Embaixador da União Europeia considera:
José Manuel Teixeira ficou impressionado com a radiografia socioeconómica do concelho apresentado por Francisco Tavares, que ao longo da sua exposição enalteceu o nível de cooperação entre o nosso país e a UE sem, contudo, deixar de colocar o acento tónico no nível da pobreza em que se encontra o município
José Manuel Teixeira ficou impressionado com a radiografia socioeconómica do concelho apresentado por Francisco TavaresPraia, 24 novembro 2012 - O novo embaixador da União Europeia (UE) em Cabo Verde, José Manuel Pinto Teixeira, efetuou esta manhã de sábado, 24, uma visita de cortesia ao presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina de Santiago, Francisco Tavares, em vésperas das festividades de Nha Santa Catarina, padroeira daquele município da região Norte da ilha.
De acordo com o chefe da missão diplomática da UE acreditado no nosso país, esta visita surge - dois meses depois de assumir as funções de embaixador - numa altura em que está a cumprir uma agenda de contactos junto das instituições do país e, por isso, entendeu ser agora uma altura ideal para visitar o edil Francisco Tavares, que completou, justamente hoje, 100 dias de governação à frente do Município de Santa Catarina.
José Manuel Teixeira ficou impressionado com a radiografia socioeconómica do concelho apresentado por Francisco Tavares, que ao longo da sua exposição enalteceu o nível de cooperação entre o nosso país e a UE sem, contudo, deixar de colocar o acento tónico no nível da pobreza em que se encontra o Município de Santa Catrina. “Tanto quanto pude informar-me junto do senhor presidente da câmara, os níveis da pobreza neste concelho são particularmente preocupantes, se olharmos para o todo nacional. Os dados que me foram fornecidos apontam para uma taxa de pobreza em Santa Catarina na ordem dos 40 por cento, o que demonstra uma assimetria em desfavor deste município”, confessa o representante da UE no nosso país, para quem o concelho pode estar comprometido quanto à meta dos Objetivos do Milénio no domínio da pobreza.
MUNICÍPIOS E ONGs PODEM CONCORRER À “AJUDA NÃO PROGRAMADA” DA UE
Instado a pronunciar-se sobre se há possibilidade, ou não, de o Município de Santa Catarina vir a receber o apoio da União Europeia, no quadro da cooperação descentralizada para debelar o fenómeno da pobreza, José Manuel Teixeira é perentório: “a modalidade de cooperação entre a UE e Cabo Verde assenta no apoio financeiro ao Orçamento do Estado, alinhado com uma estratégia de crescimento e da redução da pobreza que o Governo preconizou”, assevera aquele diplomata, garantindo que esta filosofia de apoio continuará, esperando que essa contribuição financeira possa vir a apoiar na redução da pobreza no concelho e, desta forma, colocar o município no nível percentual do todo nacional”.
Entretanto, o representante da UE vai dizendo que, para além da modalidade convencional de cooperação entre a sua instituição e Cabo Verde, existe a chamada “ajuda não programada” da União Europeia, para a qual qualquer ONG e/ou municípios, no caso particular de Santa Catarina, podem concorrer com projetos sociais.
CABO VERDE PODE NÃO ATINGIR A META DOS OBJETIVOS DO MILÉNIO PARA POBREZA
O presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina regista com agrado a visita do embaixador da União Europeia ao concelho, que acontece na véspera das festividades do dia do Município e de Nha Santa Catrina. “Durante a visita pude conversar com o senhor embaixador da UE, sobre vários aspetos da vida do município, particularmente dos desafios que interpelam, quer o poder local, quer o Governo, para uma maior sensibilidade e uma discriminação positiva, que tem que ver, por exemplo, com a maior descentralização financeira com vista a corrigir as assimetrias e promover o desenvolvimento em ordem à redução da pobreza e das desigualdades sociais”, disse Francisco Tavares avaliando positivamente os níveis de cooperação entre Cabo Verde e a União Europeia, esperando, contudo, que a contribuição financeira ao nosso país se traduza na melhoria das condições de vida das populações, localmente.
Relativamente, aos Objetivos do Milénio, Francisco Tavares despiu-se da camisola de autarca para, enquanto técnico que fez parte da equipa restrita que lançou os Objetivos do Milénio em Cabo Verde falar do risco que o País corre quanto ao incumprimento. “Cabo Verde não vai atingir a meta dos OM no capítulo da redução de desemprego, habitação e ambiente, não obstante a importância dalguns que já foram atingidos, como sendo os da saúde, do acesso a água potável e da equidade do género”, assegura o edil de Santa Catarina, questionando se hoje todos os OM continuam a ser pertinentes para balizar o desenvolvimento de Cabo Verde.
“Nós duvidamos que com a taxa de crescimento abaixo de 6 por cento, com a inflação acima dos 5 por cento e nível de desigualdade cada vez mais acentuado, Cabo Verde consiga atingir a meta dos OM no domínio da pobreza. Por isso, com base nessas evidências científicas a meta da pobreza pode estar comprometida”, concluiu Francisco Tavares, referindo-se ao fraco crescimento económico como um dos fatores desse incumprimento.
http://liberal.sapo.cv/noticia.asp?idEdicao=64&id=37703&idSeccao=517&Action=noticia
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