HAIA-Quatro meses depois das eleições legislativas holandesas um novo governo minoritário de direita, liderado pelo liberal Mark Rutte (VVD), foi empossado quinta-feira (14) em Haia.
Mark Rutte (VVD) é novo primeiro-ministro e Maxime Verhagen (CDA) ocupa a pasta de vice-primeiro-ministro.
O novo governo de direita é formado por 12 ministros e 8 secretários de Estado.
O antigo Presidente de Câmara de Roterdão, Ivo Opstelten (VVD) que já visitou Cabo Verde ocupa a pasta de Justiça e Segurança.
Seguindo a tradição holandesa, os ministros posaram para uma foto oficial no Palácio Huis. Bosh ao lado da Rainha Beatriz, chefe de Estado holandesa (Holanda é uma monarquia constitucional).
Quem é o novo Primeiro-ministro Holandês?
Mark Rutte (nasceu em Haia a 14 de Fevereiro de 1967) e é actualmente líder do partido”Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD).
Rutte estudou Historia na Universidade de Leiden e foi presidente da juventude do seu partido de 1988 até 1991 (ingressou na juventude do VVD, quando tinha 16 anos de idade).
Após completar seu mestrado, em 1992, trabalhou para a gigante anglo-holandesa Unilever, onde teve uma estada de dez anos no conglomerado multinacional de alimentos, trabalhando em várias funções administrativas.
Em Julho de 2002, Rutte foi nomeado Secretário de Estado para os Assuntos Sociais e Emprego e permaneceu nesse cargo até 17 de Junho de 2004.
Entre 17 de Junho de 2004 até 27 de Junho de 2006 foi Secretário de Estado da Educação, Cultura e Ciência.
Em 31 de Maio de 2006, Rutte foi eleito como líder do Partido Popular para a Liberdade e Democracia numa eleição que teve 51,5% dos votos dentro do seu partido derrotando a outra candidata, ex mediática ministra da Imigração, Rita Verdonk.
Desde 28 de Junho de 2006 que Rutte é deputado no Parlamento holandês e ao mesmo tempo líder parlamentar do seu partido em Haia.
Mark Rutte professa religião protestante, é solteiro e foi até à pouco tempo, professor convidado numa escola pública em Haia. Mark Rutte é um exímio pianista e chegou a considerar uma carreira profissional, mas acabou escolhendo estudar história na Universidade de Leiden, onde sua curiosidade e inteligência chamaram a atenção desde o início.
Mark Rutte ganhou as eleições, graças à sólida reputação de seu partido em equilibrar as contas do país. A economia foi o tema que dominou a campanha, entre a crise grega e a preocupação com o euro. Muitos vêem o VVD como o partido ideal para liderar a Holanda e recolocá-la em uma posição financeira sólida.
Espantosamente, ninguém discordou que grandes cortes orçamentais são necessários. Os partidos que estavam do outro lado do espectro, dos socialistas até os ultra-conservadores cristãos do SGP, clamaram também por cortes massivos nos custos do governo. A diferença esteve em quanto, o que seria cortado e quão rápido os cortes serão aplicados.
Tendo participado no passado em várias coligações governamentais os liberais querem levar a zero o deficit público (5,3% do PIB em 2009) e reduzir em cerca de 10% as despesas anuais do Estado, ou seja cerca de 20 bilhões de euros até 2015.
Os Liberais do VVD são ainda partidários um endurecimento da política de imigração.
Mulheres no Governo Rutte I
Dos vinte postos ministeriais do novo governo de coligação, apenas três pastas são ocupadas por mulheres (Ambiente, Saúde e Educação e Cultura).
Segundo a Rádio Nederland a “divulgação das indicações do novo gabinete holandês deixou muitas holandesas furiosas com o futuro primeiro-ministro, Mark Rutte”.
A emissora pública holandesa cita alguns nomes sonantes da política e sociedade holandesa que em entrevistas aos órgãos de comunicação social laranja, mostraram o seu descontentamento por haver poucas mulheres no novo executivo.
