sexta-feira, 22 de outubro de 2010

ENTREVISTA COM JOÃO GIL COORDENADOR DO MPD NA SUÉCIA

O Cabo-verdiano João Gil reside na Suécia há uma dezena de anos e é responsável do Movimento para a Democracia na Suécia; faz parte da Comissão de recenseamento eleitoral neste país do norte da europa.
Segue a conversa/entrevista tida com ele recentemente a quando da Convenção do partido ventoinha em Lisboa  . 
RÁDIO ATLÂNTICO: Neste momento e até 26 de Novembro, está a decorrer o recenseamento nas comunidades cabo-verdianas diásporizadas. Como tem corrido o processo na Suécia?
JOÃO GIL: A Comissão de Recenseamento Eleitoral na Suécia, órgão que se encarrega de realizar o recenseamento, tomou posse no dia de 6 Agosto. Um mês e meio mais tarde, chegaram, também, os técnicos cabo-verdianos da NOSI para instalar os equipamentos e ministrar a formação dos operadores.
Um atraso acumulado de quatro meses porque, segundo o Código eleitoral, o recenseamento eleitoral dos cabo-verdianos no estrangeiro, devia ter começado no passado 1 de Março e terminar no dia 1 de Setembro de 2010. A diminuição do prazo de recenseamento eleitoral de seis para três meses, pode levar também à diminuição dos eleitores da diáspora nas próximas eleições legislativas e Presidenciais de 2011.
No tocante ao processo em si, decorre de uma forma normal sobretudo agora, com o arranque do recenseamento eleitoral de uma forma efectiva.
Nota-se uma tendência abstencionista de parte significativa de cabo-verdianos residentes neste País para recensearem-se, apesar da lei permitir fazê-lo de uma forma provisória usando um documento estrangeiro, e poder confirmar um mês depois.
O que dificulta ainda mais o processo aqui é, que a maioria não tem documentos cabo-verdianos e depois os que fazem de uma forma provisória tem que esperar que os BI ou Passaporte sejam emitidos na cidade da Praia, o que leva muito tempo a chegar. Eu penso que as autoridades cabo-verdianas deviam dar prioridade a emissão dos BI ou Passaportes para o efeito de recenseamento, coisa que não tem acontecido.
RA: Um pouco por toda a diáspora o MpD tem criticado o envolvimento do PAICV através dos Consulados/Embaixadas na tentativa de manipulação do Recenseamento. Acontece também na Suécia?
JG: Aqui na Suécia, o Cônsul tem tido um papel importante na parte logística e, até agora não notamos o seu envolvimento negativo no processo em curso. Penso que ele não se tem deixado envolver nesta estratégica do PAICV de tentar manipular o recenseamento eleitoral um pouco por toda a diáspora cabo-verdiana como tem sido denunciado na imprensa pelo MpD.
RA: Recentemente em Lisboa denunciou que a verba destinada ao Recenseamento na Suécia foi utilizada nas viagens dos técnicos da Nosi e nas viagens do Presidente da CRE Suécia.
Confirma esta minha afirmação?
JG: Sim é uma informação correcta que confirmo sem problemas e passo a explicar: O montan-te inicial transferido para o início do Recenseamento na Suécia, foi de 95.899,11 coroas suecas, uma parte do orçamento previsto para a CRE-Suécia.
Das 95.899 coroas transferidas, para o recenseamento eleitoral, foram gastos na estadia dos técnicos de informática, ordem recebida da parte da Dra. Arlinda Chantre, para a Presidente da CRE-Suécia, Fernanda Tavares. Portanto foi a Direcção Geral de Apoio ao Processo eleitoral (DGAPE), que autorizou esse pagamento, uma vez que o trabalho dos técnicos ia prolongar-se por mais tempo.
Foi garantido a CRE da Suécia que o montante adiantado ia ser transferido para não prejudicar o andamento do processo aqui mas até agora isso não aconteceu. A outra parte da verba foi utilizada para suportar a estadia da Presidente da CRE e de algumas outras despesas de funcionamento da comissão.
Neste momento temos a nossa conta. Está zerada o que como deve comprender, tem dificultado as deslocações e publicitação do acto junto da nossa comunidade.
RA: Como têm sido as deslocações, no âmbito da CRE Suécia, para outros pontos, como Malmo ou Estocolmo?
JG: Em Estocolmo devemos começar com o recenseamento na próxima semana, mas quanto a outros pontos ainda não fizemos um calendário. Vai depender muito da transferência dos fundos para o funcionamento da CRE e, sobretudo, para permitir às brigadas móveis deslocarem-se a outros pontos do País, onde residem comunidades expressivas de cabo-verdianos.
