sábado, 8 de janeiro de 2011

CV(ANAÇÃO):Islamização: Cabo Verde na mira do Tabligh Jamaat

PRAIA-A organização islâmica radical, Tabligh Jamaat (TJ) prepara-se para fazer mais uma “investida” em Cabo Verde, ainda no decurso deste mês de Janeiro. O “sucesso” da missão realizada entre 30 de Julho a 5 de Setembro, ao que tudo indica, terá dado mostras da existência de um “terreno fértil” para a propagação daquela religião.
Na sua primeira missão desenvolvida na cidade da Praia, a delegação do TJ encetou contactos, essencialmente, com indivíduos da comunidade muçulmana, mas, segundo uma fonte do A NAÇÃO, esta segunda missão - que deverá acontecer ainda no decurso deste mês de Janeiro -, poderá ser “mais agressiva”, porque a ideia é tentar mobilizar jovens cabo-verdianos para a religião, aproveitando o facto de alguns já se terem convertido ao islamismo.
Na primeira viagem, a delegação da organização islâmica radical TJ foi acolhida e alojada, na altura, por um cidadão cabo-verdiano, alegadamente convertido ao islamismo, tendo de seguida iniciado vários encontros com indivíduos provenientes da África Ocidental, designadamente, imigrantes que trabalham na construção civil e como guardas-nocturnos, bem como, com representantes da comunidade libanesa na cidade da Praia.
A TJ quer aproveitar o crescimento “exponencial” da comunidade muçulmana em Cabo Verde, para “marcar terreno”, tendo em conta a sua filosofia de “pregação e propagação”.
Praia, Assomada e Mindelo são as cidades onde se pode notar uma maior movimentação da comunidade islâmica, mas já há indícios de uma certa actividade nas ilhas de Santo Antão e da Boa Vista.
CAPITALIZAÇÃO DE FRAQUEZAS
Outro facto a ter em conta é a crescente adesão de cabo-verdianos ao islamismo, tanto pela via do matrimónio (mulheres) como pela via individual, por jovens que procuram novas experiências, ou, simplesmente, como escape aos males que enfrentam a sociedade cabo-verdiana.
Para tentar capitalizar essas condições “propícias” para a propagação do islamismo, o TJ aproveitou o período do Ramadão para fazer deslocar a Cabo Verde uma delegação chefiada por um alto quadro da organização, o que para alguns observadores terá sido uma decisão “nada inocente”.
Esta visita “coincidiu”, também, com a presença no território nacional do ex-detido de Guantánamo e com a vinda de um alegado “Príncipe” saudita, pretendendo comprar terrenos no Município da Praia, para a construção de uma Mesquita e de um Centro Islâmico.
Esses factos mereceram uma atenção especial das autoridades nacionais, que estão, desde 2009, na posse de dados que dão conta da pretensão do TJ em expandir a sua acção para os territórios de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, utilizando Portugal como ponto de partida.
A fragilização da presença das igrejas cristãs (Católica e Protestante), em espaços marcados por alguma precariedade e profundas carências económicas e sociais, poderá abrir flanco para a entrada e potencial instalação da Tabligh Jamaat em Cabo Verde, País de matriz fundamentalmente judaico-cristã.
Esses espaços nem sempre têm sido cobertos, também, por projectos sociais do Governo, deixando, assim, uma franja substancial da população (incluindo imigrantes da CEDEAO), à mercê de organizações islâmicas, dotadas de agendas muitas vezes radicalizadoras e capacidade financeira para as implementar.
O número de imigrantes tanto da Costa Ocidental Africana, como, ultimamente, também da Península Indo-Paquistanesa, trabalhando essencialmente como guardas nocturnos, na construção civil, no comércio informal ou noutros projectos, se instrumentalizado por organizações islamistas radicais, pode, a médio prazo, erigir-se num factor preocupante de ameaça potencial à segurança interna de Cabo Verde, que não pode ser mais ignorado.
DISCURSOS RADICALIZANTES
Esta situação preocupa uma boa franja da sociedade cabo-verdiana que, sem prejuízo pelo princípio de inviolabilidade do direito à liberdade de religião e de culto, garantido pelo artigo 28º da Constituição da República, diz que urge ponderar a introdução de medidas que visem a regularização (existência oficial) dos locais de culto, por parte de todas as congregações religiosas activas no território nacional.
