terça-feira, 1 de janeiro de 2013

CV:Presidente alerta para “consequências sociais indesejáveis” em 2013


Problemas “não irão desaparecer de um momento para o outro”… 
No entanto, Jorge Carlos Fonseca diz acreditar na capacidade de os cabo-verdianos enfrentarem a crise “de peito aberto, com criatividade, abnegação e sentido de realidade”, para “continuar a inventar a vida, [e] a edificar a felicidade”, porque é por esse caminho que “derrotamos as secas, vencemos o colonialismo, conquistámos a liberdade, iniciámos a construção da democracia”
O Presidente da República disse ter podido “conhecer a real situação do país, as limitações e as potencialidades, os anseios, as expetativas, as dúvidas e, sobretudo, a determinação e a coragem da nossa gente”
O Presidente da República disse ter podido “conhecer a real situação do país, as limitações e as potencialidades, os anseios, as expetativas, as dúvidas e, sobretudo, a determinação e a coragem da nossa gente”



Praia, 31 dezembro 2012 – Na mensagem de Boas Festas e Ano Novo, o Presidente da República traçou um cenário de previsíveis dificuldades para o próximo ano. “Os problemas que a Nação enfrentou em 2012 não irão desaparecer de um momento para o outro. E, por isso, não se pode esperar que as limitações de fundo que afligem a economia e a sociedade cabo-verdianas sejam resolvidas no imediato”, considerou Jorge Carlos Fonseca, para quem “no próximo ano continuaremos a conhecer limitações que decorrerão da crise internacional e de problemas próprios do país”.
DIFICULDADES NA ECONOMIA
Pautando-se por uma análise desapaixonada da situação do país, o chefe de Estado afirmou que “o nosso crescimento económico poderá não se situar no nível desejado, as empresas poderão conhecer dificuldades, com impacto negativo no emprego, o custo de vida poderá conhecer algum agravamento, quadro que, a confirmar-se, terá consequências sociais indesejáveis”.
Apesar de ter promulgado o Orçamento Geral do Estado, o Presidente da República não deixou de reconhecer que “nada garante que os impostos assegurarão as receitas que o Estado precisará em 2013 para cumprir, a preceito, a sua missão e para assegurar o serviço da dívida”, mas considerou também que “o abrandamento da actividade económica em 2012 e, previsivelmente em 2013, não nos deve impedir de ver mais longe e de continuar a preparar um futuro melhor para o nosso país”.
MENSAGEM DE ESPERANÇA
Contudo – e pesem embora as dificuldades -, o Presidente da República acredita “não só, que seremos capazes de conviver com as dificuldades que se avizinham, mas que as superaremos e que, ao final, estaremos melhor preparados para os desafios futuros”, pelo que “é preciso agir depressa e bem”.
Um rapidez que se torna tão urgente, quanto é necessário “descortinar formas eficazes de apoiar a actividade empresarial, quanto mais não seja porque, nas suas diversas modalidades, a actividade empresarial é o principal veículo de criação de riqueza, emprego e rendimentos para as famílias”, reforçando o “empresariado nacional – em sede de acesso a crédito e a capital de risco, sem esquecer mecanismos de recuperação de empresas nacionais viáveis com dificuldades financeiras conjunturais”, questões essenciais “para os nossos objectivos de crescimento a longo prazo e para a criação de emprego”.
Afirmando não duvidar “que o governo estará atento a esses cenários, a essas necessidades e que, em tempo útil, adoptará as medidas que se mostrarem adequadas”, Jorge Carlos Fonseca parece deixar claro que não ficará eternamente à espera de tais medidas, que eles terão de ser adotadas “em tempo útil”, mesmo sabendo que não serão “fáceis de concretizar, nem indolores”, mas rematando com um incentivo às capacidades inatas dos cabo-verdianos: “em diversos momentos da nossa história, demonstrámos que temos a tenacidade e a capacidade de nos superarmos. Temos demonstrado capacidade de resistência no passado e, estou certo, continuaremos a resistir e a progredir” no futuro.
TEMOS CONDIÇÕES PARA ENFRENTAR OS PROBLEMAS