RA: O MpD reuniu no dia 10 de Outubro em Lisboa-Portugal os Coordenadores do partido ventoinha na Europa. Foi importante para si esse encontro? Que balanço pode fazer-nos da sua participação no evento?
JG:Penso que o partido saiu mais unido e mais forte, depois do encontro de Lisboa, pois trocamos informações, concertámos pontos e vistas. Foi, portanto, um encontro bastante útil.O evento serviu ainda para mostrar que o partido está extremamente pujante na Europa e confiante na vitória em 2011.
RA: Mudando de assunto, quais os problemas que os nossos conterrâneos atravessam neste momento na Suécia?
JG:Normalmente, os problemas, são comuns a outras comunidades espalhadas pela europa principalmente.
Neste momento não temos uma Embaixada ou uma Associação forte que defenda os interesses dos cabo-verdianos, neste País.
De forma geral, o serviço prestado pelo consulado existente é muito mau pelo menos é uma ideia generalizada, basta perguntar para confirmar que digo a verdade.
Só para dar-lhe um exemplo para emissão de um passaporte estamos dependentes do nosso Consulado na Holanda e outros assuntos mais complexos também são encaminhadas para lá.
As associações existentes têm sido uma fonte catalisadora e defensora da cultura cabo-verdiana e em determinados momentos. Têm sido um importante veículo de transmissão da nossa cultura para os jovens da segunda geraçãos.
Mas posso dizer-lhe que necessitamos de uma Casa de Cabo Verde com um espaço onde podemos nos encontrar aos Domingos e Feriados.O Estado podia ajudar-nos a criar uma casa que seria um local de reunião de cabo-verdianos mas também um local onde os suecos e outras comunidades podiam ir saber informações sobre Cabo Verde e sua Cultura.
Nós temos feito o possível, através de uma grande solidariedade no seio das nossas comunidades, para manter vivo a nossa ligação a Terra Mãe.
RA - O Consulado dá um tratamento eficaz a esses assuntos que têm a ver com os cabo-verdianos residentes neste País?
JG: O consulado em si tem muitas deficiências conforme acima disse, quiça por falta de verbas e de pessoal. Mas tenho que dizer que o actual diplomata que está à frente do mesmo, tem feito um bom trabalho em prol da comunidade e, muitas vezes tem atendido a solicitação dos nossos conterrâneos, até fora do horário normal de expediente e, por isso, aproveito para agradecer publicamente.
RA: Já agora podia avançar-me o número aproximado dos cabo-verdianos, na Suécia e, onde há maior concentração?
JG:Nao posso avançar-lhe um núemro preciso neste momento mas assim por alto posso avançar cerca de três mil cabo-verdianos a residir neste País e o grosso concentra na cidade de Gotenborg.
RA: Que a avaliação é que faz destes 10 anos do Governo do PAICV, no tocante a medidas que têm benificiados os cabo-verdianos, não residentes.
JG: Acho que, nestes dez anos, nenhuma medida visivel foi tomada para melhorar a vida dos cabo-verdianos, não residentes, pelo menos para os que estão na europa. Se pudesse dar uma nota de 0 a 10, atribuia 0,0 valores.
No tocante as alfandegas continuam os mesmos problemas de sempre, no dominio da informacão o governo prometeu promover nas diasporas cabo-verdianas, criacão de Rádios Comunitários foi zero posso dizer-lhe que das muitas propostas para a emigracão do actual Governo do PAICV nenhuma que beneficiasse os cabo-verdianos no exterior foi sentida.
Não existem políticas específicas e claras para a diáspora cabo-verdiana, residente na Europa. Com este Governo, tudo é mentira, no plano da emigração. Efectivamente, o Governo do Sr José Maria Neves esquece-se, um pouco, destes filhos da Nação, que com grande sacrifíco levam riqueza adquirida com muito suor e sangue, para Cabo Verde, ajudando assim, toda a sustentabilidade da economia caboverdiana.
Na Suécia nunca tivémos uma visita de um membro do governo de JMN.
Resumindo, nesta década de governação, o PAICV falhou no seu dever de ajudar os caboverdeanos não residentes. Estamos a sentir-nos, de novo ”estrangeirados”.
PERFIL
João Emanuel Rodrigues Gil(João Gil) é natural do Concelho do Porto Novo em Santo Antão.Reside na cidade de Gotemburgo, Suécia desde 1988.
Há 20 anos que trabalha para a Empresa de Navegação Ferry Stena Line.






RÁDIO ATLÂNTICO-Por Norberto Silva

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