HAIA-O governo da Holanda corta o orçamento para a ajuda ao desenvolvimento. Ao mesmo tempo, o dinheiro que fica será gasto de outra forma. A mudança é, em parte, resultado de medidas de austeridade geral devido à crise financeira. Mas também representa uma mudança na política holandesa a respeito da ajuda.
O secretário de estado holandês Ben Knapen sustenta que a ajuda ao desenvolvimento deve se tornar mais eficiente, orientada a fomentar o crescimento econômico e menos esporádica. “Deve se tornar mais prática. Nisso estamos todos de acordo. E, de fato, já se tornou muito mais prática. Nesse sentido, a imagem que se tem é mais negativa do que é na verdade. Já não é uma prática obsoleta e ingênua, mas algo muito realista. E o deve ser ainda mais”.
Knapen tem a intenção de impor mais eficiência ao setor. O orçamento do próximo ano será cortado em 8%, com planos de reduzir mais 20% nos próximos quatro anos. As três maneiras em que o governo da Holanda cortará a ajuda serão, através da ajuda direta bilateral, a ajuda através da União Europeia e as organizações internacionais como o Banco Mundial, e subsídios a organizações não governamentais.
Os primeiros afetados
Provavelmente estes cinco países não receberão ajuda econômica no próximo ano: Benin, Senegal, Moldávia, Burundi e Zâmbia. Ruanda e Tanzânia já haviam sofrido cortes. Os 40 países que recebem outros tipos de ajuda por parte do governo holandês ficarão possivelmente reduzidos a 12. Knapen anunciará os nomes dos primeiros cinco países parceiros esta semana.
As mudanças pedidas pelo Secretário de Estado já haviam aparecido como recomendação em um informe do ano passado publicado sob o título: “Menos pretensões, mais ambições”. Um dos autores é o próprio Knapen. Agora ele está implementando suas próprias recomendações.
Mas as recomendações são controversas. Sjoera Dikkers, do partido social democrata de oposição PvdA, disse que a ajuda ao desenvolvimento foi traída: “Knapen se transformou no secretário de Estado das liquidações. A cooperação e o desenvolvimento foram privatizados, desvalorizados, contaminados.”
Dever moral e político
O companheiro de partido de Dikkers, Jan Pronk, está de acordo. Ele foi ministro de desenvolvimento por um total de 14 anos e também é ex-representante especial das Nações Unidas no Sudão. Pronk é a personificação da política de desenvolvimento holandesa dos últimos trinta anos. Ele considera que a ajuda ao desenvolvimento é um dever moral e político e que seu orçamento não deveria ser incluso para equilibrar as contas nacionais.
De fato, os oponentes de Knapen indicaram que inclusive o Reino Unido, que está fazendo cortes mais radicais no orçamento nacional do que a Holanda, não está diminuindo a ajuda ao desenvolvimento.
A defesa de Knapen é que, inclusive depois dos cortes, a Holanda manterá sua posição de país generoso. Ele considera que os governantes não devem deixar que suas emoções e solidariedade diante do sofrimento humano guiem suas decisões políticas.
Fonte:RNW-Por John Tyler
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