Johnnie Carson, secretário de Estado norte-americano para os Assuntos Africanos, acredita que “raros são os membros da elite política guineense que não estejam implicados no narcotráfico”. De acordo com Carson, o tráfico nalguns países da África Ocidental e em particular na Guiné-Bissau, “atinge proporções epidémicas”.
É neste quadro sombrio que a Comissão do Senado americano para o Controlo Internacional do Narcotráfico debateu, na quarta-feira, 17, em Washington, a problemática do tráfico de droga na África Ocidental, que ameaça desestabilizar estados aliados de Washington, na região.
No seu testemunho perante aquela comissão do Senado, Johnnie Carson alertou por outro lado, para os "números" do tráfico de droga na região.
De acordo com aquele governante americano, estima-se que só em 2007 tenham transitado pela África Ocidental, 40 toneladas métricas de cocaína, calculada em cerca de 1.8 mil milhões de dólares - o equivalente a 27 por cento do consumo europeu de estupefacientes, isto numa região onde 50 por cento da população sobrevive com menos de dois dólares por dia.
O assistente do secretário de Estado para os assuntos africanos, vincou ainda na sua intervenção, a necessidade de um maior engajamento de Washington na cooperação com a África Ocidental no combate do tráfico de narcóticos, fenómeno que considera estar a colocar em risco a já frágil estabilidade política e social de toda uma região, com indiciadas ramificações a nível do financiamento de processos eleitorais em alguns países da região.
Além de Carson, a iniciativa contou com o testemunho de outros influentes responsáveis governamentais americanos, nomeadamente do vice administrador do Departamento de Combate a Droga (DEA), Thomas Harrigan, do assistente do secretario para o Combate do Trafico Internacional de Narcóticos, William Brownfiend. e do vice assistente do secretario de defesa para o Combate ao Narcotráfico e a Ameaça Global, William Wechsler.
Durante as audiências ficou igualmente vincado a apreensão de Washington para com o fenómeno, cujo combate, a senadora democrata pelo estado da Califórnia, e co-presidente da Comissão Senado para o Combate ao Tráfico Internacional de Narcóticos, Dianne Feinstein considerou de " interesse para a segurança nacional ".
William Brownfield, assistente do secretario de Estado para o combate internacional aos narcóticos apontou o crime organizado e o narcotráfico em particular, como uma das principais ameaças para a África Ocidental.
Neste particular, Brownfield recordou o facto de a região ser cenário de um impressionante movimento de estupefacientes, armas, petróleo, cigarros e medicamentos falsificados, para além de lixo tóxico, num negócio que de acordo com estimativas dos Escritórios das Nações Unidas para o Combate a Droga e Crimes (Unodc), gera por ano, receitas na ordem das 3.34 mil milhões de dólares.
Brownfield afirmou que se está face a um preocupante cenário que urge um maior engajamento dos Estados Unidos no combate ao narcotráfico, no quadro da Iniciativa Americana de Cooperação no Domínio da Segurança, com a África Ocidental, conhecida pela sigla WACSI, programa quinquenal de assistência americana à região, que envolve um pacote financeiro calculado em cerca de 60 milhões de dólares.
Recorde-se que entre os primeiros resultados visíveis desta parceria Washington e África Ocidental, o tribunal federal em Manhattan, Nova Iorque condenou em Julho de 2010, Jesus Eduardo Valencia Arbelaez a pena de 17 anos de prisão pelo seu papel na liderança de uma sofisticada organização internacional de tráfico da cocaína, com raízes na Colômbia e na Venezuela e uma rede de operacionalidade que se estende a Europa e aos Estados Unidos da América.
A detenção de Valencia-Arbelaez foi possível graças à cooperação das forças de segurança e do combate ao crime organizado de países tais como os Estados Unidos da América, da Roménia e da Libéria.
Os Estados Unidos e a Unodc, estimam que 13 por cento do tráfico global da cocaína tenha por plataforma giratória, naquela região do continente africano.
Fonte: VN
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