segunda-feira, 11 de junho de 2012

CV:Olavo Correia: Défice orçamental tem de ser acautelado e Portugal tem de passar de “amor” a “relações de interesses”


Olavo Correia, antigo governador do Banco de Cabo Verde, alertou para a contenção do défice orçamental e da balança corrente de Cabo Verde “para não se cair em problemas maiores do que Portugal” e disse que a “relação de amor” entre os dois países “tem de ser complementada com “relações de interesses”.

LISBOA-O administrador de empresas que já foi secretário de Estado das Finanças, fez uma retrospectiva do quadro económico de Cabo Verde e lembrou que o país “é bom aluno” quando se fala da comparação com os países insulares, “isso é incontestável”, mas há um antes e um depois da crise, disse.
Olavo Correia foi orador do primeiro painel da conferência internacional “Refletir Cabo Verde” subordinada ao tema: “Um olhar Económico em Contexto de Crise”, moderado por José Cunha e onde intervieram o professor e economista Jorge Braga de Macedo, o presidente da AICEP, Pedro Reis, e Jaime Esteves da Partner PWC.
O ex-governador referiu que ao longo de 20 anos se tem conseguido viver acima da riqueza produzida internamente, mas o défice da balança corrente tem-se degradado nos últimos quatro anos e isso tem a ver com a crise. Tem de ser financiado através da dívida externa pública e do investimento estrangeiro.
Alertou para o facto de “se fechar a torneira” da ajuda pública e o investimento estrangeiro, por causa da crise, e lembrou que o futuro de Cabo Verde depende de quatro questões a resolver: excesso de procura interna, desemprego jovem, competitividade e equilíbrio da economia cabo-verdiana.
“São precisas novas políticas orçamentais, reformadoras, redução de despesas e política fiscal virada para o investimento direto estrangeiro”, disse salientando que “o nível de vida de Cabo Verde vai depender muito do investimento direto e isso passa por profundas reformas”.
Também em relação aos jovens e ao desemprego a investigadora na Universidade de Coimbra, Kátia Cardoso manifestou grande preocupação, abordando, nomeadamente as “deportações” de jovens nascidos nos países de acolhimento que são obrigados a regressar a Cabo Verde por irregularidades.
Notou, nomeadamente em relação aos Estados Unidos que a política de Obama, já deportou mais gente que os mandatos de George Bush. Reclamou atenção para este problema e para a melhoria das políticas internas de informação e inserção.
Jorge Braga de Macedo, economista, do instituto de investigação tropical, ex-ministro das Finanças de Portugal e Professor Universitário socorreu-se de vários estudos internacionais, para referir que Cabo Verde está acima da média africana em vários indicadores. Utilizou a metáfora de que é melhor ser-se “bom aluno” e não se chegar a “reitor” do que “mau aluno”.
Lembrou a Lusofonia Global em que Cabo Verde também se insere, e exemplificou-a como exemplo da China que decidiu que Macau é interlocutor para ajudar a politica externa dos seus interesses com os países da lusofonia.
“Cabo Verde é a estrela da companhia”, disse, notando que acima de seis por cento do défice orçamental prejudica o crescimento.
Pedro Reis presidente da AICEP, desde Dezembro de 2011, fez uma análise das exportações e importações de Cabo Verde onde 14 por cento do PIB se refere a remessas dos cabo-verdianos. Observou que apesar do abrandamento há boas perspectivas com necessária modernização do país e mais mobilização dos cabo-verdianos.
Jaime Esteves da Partner PWC (consultora) fez uma apreciação do clima económico enquadrado no posicionamento estratégico de Cabo Verde. Referiu que o país tem muito a ganhar em ser uma plataforma de distribuição e serviços para várias redes interligadas com Brasil, Estados Unidos, Rússia e China em concorrência com outras redes como Caimão, Malta, Dubai, Maurícias e Madeira.
Tem de ter segurança, protecção ao investimento, fiscalidade simples e credível e tributação moderada, disse.
OL

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