terça-feira, 17 de agosto de 2010

CV(EXPRESSO):Veiga anuncia risco de regresso ao partido único

PRAIA-Num jantar com emigrantes, Carlos Veiga justificou a urgência de alternância política como forma de se evitar "uma desgraça".
Em pleno Agosto, mês de férias por excelência, um grupo de militantes do Movimento para a Democracia (MpD) em São Vicente organizou, no último sábado, um jantar entre cabo-verdianos a residir no estrangeiro e o presidente do partido.
Ainda em obras, o futuro complexo turístico Pombas Brancas (ver caixa), em Chã de Alecrim, foi o local escolhido e o palco de duras críticas aos dez anos de governação do PAICV.
Garantindo ser capaz de "outras políticas" com "outros resultados", Carlos Veiga fez o seu diagnóstico da actual situação do arquipélago, apresentando-se como a alternativa a José Maria Neves. "As dificuldades que a população está a sentir são fruto de políticas erradas ou da falta delas".
Com alusões ao desemprego e à criminalidade, o candidato a primeiro-ministro garantiu ser capaz de "mudar esta situação". "Podemos melhorar Cabo Verde e podemos ter confiança no futuro do país". "Vivemos em democracia e assim somos capazes de dizer que se essa política não está a dar resultados, temos de escolher outra política", acrescentou.
A análise que Veiga fez do país levou-o depois a concluir que, em caso de nova vitória do PAICV, isso implicaria "quase um regresso ao partido único". "Quinze anos do mesmo partido, com as mesmas políticas, resultariam numa desgraça", alertou.
O presidente do MpD, que garantiu não se contentar com o estatuto de país de desenvolvimento médio, crítica a forma como o actual executivo tem conduzido a infra-estruturação do país.
Referindo-se a São Vicente, comentou a situação do aeroporto de São Pedro, elevado, no final de 2009, à categoria de internacional. Afirmou Carlos Veiga que a infra-estrutura "deveria estar a ser utilizada por muito mais gente".
O modelo de financiamento seguido em muitos projectos, com recurso à cooperação internacional, que impõe condições quanto ao consórcio a quem a obra é adjudicada, também foi objecto de reparos. "As infra-estruturas têm de ser feitas por empresas estrangeiras e as empresas cabo-verdianas são apenas um acessório. Não queremos continuar a viver de mão estendida".
Ao mesmo tempo, advogou uma aposta nas infra-estruturas sociais e institucionais. "Temos de ter mais formação e informação para toda a gente, para ninguém ficar excluído". "Temos de ter um Estado que atenda melhor, um Estado mais competente, onde as pessoas dão a sua contribuição, porque ele é bom e competente. Um Estado suficiente, nem de mais, nem de menos. Não podemos ter um Estado gastador", esclareceu, antes de acusar: "nestes últimos dez anos o Estado gastou mais 360 milhões de contos, o equivalente a 150 aeroportos de São Pedro". "Se continuarmos nesse caminho, caminhamos para a falência", rematou.
Recenseamento
O encontro era com emigrantes, mas na plateia estavam, em grande número, habitantes da ilha. Ainda assim, o presidente do MpD não deixou de aproveitar a presença de representantes da diáspora para apelar ao recenseamento eleitoral, com críticas à forma como o Governo tem conduzido o processo. "Estamos extremamente preocupados. O recenseamento devia ter começado em Março e terminado a 31 de Agosto". "Achamos que isto foi feito, propositadamente para reduzir o recenseamento geral de seis meses a menos de um mês, para não abranger toda a gente, mas só certas pessoas".
Perante os atrasos, os dois principais partidos têm negociado o prolongamento do prazo. Em cima da mesa, está a proposta de alargar a operação até ao final do ano.
Depois de aprovada a alteração legislativa necessária, com a revisão do Código Eleitoral, e eleitas as comissões de recenseamento, etapas sujeitas a profundas clivagens partidárias, o ministério da Administração Interna, a quem compete montar a logística da operação ainda não conseguiu fazer chegar os equipamentos necessários a todos os locais onde deve ser feita a inscrição nos cadernos.
Expresso das Ilhas
http://www.expressodasilhas.sapo.cv/pt/noticias/go/veiga-anuncia-risco-de-regresso-ao-partido-unico

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