Para a presidente de Câmara da cidade satélite de Amesterdão, Almere, Annemarie Jorritsma, “Metade da Holanda é composta por mulheres e isso deveria reflectir – se na política também. A mesma opinião tem a ex ministra do CDA, Hanja Maij-Weggen, que declarou que os homens que formaram o gabinete falharam ao não procurar mulheres para os postos ministeriais. “Eles são maduros e suficientemente sábios para encontrar boas mulheres”, disse ela. Enquanto que a poderosa comissária da União europeia, Neelie Kroes, que é também membro do partido de Mark Rutte, disse estar “profundamente desapontada. É lamentável. Este gabinete, em particular, precisa de mulheres fortes.” Kroes pediu que se estabeleça um número mínimo de mulheres para os gabinetes de governo.
“Elas estão aí, não há dúvida. Um terço da actual Comissão Europeia é formado por mulheres. O presidente da comissão, José Manuel Barroso, declarou especificamente que queria grande presença feminina e foi buscar comissárias”, disse Neelie Kroes em entrevista à televisão holandesa. “E, naturalmente, ele não teve nenhuma dificuldade em encontrá-las.”
Para rematar esse descontentamento feminino a ex editora da revista feminista holandesa “Opzij”, Ciska Dresselhuys, declarou a imprensa que era uma volta aos tempos medievais e acrescentou mais ainda que:“Não esperava isso de um primeiro-ministro jovem como Rutte, que tem sua mãe em tão alta consideração.”
Objectivos do novo Governo
Esta aliança do Partido Popular para a Liberdade e a Democracia (VVD) com o Apelo Democrata-Cristão (CDA) tem por tarefa principal reduzir o défice orçamental; mas o seu escasso mandato não lhe irá permitir efectuar reformas profundas e mesmo as poucos que poderão efectuar, vai depender do apoio do partido PVV do controverso Geert Wilders no parlamento (tweede kamer).
O programa de governo negociado entre as três partes restringe a possibilidade de pessoas nascidas fora da União Europeia (UE) se radicarem na Holanda, proíbe a burca, aumenta o número de polícias e preconiza o estreitar de laços com Israel.
Só com a condição de se limitar a imigração e de se proibir as mulheres de andarem de cara tapada é que Geert Wilders condescende em apoiar fortes cortes orçamentais, de modo a que até 2013 o país reduza o seu défice aos limites impostos pela UE. No programa da nova coligação governamental também se afirma que a UE não se poderá expandir sem limites; uma maneira, porventura indirecta, de dizer que a Turquia não é admitida como parceiro.
Factor Geert Wilders
O primeiro governo minoritário na Holanda desde 1939 formado pelos Democratas-cristãos do CDA e, os liberais conservadores do VVD contam com o apoio do Partido da Liberdade (PVV) de Geert Wilders.O partido de Wilders, PVV, não faz propriamente parte do governo, mas apoia-o no parlamento.
No programa do novo governo nota-se a influência do partido de Wilders em questões que tem a ver com a nova lei de imigração e integração, que é muito mais rígida. Por exemplo, a reunificação de famílias tornar-se-á muito mais difícil, novos passaportes holandeses serão condicionais e quem tiver dupla nacionalidade poderá perder mais facilmente a nacionalidade holandesa.
O democrata-cristão Gerd Leers, ex-presidente da Câmara de Maastricht, será o responsável pela execução desta nova política de imigração.
Muitos analistas prevêem que esse governo não dure mais de um ano ficando a mercê dos caprichos de Wilders que caso ver sondagens como favoráveis poderá fazer cair a coligação para finalmente vencer as eleições e ser primeiro ministro da Holanda.
Recorde-se que estava a ser julgado no tribunal de Amsterdão por incitamento ao ódio racial e discriminação contra os muçulmanos e foi ontem inocentado pelo ministério público holandês em todas as acusações.
O tribunal anuncia a sentença no dia 05 de Novembro.
NORBERTO SILVA com Agências
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentar com elegância e com respeito para o próximo.