terça-feira, 14 de setembro de 2010

COMUNIDADES: ENTREVISTA COM NELSON BRITO-MPD LUXEMBURGO

Governo está a brincar com os cabo-verdianos da diáspora

NÃO HÁ RAZÕES PARA DAR O TERCEIRO MANDATO A JMN
Nelson Brito da Comissão Politica do MpD-Luxemburgo esteve recentemente na Holanda a participar num evento político organizado pela Estrutura do MpD da Holanda. Aproveitamos a sua presença para uma pequena conversa. Nessa conversa Nelson Brito acusa o governo de JMN de estar a brincar com a diáspora e deixa claro que não há razões para dar o terceiro mandato a José Maria Neves
Rádio Atlântico - Esteve na Holanda a participar num evento organizado pelo MpD Holanda. Que importância teve para si esse encontro?
Nelson Brito - O encontro foi muito profícuo porque houve uma boa adesão dos militantes e amigos do MpD, serviu-nos para trocar ideais com os nossos amigos do MpD da Holanda e ao mesmo tempo serviu-nos também para definir uma agenda política do partido para o Benelux.
RA - É um sinal que as Estruturas do MpD da região do Benelux estão sintonizadas?
NB - Sim, acho que é necessário que haja uma estratégia política concertada entre esses países. Como sabem são países vizinhos em que os problemas e anseios das nossas comunidades são quase os mesmos. Daí a necessidade de uma coordenação consertada, aliás defendemos que é oportuno que haja uma coordenação única para Europa que definiria uma agenda política em sintonia com todas comissões políticas dos países da nossa região.
RA - O Recenseamento já começou em Luxemburgo?
NB - Como sabem o governo luxemburguês, disponibilizou-se em apoiar o recenseamento na diáspora. É triste dizer que ainda não começou e nem sabemos quando começa. Penso que estão a brincar com a comunidade cabo-verdiana e com aqueles que se disponibilizaram em financiar o recenseamento. O governo está mais interessado nas nossas remessas do que na nossa participação política. Penso que ainda não criaram condições para iniciar o recenseamento, por terem perdido cá no Luxemburgo.
RA - Quantos postos móveis serão criados? Acha que são suficientes?
NB - Como há dois kits, haverá dois postos móveis, um para a zona sul, outro para zona norte. Sem falar do fixo que se localiza no consulado de Cabo Verde na capital. Como vêem a comissão tem feito o seu trabalho, o governo que não tem vindo a assumir os seus compromissos nessa matéria, ou seja, não criou as condições para que o processo se iniciasse em Março como previsto.
RA - Mudando de assunto quais os problemas que os nossos conterrâneos atravessam neste momento em Luxemburgo?
NB - Temos problemas gravíssimos: para as autoridades luxemburguesas o único documento válido é o passaporte no caso de países como o nosso. Acontece que muitos cabo-verdianos têm sido lesados pelo Estado de Cabo Verde porque os passaportes da nossa comunidade deixaram de ser emitidos cá no consolado ou seja, são emitidos em Cabo Verde. O problema é que por este facto pessoas passam até quatro meses sem receber o seu passaporte. Há pessoas que adiaram ou mesmo ficarem sem irem de férias, outros perderam negócios e até houve casos em que pessoas, perderam e ficarem sem empregos por não possuírem passaporte. Como sabem o único documento válido para os estrangeiros no Luxemburgo é o seu passaporte, e o Estado, o Governo sabe melhor do que ninguém disso. Por isso custa-me compreender o porquê dessa irresponsabilidade. Isso não dignifica o esforço que cada um de nós faz todos dias para que cada vez mais o nosso país seja deveras um país que todos sonham e nem dignifica as excelentes relações cooperação que temos com o Grão Ducado de Luxemburgo. Há sim muita conversa e pouca acção da parte deste governo cansado e sem ideias para dar rumo ao país.
RA - O Consulado dá um tratamento eficaz a esses assuntos que tem a ver com os cabo-verdianos residentes neste País?
NB - O consulado tem colaborado muito nesta matéria, como é do conhecimento público essa questão de emissão de passaportes ultrapassa as competências do consolado. Porem, tenho ouvido pessoas lesadas dizendo que apesar desse constrangimento têm recebido muita abertura por parte da encarregada dos negócios no sentido de minimizar essas dificuldades.
RA - Voltando para a questão do Recenseamento Eleitoral, queria perguntar-lhe se o seu Partido está preparado para dar o seu contributo no Recenseamento Eleitoral que ora começa na diáspora…
NB - Claro, desde Fevereiro temos vindo a alertar às pessoas de que o recenseamento iniciava no mês de Março, contudo, já estamos no mês de Setembro nem sequer começou e já é sabido de que termina no mês de Novembro. Imaginem, nem sequer iniciou, o governo já definiu a data do término. Isso mostra-nos que o governo não tem interesse numa grande participação da diáspora na vida política do país. Por não ter cumprido o prometido, a única alternativa que governo dispõe para minimizar os estragos é impedir que muitos conterrâneos se recenseiam.
RA - Como analisa o desempenho do actual governo no tocante a diáspora cabo-verdiana?
NB - Sou um jovem que defendo os meus valores, os meus princípios e tenho como todos cabo-verdianos uma visão para o meu país. Penso que esse valor que defendo, não me impede de fazer uma análise séria da realidade da diáspora cabo-verdiana e do que se passa em Cabo Verde. Como estamos a falar de política, muitos autores, defendem que ela é a “arte de bem governar,” que pressupõe dar melhor qualidade de vida às pessoas. Neste caso acho que o balanço é negativo, assim vejamos: consegue-se hoje no nosso caso em Luxemburgo, os documentos necessários com um timing razoável para podermos melhor integrar e resolver os nossos problemas? Não! Há um serviço cultural e educacional nas embaixadas e consulados para promover a nossa cultura e uma melhor integração da nossa comunidade nesses países? Não! Há uma estratégia para apoiar e incentivar as associações cabo-verdianas espalhadas pelo mundo? Não? Há um “casamento” que seria interessante entre a nossa TACV e os imigrantes? Não! Pagamos menos impostos, temos vindo a ganhar mais poder de compra no nosso país? Não! Há um provedor do imigrante eleito duma forma independente para defender e resolver problemas que nos afligem? Não? Sentimo-nos mais seguros quando vamos ao nosso país? Não. Por isso não há razões para dar o terceiro mandato a um governo que ao fim de 10 anos não fez políticas para mudar num bom sentido a vida das pessoas. O país não tem recursos para sustentar muita propaganda, muita retórica. Precisamos sim de muita acção, para podermos criar emprego e riqueza para o nosso país.
Norberto Silva, Rotterdam-Holland
http://liberal.sapo.cv/noticia.asp?idEdicao=64&id=30175&idSeccao=523&Action=noticia

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