terça-feira, 3 de julho de 2012

Liberal:JMN JÁ NÃO TEM CONDIÇÕES PARA GOVERNAR


Editorial 
O Primeiro-ministro já não tem condições para governar, perdeu a sua base social de apoio e deixou de contar com a maioria do partido. Pelas suas trapalhadas, pelas suas mentiras, José Maria Neves despertou a rejeição popular traduzida na rua e nas urnas

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Sejamos claros: pelo seu envolvimento no processo de escolha dos candidatos, pela sua teimosia em não ouvir as vozes críticas do seu partido, pelas consecutivas mentiras com que tem brindado os cabo-verdianos, José Maria Neves é o responsável pela expressiva derrota tambarina nas eleições de ontem.
Mas, mais do que uma derrota do PAICV, o resultado das eleições autárquicas traduz-se num enorme cartão vermelho a José Maria Neves. No que já são dois no espaço de apenas um mês. A 1 de Junho foi o cartão vermelho da rua; ontem foi o das urnas!
José Maria Neves é o primeiro líder político cabo-verdiano dos partidos do arco do poder a sofrer três derrotas eleitorais consecutivas: à primeira e segunda volta das presidenciais, soma-se agora esta derrota nas autárquicas, por responsabilidade única, exclusiva, do próprio líder do partido.
Nas presidenciais, a trapalhada da escolha dos candidatos foi decisiva para cavar a derrota eleitoral, por responsabilidade de José Maria Neves que quis impor a sua vontade ao partido; nas autárquicas, todas as escolhas pessoais do líder do PAICV saíram derrotadas.
Em São Vicente, José Maria Neves impôs Filomena Martins, contra a vontade do grosso dos militantes, que preferiam João do Carmo, um líder local com provas dadas e o rosto visível da oposição à gestão municipal do MpD; em Santa Catarina de Santiago, também contra a vontade dos militantes, JMN obrigou a estrutura local do partido a engolir o “corrupto, furtador de luz da Electra, mentiroso - e chamuscado pelo escândalo da ”Lancha Voadora” -, José Maria Veiga, quando a vontade generalizada ia para o apoio a Alcídio Tavares; na Brava, contra as vozes do partido que aconselhavam substituir o desgastado presidente de câmara Camilo Gonçalves, mais uma vez JMN impôs a sua vontade e foi o que se viu; até em São Filipe a gestão do processo de escolha do candidato, sob a responsabilidade de JMN, se traduziu numa vitória de Pirro para o PAICV. Ou seja, ganhou a maioria dos votos mas colocou a câmara local numa situação de ingovernabilidade, a não ser que ratos e ratões se unam outra vez; e mesmo em Santa Catarina do Fogo, pela primeira vez, uma margem mínima de cem votos foi a diferença entre as candidaturas tambarina e ventoinha. Se olharmos o mapa do arquipélago, ficamos a ver que em apenas uma ilha o PAICV dispõe de maioria. As escolhas pessoais de José Maria Neves saíram todas derrotadas, pelo que a responsabilidade do desastre é sua, pessoal e intransmissível!
José Maria Neves conta, a partir de agora, com um crescendo da oposição ao seu Governo e à sua pessoa, mais do que ao seu partido. E vai agora levar pela frente com o ascenso da luta social que, a breve trecho, desembocará numa greve geral. O Primeiro-ministro já não tem condições para governar, perdeu a sua base social de apoio e deixou de contar com a maioria do partido. Pelas suas trapalhadas, pelas suas mentiras, José Maria Neves despertou a rejeição popular traduzida na rua e nas urnas.
JMN já não tem legitimidade política nem ética para ser Primeiro-ministro, mas o PAICV, por enquanto, continua a garantir condições para suportar o Governo até 2016, como ficou expresso pelo resultado eleitoral de Fevereiro de 2011. Já aqui o dissemos: o líder do PAICV é o maior problema do partido, uma contrariedade que só ele poderá resolver, afastando JMN, assumindo as rédeas da governação com sangue novo, pondo o interesse do país acima dos interesses de grupo e dos caprichos pessoais. Só um Governo credível, com um Primeiro-ministro capaz e com prestígio, pode enfrentar com sucesso os desafios da crise e mobilizar o País para os grandes desígnios nacionais. Dialogando com a oposição, ouvindo a sociedade e empreendendo uma política de verdade que rompa com o reinado mitómano e irresponsável de José Maria Neves.
O voto popular foi bem claro, o País rejeitou as escolhas de José Maria Neves e deu um sinal inequívoco: vá-se!...
Liberal
http://liberal.sapo.cv/noticia.asp?idEdicao=64&id=36401&idSeccao=549&Action=noticia

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