SECÇÃO: Política
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Com o
apadrinhamento do Primeiro-ministro Já nas eleições autárquicas de 2008, o PAICV tentou, em Santa Catarina de Santiago, lançar a suspeita sobre a justeza do processo que conduziu à vitória do MpD, atirando lama para o vencedor e procurando justificar a derrota com supostas “fraudes” e votos a mais introduzidos nas urnas… Praia, 9 de Julho 2012 – A “novela mexicana” em torno da suposta fraude em Santa Catarina de Santiago continua empolgada nas páginas da rede social Facebook. José Veiga (na foto), o director de gabinete do Primeiro-ministro (e mandatário da candidatura de José Maria Veiga) é a face visível de uma estratégia urdida que procura justificar a derrota do PAICV naquele concelho e tentar salvar a face dos chefes José Maria Neves e José Maria Veiga pela pesada hecatombe nacional de 1 de Julho. O sinal de que o próprio José Maria neves está envolvido nesta máquina tambarina da mentira fica claro quando o próprio Primeiro-ministro já veio à liça, comentando um post do seu director de gabinete, José Veiga. É difícil explicar que José Veiga publique o seu post e, poucos minutos depois, seja secundado pelo próprio José Maria Neves. A estória dos 100 votos a mais é, no plano da lógica e das probabilidades, altamente improvável, diríamos mesmo impossível de sustentar, mas a ideia central dessa mitómana construção visa instalar na opinião pública a convicção construída de que Francisco Tavares ganhou porque alguém, a soldo do MpD, teria introduzido os tais 100 votos na urna. A impugnação do PAICV apresentada na passada semana ao Supremo Tribunal de Justiça, revela-se, e numa estrita interpretação jurídica, desprovida de qualquer substância. Desde logo porque, conforme a Lei determina, as impugnações são feitas em sede da mesa de voto e, necessariamente, lavradas para a acta. Ora, como é sabido nenhum dos delegados à referida mesa apresentou qualquer impugnação. E não só não apresentou, como, pelo contrário, autenticou com a sua assinatura os resultados eleitorais, conferindo ao acto a presunção objectiva de terem sido eleições justas e livres. E, também como é sabido, num primeiro momento, e pese embora os resultados provisórios se inclinarem para uma vitória de Francisco Tavares, a candidatura de José Maria Veiga veio publicamente alardear a vitória, não referindo nessa altura qualquer irregularidade, nem insinuando terem-se tratado de eleições fraudulentas. Aliás, segundo o director de gabinete de José Maria Neves, que vem mudando de argumentação consoante o dia ou a hora, a justificação dos 100 votos a mais foi substituída por dezenas de votos a mais em várias mesas de voto… Mas, tendo em conta não ter havido, em sede de mesa de voto, qualquer impugnação registada, como é o caso, desde logo o desenvolvimento da teoria dos votos a mais enferma de uma incongruência: a ser verdade, isso significaria que a fraude teria sido praticada com a cumplicidade dos delegados do PAICV e, quiçá, da própria Polícia de Ordem Pública. Ora, que interesse teriam os militantes do partido de José Maria Neves em dar a vitória ao MpD? Por outro lado, para quem conheça os procedimentos adoptados nas mesas de voto, é impossível alguém introduzir votos a mais ou outra qualquer coisa nas urnas sem que os membros da mesa, incluindo os delegados das candidaturas, se apercebam de tal facto. Portanto, está descartada, à partida, qualquer possibilidade de tal prática ter ocorrido na mesa (ou mesas) de voto, sem a cumplicidade dos representantes do PAICV, pelo que, a ter ocorrido, só poderia ter acontecido após o encerramento das urnas, depois de apurada a vitória eleitoral do MpD e, convenientemente, para dar alguma sustentabilidade à estratégia de impugnação. Improcedente, é certo, como se irá confirmar futuramente, mas susceptível de construir o enquadramento psicológico que permita criar a dúvida sobre a justeza da vitória de Francisco Tavares, emanada da soberana vontade maioritária do povo de Santa Catarina. A intenção é clara: Tavares ganhou com 100 votos falsos… UMA VELHA ARTIMANHA Já em 2008, por altura das eleições autárquicas, uma outra manipulação havia sido tentada – sem qualquer êxito, aliás -, com tentativas de assalto à Câmara Municipal de Santa Catarina de Santiago, intentando chegar às urnas de voto, aparentemente para as violar, e ganhar argumentos para pôr em causa o acto eleitoral. Os factos estão registados e são do domínio público. A memória não pode ser curta nem adaptada às conveniências de momento. Já na altura, pessoas ligadas ao PAICV lançaram a confusão ao apresentarem uma acta de uma assembleia eleitoral com discrepâncias de números, mais tarde reconhecida pelo próprio Procurador da República que acompanhou o processo como forjada. E, também nessa altura, A Semana foi parte da estratégia tambarina ao publicar em letras gordas: “As eleições autárquicas do passado domingo, 18, em Santa Catarina de Santiago, que deram a vitória à candidatura do MpD, correm o risco de ser anuladas. Isto porque foi detectada uma discrepância de mais de 1200 votos entre o número de inscritos e o de votantes, soube asemanaonline, junto de várias fontes”… O mesmo jornal que inventou, nas eleições de 1 de Julho último a estória dos 10 mil contos de Carlos Veiga, também sustentada em “fontes” e anunciou, sem margem para dúvidas, a vitória eleitoral de José Maria Veiga. Com data de 24 de Maio de 2008, o Liberal escrevia na sua página: “Ontem foi noite rocambolesca: teria sido assinalada no interior do edifício da Câmara em Assomada uma presença anómala. Alertada a Polícia Nacional esta de imediato tomou providências. Junto à Câmara, cerca da 1 da manhã, estavam dois automóveis: um deles com o famoso Funco, irmão de José Maria Neves, e a esposa, a não menos famosa Ló; no outro, encontrava-se um indivíduo, igualmente identificado, com chapéu a encobrir-lhe o rosto. Pouco depois surgiu um terceiro automóvel, com o delegado da Juventude. E uma quarta viatura, com outro familiar de José Maria Neves. Os ocupantes das últimas viaturas, com ar muito agitado, encaminharam-se para o Centro da Juventude onde estiveram reunidos. Às três da manhã, pura e simplesmente fugiram. Entretanto, a PN continuava a vigiar a Câmara, tentando interceptar um suposto intruso. Todos os indivíduos envolvidos nestas movimentações foram identificados pela polícia”. A intenção parecia ser óbvia, introduzir nas urnas os tais 1200 votos a mais que permitissem impugnar as eleições. E o papel do jornal do Palmarejo revelou-se, como agora, parte da mesma estratégia. Com um senão: no afã de servir esse objectivo, A Semana publicou a notícia demasiado cedo, não contando com a intervenção da polícia e frustrando o objectivo confesso de anular as eleições naquele concelho do interior de Santiago. Quer em 2008, quer em 2012, resulta da contagem dos votos, autenticada em acta, a vitória do MpD. Na altura, como agora, o Procurador da República avalizou a contagem final que garante a vitória, numas como noutras eleições os delegados do PAICV não requereram em sede própria qualquer impugnação. A estória parece repetir-se por outros meios… http://liberal.sapo.cv/noticia.asp?idEdicao=64&id=36445&idSeccao=523&Action=noticia |
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Liberal:A MÁQUINA TAMBARINA DA MENTIRA
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