Tal precaução decorre do conhecimento que tem do “modus operandi” das organizações islamistas radicais e do potencial de violência que podem engendrar, normalmente exacerbados em discursos radicalizantes no interior dos locais de culto.
Embora não esteja provado o envolvimento do TJ no encaminhamento de jovens para a Jihad, facto é que a investigação de diversos atentados terroristas e planeamentos de atentados têm revelado as ligações de terroristas às estruturas desta organização.
Cabe ainda referir a existência de indícios credíveis de ligações entre elementos da TJ e grupos extremistas, designadamente na Bósnia, em Cachemira, no Sahel e nas Filipinas.
Relatos não confirmados referem, ainda, o envolvimento da organização no recrutamento de extremistas em prisões e hospitais Europeus.
ACTIVIDADES CAMUFLADAS
Neste contexto, afigura-se que a TJ poderá funcionar como uma organização de base, que, a coberto das suas actividades de cariz religioso, servirá como um meio de cobertura para o recrutamento e circulação de meios materiais e humanos em benefício de organizações extremistas.
No cruzamento de diversas informações, pode-se chegar à conclusão de que a TJ é um “grupo radical” islâmico, que realiza reuniões em vários países do mundo, e que, a pretexto de uma delas possibilita a entrada de alegados terroristas em diversas paragens do globo.
Entretanto, esta “constatação” é refutada, liminarmente, por aqueles que professam o islamismo. “O Tabligh Jamaat é um movimento islâmico tolerante e pacífico, que já está a implantar-se em Cabo Verde e que, em termos de membros e aderentes, pode ser considerado, hoje em dia, o maior movimento islâmico no mundo”, disse ao A NAÇÃO, uma fonte da comunidade muçulmana em Cabo Verde.
A referida fonte explicou, ainda, que o movimento religioso Tabligh Jamaat tem como objectivo relembrar a prática do Islão e que reuniões entre os membros desta comunidade “são comuns, tanto na Europa como em África”.
RADIOGRAFIA DE TJ
Tabligh significa "propagar" e Jamaat significa "grupo". Trata-se de um movimento religioso pacífico e tolerante e ao qual qualquer pessoa se pode juntar”, explicou.
“O facto de pessoas ligadas a este movimento terem vindo de fora para assistir e participar na reunião da comunidade, que se realizou durante o período do Ramadão, é completamente normal”, acrescentou a fonte do Jornal A NAÇÃO.
Entretanto, os Serviços de Informação e de Inteligência de Países da Europa e dos Estados Unidos da América mantêm o TJ sob apertada vigilância, por considerarem que a organização que aparenta ter fins pacíficos poderá estar por trás de esquemas de recrutamento de jovens para acções terroristas.
O Tabligh Jamaat descreve-se a si próprio como um grupo apolítico, não violento e interessado apenas em fazer regressar os Muçulmanos ao Islão.
O seu principal intuito – garantem os seguidores - consiste em preservar a fé, coesão e identidade da população muçulmana. Para tal, oferecem elaboradas definições do que consiste ser-se Muçulmano, sobretudo no que toca ao código que rege o comportamento individual.
Apesar de tudo, apresentam uma mensagem simples e contendo os princípios de base do Islão. Baseando-se nos textos sagrados, este comportamento enfatiza a prática do próprio Profeta e dos fundadores do Islão no século VII.
Ao aderirem a este movimento, os adeptos rompem com o seu modo de vida anterior e adoptam hábitos islâmicos na sua conduta diária.
O modo de actuação do Tabligh consiste na reunião de pequenos grupos de missionários que visitam mesquitas, locais de culto, campus universitários ou se aproximam dos mais desfavorecidos, pregando o regresso aos verdadeiros valores islâmicos.
Com esta abordagem, tentam captar novos membros, normalmente jovens do sexo masculino em busca de identidade, para dedicarem alguns dias ou semanas por ano à da’wa (pregação).
http://www.alfa.cv/anacao/index.php?option=com_content&task=view&id=1960&Itemid=1

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