PRAIA - As dificuldades sentidas pela nova equipa camarária liderada pelo MpD no município da Praia em levar por diante um projecto de modernização da capital face à incapacidade demonstrada pelo governo central para sintonizar a Cidade com o séc. XXI, não satisfazendo os factores mais prementes da população, foram os temas centrais do discurso de ontem, dia 2, do deputado dos democratas, João Cabral Semedo, no período antes da ordem do dia na Assembleia Nacional.
João Cabral começou por enunciar os princípios daquilo que considerou ser uma nova visão e projecto para a Cidade da Praia: “A criação de um espaço urbano com qualidade de vida, com capacidade de oferecer bens e serviços de utilidade económica e social, integrado e inclusivo, correspondendo aos direitos e legítimos interesses dos munícipes, mas também um espaço urbano que exige dos seus habitantes uma cultura de responsabilidade, fazendo lembrar aos cidadão que eles também têm deveres para com a Cidade e o concelho”.
E citou, em seguida, as obras em curso (algumas já concluídas) que o município se propôs levar a cabo com a finalidade de levar uma melhor qualidade de vida aos munícipes : na rua 5 de Julho transformado numa rua pedonal, a requalificação da praça Alexandre Albuquerque, a construção da praça da ponte de Vila Nova ,a requalificação da rede viária Achadinha Pires Ponta D’Água, Achadinha Pires Castelão , Castelão Ponta D’Água via zona 4, Calabaceira, Alto Calabaceira, Safende, Eugénio Lima Casa Lata ,Aeroporto S.Tomé (asfaltada) , Achada Grande Frente (asfalto já iniciado), a construção de placas desportivas em Safende, S.Pedro, Achadinha Pires ,Castelão ,Bela Vista ,Fonton , conclusão das placas desportivas de S. Martinho Pequeno, S. Pedro e S.Francisco , construção do campo relvado de futebol 7 no anexo ao Côco , electrificação do estádio da Várzea , o grande centro comercial do Côco que arrancará em Janeiro porque tem de cumprir o prazo para abertura do concurso cujo o valor é de 350 mil contos .
No entanto, como acentuou o deputado do MpD, a Cidade e o Concelho da Praia ainda sofrem de problemas graves resultantes de se tratar de uma grande urbe com cerca de 130 mil habitantes e que ainda recebe diariamente uma população ambulante de mais de 30.000 pessoas, “uma cidade que não só é a capital política, mas também administrativa e económica de Cabo Verde e que é o rosto do país”.
UM GOVERNO CEGO NA RESOLUÇÃO DOS GRANDES PROBLEMAS DO “PAÍS MARAVILHA”
E, a esse respeito, João Cabral relevou o facto de haver um governo “que se exalta com o grau e o ritmo acelerado de desenvolvimento, passando para todos a mensagem que agora, sim, não somos um país pobre, que somos um país muito procurado, que estamos na moda, que somos bons, com rendimento médio a tender para desenvolvido, com telemóveis de última geração, Magalhães, casas ambulantes de cidadão, alta velocidade de informação, um país maravilha plantado por Deus à beira do continente, entre vários mundos, e que já temos tudo, quase tudo".
Só que, há o reverso da medalha, negro para quem habita na capital. E o deputado do MpD destacou alguns desses graves problemas, impensáveis numa grande metrópole de um país de desenvolvimento médio, como apregoam os seus governantes:
“Não temos água, luz, emprego, justiça e segurança. É uma vergonha, não obstante a promessa do PM em 2002 que teríamos água na Praia 24 horas por dia, ter ainda água racionada, 3 vezes por semana, durante uma ou duas horas. Neste país de Séc XXI, exaltado pelo Governo, a sua cidade vive em regime de racionamento, com 6 ou 7 horas de água por semana. E não contente com água racionada, agora temos água suja e racionada. Temos gente correndo com latas à cabeça, batendo nos portões de gente remediada com tanque no quintal, ou com bidões no terraço, à procura de água. Temos propaganda e fantasia e falta-nos água e energia todos os dias.
“ELECTRICIDADE A RIMAR COM APAGÕES”
“Nesta cidade de Séc. XXI temos electricidade a rimar com apagões, apagões até por falta de dinheiro para comprar combustível. Falta de electricidade que mata a economia da cidade. Desgraça o pequeno comércio e tortura as famílias. É rara a semana em que não temos falta de electricidade na Praia. Como desenvolver negócios, como atrair investimentos, se não temos energia eléctrica estável. E quando falta a electricidade, nos serviços, nas moradias e nas empresas, falta a água, falta a internet e faltam as comunicações de fax e de telefone. Isto é um assunto sério e o governo não parece conhecer a importância desta matéria.
“Temos uma cidade mal iluminada, o que favorece a delinquência e dificulta o saneamento. Uma cidade de lâmpadas apagadas, mergulhada na escuridão, com medo constante de ser assaltada. O Governo gasta rios de dinheiro em tanta coisa e não parece preocupada com coisas mais essenciais. Diz que está a fazer obras que terão serventia daqui a 20 anos, mas esquece-se de outras que hoje nos fazem falta. Propaganda e fantasia, e falta-nos luz de todos os dias.
UMA CIDADE INSEGURA
“Temos uma cidade insegura, com alto índice de criminalidade. Uma cidade mergulhada na escuridão, com agentes e equipamentos inadequados para uma resposta eficaz à insegurança da cidade. Os cumpridores da lei, a grande maioria dos homens, mulheres, jovens e velhos, reclamam, com veemência, uma política mais firme, mais eficiente, uma resposta mais pronta das autoridades. Chamar a policia na Praia num caso de emergência é um exercício quase inútil. Os cidadãos desesperam porque não se sentem protegidos. Prometeu este Governo , mas deu tudo ao contrário .
“Prometeu “resgatar” a Electra aos Portugueses e dar energia sem limite e sem apagões a todos os Cabo-verdianos.Prometeu baixar os preços da energia
Prometeu aumentar para 25% a proporção da energia eólica na produção total de electricidade.E o que nos deu?Apagões.
Se no primeiro mandato do governo do PAICV , os apagões em todo o território nacional correspondiam em média 28 horas por mês , neste mandato , deste governo , os dados do relatório da Electra mostram que a duração dos apagões em todo o País aumentou significativamente para uma média de 120 horas por mês . O pior registo de sempre”.
Face aos principais problemas com que a Praia se debate na actualidade, João Cabral mostra-se convicto que “o próximo governo de Cabo Verde, liderado pelo MpD, tudo fará para engrandecer a Cidade, para que seja orgulho de todos os cabo-verdianos”.
LIBERAL.SAPO.CV
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