Comunidade em Portugal celebra triunfo do MpD na autárquicas
Emanuel Barbosa dirigiu várias críticas ao executivo de JMN, por “patrocinar a criação de associações que são apoiadas financeiramente e instrumentalizadas politicamente para funcionarem como extensão do partido para rivalizarem com os municípios administrados pelo MpD”
Praia, 10 de Julho 2012 - No passado domingo, 8, uma semana após o escrutínio autárquico, a estrutura em Portugal do Movimento para a Democracia (MpD-PT) reuniu, num encontro intitulado “Festa da Vitória”, com os seus militantes e simpatizantes em terras lusas. Tendo por palco a cidade da Amadora, num ambiente bastante efusivo, dissecaram-se os resultados eleitorais e festejou-se, nas palavras do Emanuel Barbosa, coordenador do MpD Portugal, a “estrondosa vitória infligida ao PAICV” que, segundo ele, “desde a derrota nas presidenciais que está esfrangalhado e dividido”, pelo que, é opinião dele, o MpD tem de estar preparado porque o governo do JMN “tanto pode ir até a 2016 como pode cair a qualquer momento”.
A abertura do encontro coube ao sexagenário militante do MpD-PT, também membro da Comissão Politica Regional, Juvenal Amarante, que fez uma breve dissertação sobre os 37 anos da independência começando por citar Miguel Servantes, afirmando que “a história é émula do tempo, repositório dos factos, testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro”, para logo de seguida rematar que a nossa democracia não foi a custo zero, foi conquistada “com idealismo, realismo, convicção, frustações, solidão e servidão”. Lembrou ainda os ideiais do pai da independência, Amilcar Cabral, para referir que “o homem mede-se pela sua dignidade e liberdade” exortando JMN e o seu governo a perseguir o caminho da liberdade, da tolerância e da verdade.
Bastante aplaudida foi a apresentação da Manuela Oliveira, membro da Comissão Politica Regional, que enunciou os resultados autárquicos. Os militantes e simpatizantes não cabiam de contentes pela predominância do verde, a cor do MpD, no mapa de Cabo Verde. Os resultados foram apresentados concelho a concelho com salvas de palmas a acompanhar cada um dos municípios ganho pelo MpD. Aquando da apresentação dos resultados dos concelhos da ilha do Fogo houve quem comentasse “Fogo mesti muda”, o que gerou uma manifestação imediata de concordância de todos os presentes.
Antes da intervenção do coordenador do MpD-PT, ainda houve tempo para ouvir a alocução intitulada “O estado em que chegou o PAICV e o seu líder, José Maria Neves” proferida pelo Nelson Brito, ex-coordenador do MpD-Luxemburgo, que começou por afirmar o quanto é falsa a afirmação de JMN de que o “PAICV é o maior e o melhor partido cabo-verdiano e estamos mais fortes do que nunca”.
Acusou JMN e os seus colegas de partido de se acharem acima de tudo e de todos, e com pretensão a mandarem na vontade do povo, mas acrescentou que estão enganados que “a vontade do povo é soberana e assim o foi expressamente manifestada nas eleições presidenciais últimas e agora nas autárquicas de 1 de Julho”. Recriminou a postura de JMN que, perante a derrota, adoptou um estilo de discurso incendiário dizendo “não aceitar o veredicto do povo, expresso em votos, na urna, acusando o MpD de fraude eleitoral”.
PAICV PROMETE “MUNDOS E FUNDOS”
O aguardado discurso do líder do MpD-PT e deputado da nação, Emanuel Barbosa, finalmente chegou, com este a começar por agradecer aos candidatos que se “bateram contra todas as intempéries para conseguirmos os brilhantes resultados”, a José Luís Livramento e a sua equipa que “conduziu o processo autárquico com muita perspicácia”, ao presidente do MpD, Carlos Veiga, “que incansavelmente esteve em todos os cantos de Cabo Verde com os nossos candidatos ajudando a construir pedra a pedra a grande vitória conseguida no dia 1 de Julho”, e, por último, ao povo cabo-verdiano que “depositou, mais uma vez e de forma mais expressiva, a sua confiança no MpD e nos seus candidatos”.
Barbosa salientou que a vitória do MpD não foi obra do acaso, mas sim resultado do que ele entende ser a forma séria como o MpD se apresentou a estas eleições “com um projecto claro baseado no PACTO POLITICO que foi assinado por todos os nossos candidatos”, da avaliação positiva que o eleitorado fez do desempenho dos autarcas do MpD uma vez que “praticamente todos foram reconduzidos”, da apreciação negativa do PAICV que “promete mundos e fundos para ganhar as eleições, para logo a seguir mandar tudo para as calendas gregas”, e da reprovação “do sufoco que o governo do Sr. José Maria Neves votou as câmaras administradas pelo MpD”. Ainda acrescentou que o resultado conseguido no dia 1 de Julho também é uma resposta à governação de JMN “que tem resultado em mais desemprego, menos segurança, mais dívida, numa desastrosa política energética, mais nepotismo e clientelismo, querendo transformar Cabo Verde no quintal do PAICV”.
José Maria Neves foi identificado por Barbosa como o grande rosto da derrota, por se ter “envolvido directamente na escolha dos candidatos e intensamente na campanha eleitoral”.
A plateia, bastante atenta às declarações do líder regional do MpD, várias vezes interrompeu a sua alocução com aplausos, manifestando concordância com as suas afirmações. Assim foi quando o governo do JMN foi acusado de um “gritante ataque ao desenvolvimento do poder local”, quando “retira recursos às câmaras do MpD, mas continuando as câmaras com a responsabilidade de promover a justiça social através do apoio às famílias carenciadas, no acesso à habitação, à educação, à saúde e outros serviços essenciais”.
JMN DEVE “ASSUMIR RESPONSABILIDADES
Emanuel Barbosa dirigiu várias críticas ao executivo de JMN, por “patrocinar a criação de associações que são apoiadas financeiramente e instrumentalizadas politicamente para funcionarem como extensão do partido para rivalizarem com os municípios administrados pelo MpD”, porque segundo ele o governo do PAICV olha para o poder local “como um contra-poder e não como um outro poder, e em consequência tem mantido com e uma relação perversa contrária ao estatuído na Constituição da República”.
O coordenador do MpD-PT, por fim, recordou que Felisberto Vieira já pôs o lugar de presidente da Comissão Política Regional de Santiago Sul à disposição e que tal é tido como uma afronta a JMN e um recado a este para que assuma as suas responsabilidades e sua quota-parte da derrota. Daí ter exortado o partido a continuar a trabalhar afincadamente, para estar sempre próximo das pessoas e, socorrendo-se do slogan de Ulisses Correia e Silva, pediu a todos os militantes do MpD para se manterem unidos “djunto pa trabadja” para um “Cabo Verde melhor para todos os cabo-verdianos e não só para alguns como tem sido o lema do PAICV.”
A parte final do encontro foi dedicada à gastronomia e à música. A parte musical esteve a cargo de Morgadinho e Fausto,curiosamente, dois músicos oriundos do concelho dos Mosteiros, onde o MpD perdeu por uma margem considerável.
Correspondente
http://liberal.sapo.cv/noticia.asp?idEdicao=64&id=36456&idSeccao=523&Action=noticia
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