quinta-feira, 11 de agosto de 2011

RNW:Cabo-verdianos elegem presidente

Rotterdam-Começa nessa quinta-feira a campanha eleitoral dos candidatos que disputam o segundo turno das eleições presidenciais em Cabo Verde, que devem ocorrer em 21 de agosto. Jorge Carlos Fonseca e Manuel Inocêncio Sousa foram os mais votados no primeiro turno, que ocorreu no último domingo, 7 de agosto.
Jorge Carlos Fonseca, apoiado pelo Movimento para a Democracia (MpD) obteve 37% dos votos. Manuel Inocêncio Sousa, do governista Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) ficou em segundo lugar, com 32%, seguido por Aristides Lima (28%) e Joaquim Monteiro (2%). Os dois últimos concorriam de maneira independente. Dos 304.965 eleitores inscritos, apenas 161.058 compareceram às urnas.
Aquele que vencer as eleições será o quarto presidente do país, que é um arquipélago constituído por dez ilhas. Situado no oceano atlântico, o Cabo Verde fica a 500 quilômetros da costa do Senegal.
O Cabo Verde tornou-se independente de Portugal em 1975. Desde então, foi governado por três presidentes. Somente após 1990, com o fim do regime de partido único, os cidadãos passaram a eleger o mandatário de maneira democrática.
Cabo-verdianos na Holanda

Uma das peculiaridades de Cabo Verde é que a maior parte dos seus cidadãos vive fora do país. A Holanda é o terceiro país com mais cabo-verdianos, ficando atrás dos Estados Unidos (300 mil) e Portugal (150 mil). Os cabo-verdianos que vivem na Holanda também compareceram às urnas, situadas nas cidades de Roterdã, Delfzij e Zaandam.
Estima-se que 37 mil cabo-verdianos vivam na Holanda. Destes, apenas 1136 estão recenseados e podem votar. É que grande parte dos cabo-verdianos perdeu a nacionalidade: “Quando se adquire a nacionalidade holandesa, a Holanda pede que se renuncie a nacionalidade de origem. Assim, a maior parte dos cabo-verdianos por aqui não possui mais a cidadania cabo-verdiana”, explica Norberto Silva.
Ainda que a constituição de Cabo Verde garanta que seus cidadãos não percam a nacionalidade, muitos cabo-verdianos não sabem dessa possibilidade. “Tenho a dupla cidadania, holandesa e cabo-verdiana. Fui ao Cabo Verde e tirei a carteira de identidade só para poder votar”, diz Silva.
Aqueles que compareceram ao local de votação em Roterdã o fizeram com convicção. É o caso do cantor Americo Brito: “Para eu poder dialogar acerca dos problemas que afetam a minha comunidade, tenho que votar. Quem não vota não tem direito a dizer nada. Eu uso meu direito de votar porque quero ver mudanças na minha terra”.
Segundo o pesquisador Antônio da Graça, há um envolvimento emotivo muito forte em relação à terra natal: “Não só a primeira, mas as pessoas da segunda e terceira geração também são muito ligadas ao Cabo Verde através da cultura, música e da língua.” Ainda que o idioma oficial seja o português, o criolo é a língua materna da maioria dos cabo-verdianos.
Diáspora
Além de presidente, a diáspora cabo-verdiana elege também os parlamentares. “Há seis deputados da diáspora: dois pela Europa, dois pela América e dois pela África, o que dá muito destaque aos cabo-verdianos que vivem fora”, conta Norberto Silva.
Os cabo-verdianos espalhados pelo mundo também contribuem financeiramente para o país: “O dinheiro que enviamos para Cabo Verde é fundamental para o país e significa cerca de 15% do Produto Interno Bruto”, diz Silva.
Na opinião de Americo Brito, uma das coisas que precisa ser melhorada é a relação entre o Estado e os cabo-verdianos da diáspora: “O imigrante é visto como segunda classe, mas se esquecem que o imigrante contribui muito para o desenvolvimento do país. Eles precisam da gente só nas eleições. Depois eles se esquecem e promulgam certas leis que não conjugam com a diáspora.”
Por Daniela Stefano
Foto:DS
Fonte: http://www.rnw.nl/portugues/article/cabo-verdianos-elegem-presidente

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