domingo, 20 de maio de 2012

ASemana:Estudante à beira de um ataque de nervos, no Brasil: Sem bolsa e sem visto


Cláudia Sofia, uma estudante cabo-verdiana no Brasil, anda à beira de um ataque de nervos, com receio de ser repatriada antes de terminar o curso de Letras que está prestes a concluir na Universidade de S. Paulo. O problema desta aluna mindelense é que perdeu o direito à bolsa e, para piorar as coisas, o seu visto de estudante está caducado.

Estudante à beira de um ataque de nervos, no Brasil: Sem bolsa e sem visto
Desde Janeiro deste ano que Cláudia Sofia se encontra no fio da navalha, vivendo e sobrevivendo da ajuda de colegas, especialmente de uma amiga angolana que lhe tem emprestado dinheiro para suportar despesas correntes. Ela que deixou de ser bolsista porque, como explica, não conseguiu terminar o curso dentro do prazo estipulado de cinco anos, embora já esteja na recta final. “Não perdi nenhum ano, apenas tinha que fazer Bacharelato e Licenciatura nesse período de tempo, que é curto. Vi logo que não conseguiria fazer a formação em cinco anos porque é muita matéria. Sou uma aluna dedicada, tenho boa média, só me faltam alguns meses para terminar e, agora que estou na recta final, é que me vem acontecer esta situação”, lamenta Sofia, 25 anos de idade, que afirma estar desesperada, sem bolsa e sem visto, no Brasil. Ela que tem estado a mover mundos e fundos para tentar solucionar a sua situação, já recorreu ao Consulado de Cabo Verde em S. Paulo, enviou emails para a Embaixada em Brasília, e até pediu a familiares residentes em S. Vicente para tentarem ver junto da Ficase, instituição que gere as bolsas de estudo, como resolver o seu caso.
Mas apesar dos esforços, diz ela, continua no mesmo lugar, vivendo o pesadelo de poder ser expulsa do Brasil, antes de concluir o curso. “Já enviaram mensagens do próprio Consulado para a Embaixada, relatando a minha situação, e não houve qualquer reacção. Eu própria entrei em contacto com o senhor Luís Rogério, Assistente Consular da Embaixada, por telefone e email, mas de nada serviu”, relata Cláudia Sofia, que costumava receber uma bolsa de seiscentos reais, quase 25 contos, que agora perdeu. “Sei de uma outra aluna que está praticamente na mesma situação, que fez de tudo para tentar resolver o problema e também não conseguiu”, acrescenta esta moça, que se mostra particularmente preocupada com a sua situação legal no Brasil.
Segundo Luís Rogério, Assistente Consular da Embaixada de Cabo Verde em Brasília, a única forma da estudante renovar o visto será sair do Brasil, mesmo que seja para um país vizinho, e voltar a entrar com um outro visto. Habituado a lidar com esse tipo de problemas que volta e meia afecta os bolseiros cabo-verdianos, Rogério assegura que, em relação à caducidade do visto, a Embaixada não tem muito espaço de manobra. No entanto, explica, o serviço diplomático pode sempre informar a divisão da emigração brasileira do problema, demonstrar que se trata de uma estudante prestes a terminar o curso e, assim, conseguir que lhe seja estampado um novo visto de entrada no país. “Quando o visto de um estrangeiro caduca, ele tem de sair do país. E a Polícia Federal é muito exigente nesses casos”, informa Luís Rogério, relembrando que os estudantes devem pedir a prorrogação do visto trinta dias antes do prazo de caducidade, sob pena de ficarem numa situação ilegal.
Em relação ao caso concreto de Cláudia Sofia, este funcionário do serviço diplomático lembra-se de ter mantido um contacto telefónico com a estudante e de lhe ter pedido para mandar um email, expondo a sua situação. Só que, garante, nunca recebeu qualquer mensagem. Não sabe o motivo, mas coloca a hipótese de que Sofia tenha enviado as suas mensagens para o endereço errado. No entanto, na sequência do contacto efectuado por A Semana, aproveitou para ficar com o número de telefone da aluna, prometendo entrar em contacto com ela para ver o que se passa.
Uma das medidas que a Embaixada deverá tomar será informar a Ficase – Fundação Cabo-verdiana de Acção Social Escolar – do problema que Cláudia Sofia enfrenta e ver se ela poderá ser reintegrada na lista de bolseiras. Uma fonte da instituição deixou transparecer que, tratando-se de um aluno no fim do curso, existe a possibilidade de voltar a beneficiar da bolsa. Esclarece, no entanto, que a Embaixada deve informar a Ficase do caso, para que possa ser avaliado.
Kim-Zé Brito

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