O presidente do PAICV deixou a ilha de Santo Antão “preocupado” com a briga dos dirigentes locais do Partido por causa da disputa interna. Após reunir-se com os dirigentes e militantes no último domingo, 16, José Maria Neves determinou o adiamento da eleição na Comissão Política Regional (CPR) para depois do Congresso, tentando ganhar tempo para pôr ordem naquela “casa desarrumada”.
O caldo só não se entornou no último domingo porque José Maria Neves não esteve para meias medidas. Não só terá desaconselhado a edil do Porto Novo, Rosa Rocha, a não se candidatar à liderança regional do partido nesse momento, como entendeu que a melhor forma de resfriar os muitos apetites e brigas internas é adiar as eleições para a CPR.
Há dois argumentos para se opor à candidatura de Rosa Rocha. Um deles tem a ver com facto de a edil estar à frente de uma Câmara com um problema financeiro complexo por resolver e que lhe vai exigir uma concentração totalmente de energia.
Por outro lado, entendem alguns conselheiros que não é bom para a autarca assumir um cargo no partido que a obriga a coordenar a oposição no Paul e na Ribeira Grande, quando como presidente da Câmara será chamada a cooperar com os colegas dos municípios vizinhos.
Uma “dualidade de posições” de todo evitável, como terá sugerido o próprio líder do PAICV.
Outros vão mais longe e defendem que impedir a candidatura da edil constitui um desígnio “para salvar harmonia dentro do PAICV, mesmo porque ninguém deve colocar as ambições pessoais acima da organização”.
CHUVA DE CRITÍCAS
As críticas chovem de todos os lados e não deixam ninguém de fora. Tanto assim é que alguns conselheiros diziam-se “escandalizados” com o lavar da roupa suja a que assistiram na reunião do passado domingo. Se Rosa é criticada por “tentar impor” a sua candidatura “contra tudo e contra todos”; também não se poupa o actual presidente da CPR, Carlos “Cacói” Delgado, por causa das “jogadas de bastidores” que não ajudam em nada à procura de soluções.
Entretanto, após o “raspanete” do presidente do partido, tanto Rocha como Delgado preferem não deitar mais achas para a fogueira. Contactado pelo A NAÇÃO, Carlos Delgado confirmou apenas que a eleição na CPR do PAICV em Santo Antão foi adiada para depois do congresso do partido. “Entendemos antes realizar as conferências de sector no Porto Novo, no Paul e na Ribeira Grande, em Janeiro próximo, com a supervisão da actual Comissão Política Regional. Após isso, escolheremos os delegados ao congresso”, informa o dirigente sem querer entrar em grandes pormenores.
MORDAÇAS?
Já Rosa Rocha disse que não quer falar mais sobre esse processo. Alega que entende que os assuntos internos do Partido não devem ser levado à praça pública numa situação em que qualquer discurso mais ou menos inflamado pode causar estragos.
De qualquer modo, os “desencontros” são mais do que perceptíveis dentro do PAICV em Santo Antão. E isso põe em perigo o relacionamento institucional entre a Câmara do Porto Novo, comandada por Rosa Rocha, e a Assembleia Municipal (AM) do mesmo concelho, presidida por Carlos Delgado.
De resto, há cada vez mais sinais de que a “birra” está para durar já que, segundo informações da AM, a autarca quer “travar” um subsídio para o secretário da mesa da AM. Delgado não gostou e terá confessado o seu desagrado a amigos. Este é mais um assunto que vai exigir uma intervenção clara de José Maria Neves pois nessa altura nenhum outro dirigente quererá entrar nessa “barafunda”.
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