Rosa Silva: Participação da mulher é real e visa a vitória do MpD em 2011
LISBOA-A Dr.ª Rosa Silva é um dos membros da Comissão Política em Portugal. Nesta pequena entrevista, concedida ao Expresso das Ilhas, a médica de profissão considera a participação da mulher cabo-verdiana na Política como um processo de crescimento que levará, no seu entendimento, algum tempo e que, de acordo com esta responsável, é preciso que as mentalidades acompanhem as mudanças.
A senhora, tem sido um elemento activo na Politica cabo-verdiana, para iniciarmos a nossa conversa, gostaria que nos dissesse como é que vê a participação da mulher cabo-verdiana na política em Cabo Verde?
A participação da mulher cabo-verdiana na política é importante para a sociedade e para o país. Muitas são as conquistas já alcançadas e muitas ainda virão. É um processo de crescimento. Levará, seguramente algum tempo, e é preciso que as mentalidades as acompanhem; de nada nos valerá se as leis mudarem e as consciências não. Há ainda ideias bastante tradicionais, mas o percurso é irreversível, de notar a força que a mulher tem ganho no mercado de trabalho. É verdade que ainda há desigualdades, essencialmente na política. A mulher não está ainda representada, refiro-me em termos numéricos, nalguns sectores, nomeadamente a nível do poder executivo, legislativo e até mesmo na mais alta magistratura do país.
E então como vê a importância da sua participação, como mulher, no desenvolvimento e crescimento do seu partido que é o MpD?
A participação de todos nós é essencial ao crescimento do MPD. Pretendemos que haja sim, um maior e mais eficaz envolvimento das mulheres na vida do partido. Que conheçam e participem das actividades do partido, que defendam ideias e princípios de orientação, com vista a uma participação no processo de desenvolvimento de Cabo Verde. A actividade política é nobre e diz respeito a todos os cidadãos, homens e mulheres. Há cada vez um maior número de mulheres, assumindo protagonismo na vida politica de Cabo Verde.
Fala-se muito, actualmente, na criação de uma organização das mulheres do seio do partido em Portugal. Como vê essa movimentação em torno desse objectivo?
Realmente tem-se falado na criação de uma organização das mulheres no seio do MPD/Portugal. Trará seguramente vantagens ao partido. É sobejamente conhecido o papel da mulher na família e também na sociedade.
Qual a contribuição que as mulheres podem dar para a vitória do MpD nos próximos embates eleitorais?
A nossa contribuição será tão grande e importante como a de todos os cidadãos cabo-verdianos determinados a trabalhar para a vitória do MPD e o desenvolvimento de Cabo Verde. Em todas as deslocações e encontros com a nossa comunidade em Portugal tem sido notável a participação crescente das mulheres. Acredito que este entusiasmo é real e tem como objectivo a vitória em 2011.
O que é que pensa de todo o atraso que se regista no processo de recenseamento na diáspora?
Todos aguardam, há imenso tempo, o início do recenseamento na diáspora. Não deixa de ser estranho que o processo ainda se encontre com todo esse atraso. Consta que só na segunda quinzena de Julho próximo tudo estará pronto para o início do mesmo e que terá o seu término a 1 de Setembro. Como reservar dois meses a uma questão tão séria, importante e decisiva para a participação dos cidadãos nas eleições? Durante o mês de Agosto a maioria está de férias, uma boa parte dos estudantes viaja ao país; Que resultados podemos esperar, se, à partida, são criados tantos obstáculos ao recenseamento? Esperamos que o não cumprimento da data de início não prejudique o processo, ou seja, que a data de término seja compensada por esse atraso, diga-se, não da responsabilidade da comunidade na diáspora. A CNE tem que fazer diligências necessárias para o cabal cumprimento do Código Eleitoral. Não se deve impedir o exercício de voto aos imigrantes. Não entendemos todo esse atraso. Será intencional? Estamos atentos a todo e qualquer desenvolvimento ou rumo que o processo possa tomar. É de capital importância o cumprimento do Código Eleitoral. É condição sine -qua - non para o exercício do direito de voto e para umas eleições sérias e transparentes!
Recentemente o Primeiro-ministro Cabo-verdiano disse que, pelo charme dele, há neste momento um grande número de mulheres no Governo. Acredita que as mulheres devem ser chamadas para o Governo pelos "bonitos olhos" de quem lidera ou pela competência da própria mulher?
A visita do Primeiro-ministro muito deu que falar e pensar. Esta não foi a única afirmação que nos indignou. Constam várias outras, como o facto de 95% da população cabo-verdiana ter acesso a electricidade, outros tanto a água potável, quando sabemos que na cidade da Praia, capital do país, só 15% da população tem acesso á rede de esgoto, 40% das famílias na Praia não têm casa de banho, 53% não tem acesso à água canalizada, 45% abastece-se dos chafarizes, quando há água!!!!!
Voltando à questão que me colocou. Naturalmente que só a capacidade e competência devem ser tidos como critérios de selecção para desempenho de todo e qualquer cargo ou função. Acreditamos na igualdade das mulheres e dos homens, na competência das mulheres e dos homens. A discriminação permite que as potencialidades das mulheres não sejam aproveitadas, negligenciando assim recursos humanos válidos e importantes ao desenvolvimento do país. Para que a verdadeira igualdade seja real, o poder tem que ser partilhado com o homem!
Mal vai o país em que a preocupação do Primeiro-ministro é fazer questão de, publicamente, afirmar que pelo seu charme tem neste momento um grande número de mulheres no governo!
Como membro da Direcção do MpD Portugal recentemente eleita, como é que encara os novos desafios do partido nesta região política?
São grandes os desafios. É com muito orgulho, determinação e vontade que me disponho a trabalhar com vista a atingir os objectivos do partido. Temos estado a pensar tanto na reorganização do MPD/Portugal, bem como nas estratégias a traçar. Há toda uma necessidade de modernizar o partido, de reforçar a identidade do MPD em Portugal e de criar formas de divulgação do partido.
Concordará comigo que o segredo às vezes vale ouro e recomenda-se!
O que é que essa nova direcção MpD Portugal tem feito para a reorganização nesta região política?
A mensagem é sempre de muita esperança, mas também de muito trabalho para dignificação, cada vez maior das nossas comunidades imigradas e do povo cabo-verdiano. Que nos preparemos todos na diáspora, como parte integrante da Nação cabo-verdiana para o recenseamento eleitoral, pois só assim poderemos exercer o direito ao voto que nos foi consagrado pelo MPD. Foi na revisão da Constituição de 1992 que dentre outras coisas foi reconhecida formalmente a cidadania dos cabo-verdianos residentes na diáspora, com o estatuto de dupla nacionalidade, sem a perda da nacionalidade de origem pelo facto de terem adquirido a nacionalidade do país de acolhimento. Foi também em 1992, e para a defesa dos direitos dos imigrantes e seu reconhecimento como cidadãos cabo-verdianos de pleno direito, que foi consagrado o direito ao voto! Mas essa Constituição de marco para as comunidades imigradas não foi votada pelo PAICV! Esta é a hora! É preciso mudar de novo!
JAR, Expresso das Ilhas
http://www.expressodasilhas.sapo.cv/pt/noticias/go/rosa-silva--participacao-da-mulher-e-real-e-visa-a-vitoria-do-mpd-em-2011
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