A vitória do MpD “é um recado claro do descontentamento da população em relação ao PAICV, seu governo e seu líder José Maria Neves”. É esta a análise que Carlos Veiga faz dos resultados destas eleições autárquicas, que dão ao seu partido a gestão de 12 municípios – Santa Catarina continua em stand by – e ainda o do Sal, onde apoia o GIMCS.
Na sua primeira reaçcão aos resultados eleitorais, o presidente ventoinha considerou que o MpD saiu mais reforçado, não poupou elogios aos candidatos vencedores, lançou duras críticas ao governo e garantiu que tem feito tudo para combater a fraude eleitoral.
Carlos Veiga era um homem feliz quando falava para a imprensa.
Enumerou um a um os municípios ganhos, as Câmaras “roubadas” ao PAICV, mas
lamentou, e muito, a perda de uma das maiores praças políticas do país, o Porto
Novo.
O presidente ventoinha começou por elogiar o desempenho de cada
candidatura, a organização da campanha a nível nacional, e dirigiu um especial
parabéns a Ulisses Correia e Silva pela sua maioria absoluta na Praia. “O MpD
reforçou a sua posição de maior partido autárquico do país”, afirmou com
orgulho, acreditando que o seu candidato ganhou em Santa Catarina. “Aumentamos
de 11 para 13 o número de municípios geridos por equipas do MpD e, com o nosso
apoio, mantivemos o município do Sal nas mãos dos nossos amigos do GIMCS”,
sublinhou.
Carlos Veiga explicou que esta conquista autárquica “não é uma
vitória pessoal do presidente do partido”, mas de todos aqueles que estiveram
engajados na campanha. “Quero dizer para todos, incluindo aqueles que não
venceram, que tiro-lhes o chapéu pelo desempenho que tiveram, pela
disponibilidade, pela capacidade política demonstrada e que esta é uma vitória
dos candidatos e do MpD”, afirmou.
Razão para dizer que o “MpD está ainda mais forte, unido e
preparado para quaisquer embates e que a sua organização vai se adaptando e
melhorando com o tempo”. Resta agora, realçou Veiga, trabalhar mais nos próximos
três anos, afinar o partido, comunicar mais com a sociedade e reforçar o
sentimento de pertença å organização. “Os resultados obtidos nestas autárquicas
e nas presidenciais, e também os indícios que tivemos nas legislativas, são
sinais que aprendemos com os nossos erros, reforçamos os nossos pontos fortes”,
avaliou.
Derrota do PAICV
Esta vitória é ainda para o presidente do MpD “uma mensagem clara
de descontentamento do povo cabo-verdiano ao governo e ao seu líder José Maria
Neves”. Para Carlos Veiga, a derrota do partido Estrela Negra é consequência
“das promessas não cumpridas, da política de ilusão que é vendida e que não se
traduz na realidade e satisfação das necessidades das pessoas”.
O líder ventoinha falou ainda em demagogia, irresponsabilidade,
nepotismo, conflitos de interesse, partidarização da Administração Pública, das
empresas participadas do Estado e das associações. Enumerou como principais
falhas do governo o desemprego, a falta de rendimentos, habitações degradadas,
exclusão escolar e acesso à saúde, política energética e de abastecimento de
água.
E recomendou: “esta mensagem das autárquicas, junta às
manifestações de1 de Junho e aos sinais de descontentamento, deveria levar o
governo a rever a sua política. Se a política estiver errada, vai conduzir-nos
ao abismo e vai conduzir a um descontentamento cada vez maior. Não faz crescer a
economia, não faz aumentar o emprego e não resolve a generalidade dos problemas
fundamentais que nós temos”.
Santa Catarina e fraude eleitoral
Abordado sobre a situação de Santa Catarina, Veiga não tem duvida:
“As informações que fomos recolhendo nunca deram a derrota do MpD. Estranhamos
os resultados que apareciam no site da DGAPE. Davam a nós uma vitória
tangencial, é verdade, relativamente ao nosso adversário”.
O presidente do partido ventoínha pegou nesta deixa para abordar o
assunto fraude eleitoral e compra de votos. “Nós estamos preparados. Sabemos que
agora no novo apuramento vai haver todo o tipo de manobras, mas vamos estar lá
bem representados para vermos a realidade. Porque o que importa é a realidade,
os votos estão aí, se foram protestados ou não, se foram declarados nulos ou não
é nessa base que se vai encontrar o resultado final”.
Fazendo uma espécie de retrospectiva, Carlos Veiga voltou a falar
da velha história da fraude eleitoral de 2001. “Nesta altura havia fraude
evidente. Simplesmente não se quis tomar isso em consideração. Mesmo o Tribunal,
que seis meses depois condenou à prisão efectiva os autores da fraude, não quis
tomar isso em consideração para determinados resultados. Parecia-me incoerente,
depois a realidade confirmou que era assim", declarou
Para acrescentar que tem estado "a lutar desde essa altura contra
tal prática, essa cultura que se instalou em Cabo Verde de compra de votos.
Pactuamos com esta situação, fomos cúmplices com esta prática. Estou å vontade
para falar disso, porque tenho combatido. Sou contra”, assegurou, para criticar
aquilo que chamou de governamentalização” das listas eleitorais, tomando como
exemplo representantes do governo que se candidataram, sem se desvincular dos
cargos.
http://asemana.sapo.cv/spip.php?article78049&ak=1
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