Cidade da Praia, 25 out (Lusa) - As relações entre os Estados Unidos e Cabo Verde são "excelentes" e com grande margem de progressão, independentemente de quem ganhar as eleições norte-americanas de 06 de novembro, disse hoje à agência Lusa a embaixadora na Cidade da Praia.
Adrienne O'Neal, acreditada em Cabo Verde desde 09 de dezembro de 2011, salientou a importância que o arquipélago cabo-verdiano tem no contexto do Atlântico - ligação entre as Américas, Europa e África -, e que o caminho a seguir passa pela diversificação das relações comerciais e de cooperação.
As relações entre o arquipélago e os Estados Unidos são das mais antigas, datam de 1740, quando os baleeiros norte-americanos começaram a recrutar pescadores nas ilhas da Brava e do Fogo.
Atualmente, as relações bilaterais têm crescido significativamente, apesar de Cabo Verde ocupar, em 2011, um modesto 201.º lugar nas importações norte-americanas - apenas um milhão de dólares (cerca de 782 mil euros), mas mais 3,5 por cento do que em 2010.
Em sentido contrário, as exportações norte-americanas para Cabo Verde cresceram, de 2010 para 2011, cerca de 14 por cento, atingindo os 11 milhões de dólares (8,6 milhões de euros), deixando o arquipélago como o não menos modesto 198.º destino das mercadorias oriundas dos Estados Unidos.
Atualmente, Cabo Verde beneficia da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) norte-americana, através do programa Millennium Challenge Corporation (MCC), e da antena local, Millennium Challenge Account (MCA), sendo o único país de rendimento médio a obter, da parte dos Estados Unidos, o segundo compacto MCC.
O primeiro vigorou entre 2005 e 2011, no valor de 110 milhões de dólares (86 milhões de euros), e privilegiou a melhoria do clima económico, das reformas das políticas públicas e privadas e da produtividade agrícola, de estrada, pontes e portos, além de melhorar o acesso da população aos mercados, emprego e serviços sociais.
O segundo, no montante de 66,2 milhões de dólares (52 milhões de euros), entrará em vigor a 30 de novembro próximo, com o foco nas questões ligadas à água, saneamento e à reforma da administração territorial.
Paralelamente, os Estados Unidos, onde reside 51 por cento do total da diáspora cabo-verdiana, têm procurado diversificar as relações, mantendo-se como a principal a defesa e segurança do arquipélago que, pela sua posição geográfica, tem servido de plataforma de trânsito de tráficos ilícitos oriundos da América do Sul e a Europa.
"A localização de Cabo Verde não vai mudar, pois a posição geográfica é estratégica e de benefício para as Américas, Europa e África", sublinhou O'Neal, indicando que a Cidade da Praia tem tido um papel "importante" nesse combate.
"Estamos a tentar diversificar as nossas relações, sobretudo no investimento comercial e na formação. Gostaríamos de ter mais estudantes cabo-verdianos a estudar nas nossas universidades", acrescentou, lembrando que a cooperação estende-se também aos assuntos políticos.
"Cabo Verde é muito importante para nós. Acredito que, devido à sua posição estratégica, nada se altere nas relações bilaterais", concluiu O'Neal, aludindo à disputa eleitoral entre Barack Obama e Mitt Romney, marcada para 06 de novembro.
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