quinta-feira, 31 de março de 2011

CV:Jorge Carlos Fonseca tem caderno de encargos para governo

LISBOA- O candidato Jorge Carlos Fonseca acredita que vencerá as eleições presidenciais a realizar ainda este ano em Cabo Verde e, em entrevista à Agência Lusa, revelou o caderno de encargos que reserva para o governo de José Maria Neves.
"É uma espécie de caderno de encargos, no quadro dos poderes que um PR tem, que não define políticas governativas, mas deve ter as condições para exercer efetivamente uma magistratura de influência, não só política mas moral, no conjunto da sociedade cabo-verdiana", disse.
Para Jorge Carlos Fonseca, Cabo Verde "é um país que precisa de dar um salto qualitativo, na educação, na justiça, no ambiente, e mesmo do ponto de vista da sua inserção no plano das relações internacionais, nomeadamente neste contexto de globalização".
"É um país pequeno que tem de ser politicamente útil, de forma a ter o espaço e condições para potenciar um desenvolvimento mais equilibrado e mais sustentado do que tem tido até hoje", frisou.
E deste "caderno de encargos" Jorge Carlos Fonseca destaca a necessidade de um país "mais justo, mais solidário, mais livre, mais democrático e mais moderno".
"Mas um país, sobretudo, em que haja uma atenuação das desigualdades sociais existentes", porque, destacou, "não é possível ter uma política de desenvolvimento que se centre ou privilegie umas ilhas em detrimento de outras. Aí está um aspeto que tem a ver com a revisão da Constituição e para o qual um Presidente da República tem que estar muito atento".
A nível setorial, Jorge Carlos Fonseca destacou a necessidade de "credibilizar a justiça aos olhos dos cidadãos", questão que diz ser "um problema fulcral neste momento", bem como o atual "problema da segurança", que deve ser "contido a níveis comunitariamente suportáveis", e o combate ao desemprego.
Jorge Carlos Fonseca quer ser "uma espécie de voz daqueles que não têm voz" porque, frisou, "o país tem de vencer de forma razoável as assimetrias regionais e as desigualdades sociais extremadas, que infelizmente existem neste momento em Cabo Verde".
"Sou um cidadão independente. A minha equidistância em relação às forças políticas, o percurso político que tenho, dão garantia a qualquer primeiro-ministro de que terei um exercício de funções na base de uma cooperação institucional, aberta, atenta e naturalmente preocupada com os problemas do país, com os grandes desígnios nacionais e sempre com respeito escrupuloso" pelas competências que a Constituição atribui ao PR e as que confere ao governo e ao primeiro-ministro, José Maria Neves.
"Sendo eu Presidente, como espero, terão, não digo um cúmplice, mas uma pessoa que cooperará de forma muito leal, aberta e atenta", vincou.
Quanto a apoios, Jorge Carlos Fonseca recordou que anunciou a intenção de concorrer às presidenciais a 27 de novembro de 2010, bem antes das legislativas de fevereiro passado para, frisou, "marcar simbolicamente a ideia de que se tratava, e se trata, de uma candidatura suprapartidária" e de uma decisão individual.
"Anunciei a candidatura de uma forma incondicionada antes das legislativas, o que quer dizer que me propus ser Presidente seja qualquer que fosse o contexto político" saído daquelas eleições.
Institucionalmente já recebeu o apoio do Movimento para a Democracia (MpD, oposição), que recolheu cerca de 42 por cento dos votos nas legislativas de fevereiro, e disse manter contactos com a União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) para alcançar igualmente o endosse deste partido.
"Mas conto também com apoios da sociedade cabo-verdiana, de quem não se revê nos partidos existentes, de independentes", salientou.
Quanto a gastos, o candidato disse esperar que interpretando uma "candidatura dos cidadãos, da cidadania", a ideia é que "os cidadãos que se reveem neste projeto, terão também de alguma forma o dever de contribuir para que esta candidatura tenha sucesso".
"O que posso dizer é que não iremos, com certeza, fazer uma campanha para além das possibilidades que temos e daquilo que ultrapasse o que é normal ou adequado para uma país como Cabo Verde", sublinhou.
As eleições presidenciais ainda não têm data, mas é consensual entre a classe política dirigente cabo-verdiana a inevitabilidade do escrutínio se realizar em finais de setembro ou inícios de outubro.
EL/Lusa/Fim
Jorge Carlos Fonseca: "Os cabo-verdianos não vão querer pôr todos os ovos no mesmo balaio"
LISBOA-O "mesmo cesto", para o candidato presidencial Jorge Carlos Fonseca, é a hegemonia dos últimos dez anos por parte do actual partido do poder, o PAICV, com mais uma maioria absoluta conseguida nas urnas, continuar por mais cinco anos, de mãos dadas com um novo presidente apoiado pelo mesmo partido.
Cenário que, para alguns observadores, não é assim tão remoto, havendo uma eventual dinâmica de vitória do PAICV a repercutir nas próximas eleições presidenciais do final deste ano. Mas esta é uma perspectiva que, nas palavras, do candidato apoiado pelo MpD, em nada ajuda a melhorar o sistema político de Cabo Verde.
Para já, a pré-campanha do jurista Carlos Fonseca dá os primeiros passos no terreno, com uma passagem por Lisboa. Jorge Carlos Fonseca foi o convidado da Tertúlia Crioula, em mais uma rubrica À Conversa Com, no passado sábado, que também trouxe até Lisboa José Maria Neves, antes das últimas eleições. O candidato presidencial passou uma tarde estudantes universitários cabo-verdianos, respondendo a perguntas e explicando as razões da sua candidatura.
Começando por recordar o seu valioso curriculo, Jorge carlos Fonseca explicou que "o país precisa de dar o salto", e por isso "é preciso um Presidente com melhores condições de exercer uma magistratura de influência." Em seu entender, o Presidente da República de Cabo Verde "deve ter uma voz crítica para encontrar soluções para o país e na resolução de conflitos institucionais."
Contudo, adiantou, "é perigoso se essa voz e a do Governo falarem a mesma língua!". A sua vantagem, anunciou Jorge Carlos Fonseca, é a sua "distância das forças políticas", afirmando contar com apoios oriundos de todos os quadrantes da sociedade cabo-verdiana.
No passado domingo o candidato teve encontros com a comunidade cabo-verdiana da linha de Sintra, onde se mostrou aberto à eventual constituição de um Conselho Consultivo das Comunidades. Ele que, lembrou a todos, foi há muitos anos eleito o primeiro Director da Emigração, em Cabo Verde.
http://noticias.sapo.cv/info/artigo/1140803.html

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