Fazendo um breve balanço de quinze meses de mandato, Jorge Carlos Fonseca confessa ter hoje uma visão mais clara do país e das necessidades, sonhos e aspirações dos cabo-verdianos. “Estudei inúmeros dossiês e relatórios, aconselhei-me com colaboradores próximos, também com abalizados especialistas, nacionais e estrangeiros, das mais diversas escolas e tendências, das diferentes áreas, ouvi e dialoguei com sindicatos, entidades empresariais, associações de todo o tipo”, refere o Presidente, considerando ter sido “uma experiência inesquecível, de uma riqueza infinita”, proporcionando-lhe “olhos nos olhos, com muita emoção, por vezes algum dramatismo” um contacto direto “com gentes de todos os concelhos do nosso país e de boa parte da diáspora” com quem pôde “conviver e aprender em visitas oficiais ou de solidariedade”.
“Como referi há dias, no Tarrafal de Santiago, último concelho visitado este ano e na sequência do que já tinha experimentado em vários outros lugares, como Boston, nos Estados Unidos da América; Cova da Moura, em Portugal; Chã de Cemitério, em S. Vicente; ou Relvas, na ilha do Fogo, por exemplo, essa relação por vezes assumiu intensidade tão forte que ultrapassou a dimensão meramente política para se transformar num compromisso singelo e profundamente humano, no sentido de todos fazermos tudo para que a vida das pessoas, da nossa gente, seja cada vez melhor”, declarou Jorge Carlos Fonseca, adiantando que, “depois do contacto direto com cabo-verdianos dos quatro cantos do mundo, suas organizações sindicais, empresariais, culturais, juvenis e de diversos quadrantes da sociedade civil” se sente, “de facto, o Presidente de todos os cabo-verdianos”.
O Presidente da República disse ter podido “conhecer a real situação do país, as limitações e as potencialidades, os anseios, as expetativas, as dúvidas e, sobretudo, a determinação e a coragem da nossa gente”, o que lhe permite “afirmar hoje, categoricamente, que tanto no país, como na emigração - que também tem conhecido tempos muito difíceis -, temos as condições para enfrentar os problemas e minimizar as suas consequências”, e da forma que os cabo-verdianos sempre o fizeram: “de peito aberto, com criatividade, abnegação e sentido de realidade”, para “continuar a inventar a vida, [e] a edificar a felicidade”, porque é por esse caminho que “derrotamos as secas, vencemos o colonialismo, conquistámos a liberdade, iniciámos a construção da democracia”, enfatizou.
SOLIDARIEDADE ATIVA
Defendendo que, quer no país ou na diáspora, “temos de aprimorar a nossa solidariedade ativa, particularmente para com as crianças desprotegidas, os jovens desempregados, os idosos desamparados e as mulheres vítimas de violência”, Jorge Carlos Fonseca sustenta que esta não deve ser “pontual e passiva”, mas, outrossim, “uma grande corrente de solidariedade, que envolva todas as pessoas e encontre numa articulação estreita entre o governo e os municípios a sua expressão política, programática e operacional mais consequente”, porquanto “os tempos atuais impõem, com alguma urgência, este tipo de abordagem cujo valor supremo passa pela benevolência e pela filantropia, para se fixar no campo da igualdade”, asseverou o Presidente.
UM LONGO CAMINHO A PERCORRER PARA O REFORÇO DA DEMOCRACIA
Voltando a um dos seus temas recorrentes, Jorge Carlos Fonseca considera que para a realização plena da Constituição da República “ainda existe um longo caminho a percorrer”, pelo que “tudo deve ser feito para que cada vez mais ela seja, de facto, a grande referência no quotidiano de todos os cidadãos”, e desafiou os cabo-verdianos a assumirem “um compromisso para a realização da Constituição, no seu todo”.
“Se o Estado constitucional democrático não se identifica apenas com o Estado de Direito formal e quer legitimar-se também como Estado de direito de cariz social, sua concretização importa igualmente transformação social”, pelo que “a Constituição deixa de ser apenas do Estado, para ser também da sociedade”. E termina exortando a que juntos continuemos “a construir um Cabo Verde livre, democrático, solidário [e] justo”, expressando “os votos de Boas Festas e de um ano 2013 com muitas realizações, muita saúde, muita paz e toda a felicidade possível”.
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Veja o vídeo da mensagem do Presidente da República: https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=2WpDulPLa44
http://liberal.sapo.cv/noticia.asp?idEdicao=64&id=38202&idSeccao=523&Action=noticia

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