado conjuntamente pela Associação Intercultural Lusocabo-verdiana (AILC), presidida por Carlos Pina , e pelo Ciclo de Tertúlias representado por Evódia Graça de uma direção colegial.
Ao longo de um dia e dividido por quatro painéis, por aqui passaram destacadas figuras portuguesas e cabo-verdianas com uma assistência atenta, em permanência, na Reitoria da Universidade de Lisboa.
Jorge Carlos Fonseca que de manhã de sábado visitou o bairro da Cova da Moura e dos Barronhos para cumprimentar pedaços da comunidade em Portugal, referiu que Cabo Verde “é na sua essência “ a própria relação com o mundo, ou seja desse outro espaço do mundo onde as pessoas do Estado arquipelágico foram construindo as suas relações.
O Presidente observou que Cabo Verde “apesar de ter conseguido ganhos que o colocam numa situação aceitável“, apesar dos “limitadíssimos recursos” ainda não conseguiu “vencer a dependência exterior” o que “acaba condicionando a sua capacidade de promover um desenvlvimento auto-sustentado”.
Notou que, embora com desempenho económico “relativamente positivo”, está longe de resolver os problemas básicos dos cabo-verdianos.
O país, disse, “quando comparado com outras economias insulares, os seus indicadores apresentam um dos desempenhos mais baixos” e, as repercussões dessa realidade “são negativas em diversas áreas com destaque, nomeadamente, para o desemprego entre os jovens”.
Jorge Carlos Fonseca, acompanhado pelo coordenador da organização, o politólogo Suzano Costa do vice reitor da Universidade, António Vasconcelos Tavares, lembrou que “há que ter em conta a região em que o país se insere e que tem sido caracterizada por apreciável instabilidade” nas vertentes “política e social” que o tornam vulnerável “às investidas do crime”.
Essa instabilidade, notou, “alimenta e potencia essas práticas criminosas que, por sua vez, minam os alicerces do Estado”. O Chefe de Estado referiu-se a um necessário “salto qualitativo” cujas contribuições da reflexão desta conferência poderão ser importantes.
“Estamos condenados a ousar, a buscar novos e renovados caminhos, renovar e diversificar as parcerias, como aliás o nosso povo sempre fez”, afirmou.
Jorge Carlos Fonseca reafirmou a importante contribuição da diáspora que, disse, “continua fundamental”. Referiu a participação direta em processos eleitorais, mas disse acreditar que “a participação nas disputas eleitorais pode atingir níveis mais elevados”.
Considerou que deve ser feito ”um esforço no sentido de uma maior aproximação da diáspora a Cabo Verde” através de uma “participação cidadã mais efectiva”, salientando que “as associações civicas e partidárias podem e devem assumir um papel importante na mobilização dos cabo-verdianos”.
Considerou a participação cívica e política dos cabo-verdianos, em eventos portugueses, “decisiva no importantissimo processo de integração”.
O Chefe de Estado notou que os cabo-verdianos em Portugal têm um conjunto de instrumentos que são postos à disposição dos imigrantes, e dos cabo-verdianos em particular, com vista a uma maior integração na sociedade e que as autoridades cabo-verdianas devem aprimorar os instrumentos de integração da comunidade, sobretudo numa conjuntura de crise.
Alertou para tipos de “tensões indesejáveis”, sobretudo as que advém “do encontro de culturas do país de acolhimento e a dos descendentes de cabo-verdianos especialmente dos que vivem nas periferias das grandes cidades” e que pode condicionar o processo de integração educativa e laboral, com consequências na inclusão social.
Esta é uma área em que académicos cabo-verdianos e portugueses e autoridades dos dois países podem desenvolver actividades importantes, concluiu o Presidente preconizando mais experiências de interculturalidade dirigidas a crianças, bem como projectos próprios dirigidos a outras faixas etárias.
Jorge Carlos Fonseca jantou em seguida com representantes da comunidade cabo-verdiana e convidados em Portugal
OL

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