quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

CV:Prioridades são acelerar crescimento económico e debelar pobreza -- José Maria Neves

PRAIA-O próximo Governo de Cabo Verde, a conhecer em março, terá como prioridades acelerar o crescimento da economia, para gerar milhares de postos de trabalho, garantir rendimentos às famílias e debelar a pobreza, disse hoje o líder do PAICV.
Numa entrevista à Agência Lusa, José Maria Neves, que será primeiro-ministro pela terceira vez consecutiva, salientou que pretende, nos próximos cinco anos, acelerar também a estratégia de transformação de Cabo Verde, com fortes investimentos na habitação e na segurança social.
"(Vamos acelerar) os domínios das tecnologias informacionais, criando o Cluster TIC, e, na área do Mar, vamos criar também o respetivo «cluster»", acrescentou, sublinhando que tudo será feito tendo como pano de fundo aproveitar "todas as potencialidades para acelerar o ritmo de desenvolvimento" do país.
Sobre as eleições legislativas cabo-verdianas de domingo, ganhas pelo PAICV com nova maioria absoluta (37 dos 72 deputados), José Maria Neves sublinhou que a nova vitória deve-se "ao trabalho desenvolvido pelo Governo nos últimos cinco anos".
"A avaliação dos cabo-verdianos é extremamente positiva. Todas as sondagens mostravam um nível elevado de otimismo e confiança no futuro e estávamos confiantes na renovação do mandato e da maioria", sustentou, desdramatizando a perda de quatro deputados em relação às eleições de 2006.
"Tem a ver com a distribuição dos círculos eleitorais. Tivéssemos os mesmos círculos de 2006 e teríamos mais deputados. De todo o modo, o círculo/ilha acaba por garantir um maior equilíbrio na distribuição dos votos, o que também, em democracia, é sempre bom, para refrear qualquer arrogância ou tentativa de exercício do poder sem limites", sustentou.
Questionado pela Lusa sobre se a bipolarização reinante no país (PAICV e Movimento para a Democracia -- MpD) desde a abertura ao pluralismo político (1990) afeta a democracia e os pequenos partidos, o líder dos "tambarinas" salientou que a "culpa" é da sociedade cabo-verdiana e, como tal, desvalorizou a questão.
"O facto é que a sociedade cabo-verdiana é bipolarizada. Não podemos forçar as coisas. A democracia americana é estribada em dois partidos -- republicanos e democratas -- e não podemos dizer que não é democrática por isso", sustentou.
"Um sistema partidário resulta da dinâmica social e política de cada país e não podemos impô-la desde que haja possibilidade de apresentação de alternativas, da realização periódica de eleições e da existência de regras de jogo que devem ser respeitadas por todos", justificou José Maria Neves.
No entanto, para o líder do PAICV, a alteração na Lei Eleitoral que acabou com os círculos/município (22) e criou os círculos/ilha (10, mais os três da diáspora), acabou por ser "benéfica" para os pequenos partidos, do Trabalho e Solidariedade (PTS) e Social Democrata (PSD), que, juntos, não atingiram sequer 1 por cento dos votos.
Sobre a significativa queda na taxa de abstenção nas eleições de domingo -- passou de cerca de 46 por cento em 2006 para cerca de 24 por cento -, José Maria Neves justificou-a com o novo recenseamento eleitoral feito em 2010.
"O recenseamento de 1995 era viciado, com dados empolados, e sempre houve uma participação forte dos cabo-verdianos nas eleições e a abstenção era elevada porque havia muita gente a mais nos cadernos eleitorais, com duplas e triplas inscrições. Isso comprometia o nível de participação eleitoral. Mas nestas eleições houve uma forte adesão, uma forte participação cívica das pessoas", concluiu.
http://legislativas2011.sapo.cv/info/artigo/1128773.html

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