segunda-feira, 11 de junho de 2012

CV:ELECTRA SOMA E SEGUE NOS PREJUÍZOS


Relatório de Contas não deixa dúvidas 
Tecnicamente falida, a empresa registou em 2011 um milhão e cinquenta e nove mil contos de prejuízos, devendo aos bancos seis milhões de contos, dos quais 2,5 milhões em menos de um ano. Os números são esmagadores
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Praia, 11 de Junho 2012 - Liberal teve acesso ao Relatório de Contas da ELECTRA 2011. E o panorama que as contas deixam transparecer é muito preocupante. Neste momento realçaremos os aspectos mais relevantes da situação da ELECTRA. Em artigo posterior apresentaremos uma análise mais aprofundada.
A ELECTRA registou em 2011 prejuízos de um milhão e cinquenta e nove mil contos, um pouco acima dos prejuízos do ano anterior. Somando os últimos cinco anos, a empresa acumulou prejuízos de 5,3 milhões de contos.
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Como consequência disso, a ELECTRA encontrava-se desde 31/12/2011 em situação de falência técnica (capitais próprios negativos, -300 mil contos), como reconhece o próprio Relatório da Administração. Isso significa que as dívidas da empresa são superiores aos seus recursos próprios, e que tudo o que a empresa possui (máquinas, terrenos, edifícios) ou a que tem direito (dívidas de clientes, stocks de peças, dinheiro em caixa e outros), é financiado por capitais de terceiros, nomeadamente fornecedores, bancos e outros credores. A empresa não tem qualquer autonomia e qualquer accionista ou credor pode pedir judicialmente a dissolução da sociedade.
A empresa deve aos bancos 6 milhões de contos, dos quais 2,5 milhões em menos de um ano. Quase toda a dívida financeira da Electra é avalizada pelo Estado. Em caso de não pagamento, o contribuinte é que paga.
A ELECTRA tem dívidas a fornecedores de 2,3 milhões de contos, das quais 477 mil contos a fornecedores estrangeiros e 1,8 milhões de contos a fornecedores nacionais. A ENACOL é o principal fornecedor da ELECTRA, que lhe deve 1,2 milhões de contos.
A dívida total da empresa é de 10,7 milhões de contos, superior à totalidade dos seus activos, que são 10,4 milhões de contos. Do total das dívidas, 7 milhões vencem a curto prazo (2012). De entre os valores a pagar pela empresa encontra-se um dos empréstimos obrigacionistas que se vence na totalidade no corrente ano, e ascende a 1,14 milhões de contos. É provável que a empresa tenha muita dificuldade em honrar os seus compromissos de curto prazo.
Os donos da ELECTRA são o Estado de Cabo Verde, o INPS e os municípios, conforme quadro seguinte.
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A parte do capital do INPS corresponde a 525 mil contos referentes a adiantamentos e pagamentos por conta da Electra efectuados pelo INPS, em 2009/2010. O INPS comprou as acções pelo dobro do valor nominal. A parte do Estado inclui 1,2 milhões de contos, valor das duas centrais de back up do Palmarejo e do Sal.
Na parte técnica, saliente-se o número de apagões no total de 605, mais 17% do que em 2010 (518). Os 605 apagões representaram 791 horas de paralisação do fornecimento de energia, mais 9% do quem em 2010 (727 horas).
Em termos de eficiência, as perdas globais de energia totalizaram 87,8 milhões de Kwh, 27% da produção total e 42% das vendas, ligeiramente superior a 2010. Em Santiago, as perdas atingiram a cifra de 36% da produção. As perdas representam energia produzida que não é vendida, por razões técnicas e comerciais (roubos?). A empresa reconhece, no Relatório, que não consegue ainda separar as perdas técnicas das perdas comerciais.
A ELECTRA produziu menos 5% de água do que em 2010. As perdas de água totalizaram 1.403.762.000 litros, 32% da produção, valor que supera toda a produção de S. Vicente. Na Praia o nível de perdas de água foi de 36% em relação à produção, ainda assim uma melhoria em relação a 2010 (46%).
A empresa investiu 186 mil contos, menos 294 mil contos do que o previsto inicialmente, o que o Conselho de Administração atribui a problemas financeiros.

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