sábado, 2 de outubro de 2010

CV(EXPRESSO):Portugal: MpD quer destituição da CRE


LISBOA-O MpD Portugal quer a destituição da Comissão de Recenseamento Eleitoral (CRE) tendo em conta a forma como esta está a conduzir o Recenseamento Eleitoral e que acredita leva a viciação de todo o processo e não descarta a possibilidade de solicitar a impugnação dos trabalhos.
Em declarações ao Expresso das Ilhas, em Lisboa, o coordenador da Comissão Política Regional do MpD em Portugal, Emanuel Barbosa, realçou que, apesar de todos os esforços do MpD-Portugal, em dar a sua contribuição, a CRE-Portugal, no seu entendimento, não quer fazer o trabalho convenientemente de forma a levar este processo de Recenseamento em Portugal a "bom porto". "Portanto só resta ser destituído, porque, esta CRE está a entrar em contradição com o próprio governo", disse Emanuel Barbosa que argumentou com o facto de a CRE estar a dizer de que não dispõe de recursos financeiros, enquanto o próprio Ministro da Administração Interna divulga publicamente de que em toda a Europa as Comissões de Recenseamento estão dotadas de recursos suficientes e necessários para levar o processo a bom porto.
O desagrado de Emanuel Barbosa vem do facto de ter decorrido no passado sábado, no bairro de Zambujal, concelho de Loures, o recenseamento de cabo-verdianos residentes naquela zona, num edifício da Associação dos Moradores e Proprietários do Bairro de Zambujal e no qual decorria uma festa. "Esta situação só a podemos contextualizá-la na base de uma reunião que nós tivemos em que houve uma pressão enorme da parte do PAICV, na pessoa de Mário Matos, que pressionou a CRE, claramente, no sentido de levar os Kits de Recenseamento às festas", sublinhou Emanuel Barbosa.
É assim que este responsável do MpD em Portugal concluiu que a CRE cedeu-se a pressão do dirigente do PAICV, Mário Matos.
Barbosa indicou que o MpD tinha manifestado contra a colocação de Kits de recenseamento nas festas, no entendimento da falta de existência de um ambiente apropriado para a realização de um processo do grau de responsabilidade como este. "Como podemos constatar aqui não há condições para a realização de um recenseamento condigno, inclusive para que as pessoas pudessem trabalhar tiveram que fechar a porta do gabinete onde executavam o processo e só com elementos do PAICV", acusa Barbosa.
Por estes motivos Emanuel Barbosa considera estar perante um processo que, no seu dizer, "à cabeça está viciado" e por isso disse entender que a CRE não está em condições de continuar à frente desta actividade.
Questionado sobre a posição que o MpD pretende tomar nos próximos tempos face às situações de possíveis irregularidades que tem vindo a denunciar publicamente, Emanuel Barbosa, enaltece que, apesar de todos os esforços de dar a contribuição, identificando os pontos fracos e apontando soluções para ultrapassar estes constrangimentos, e que vai passar a Direcção Nacional do MpD todas as informações de como tem estado a decorrer este processo e agora cabe a esta Direcção tomar a decisão que entender conveniente.
Colocado perante a questão de que se com uma possível destituição da CRE, o processo de Recenseamento em Portugal não poderia estar em causa, Emanuel Barbosa disse entender que se é para ser feito de forma viciado, como está a ser feito neste momento, em que os Kits estão a ser levados para as festas manifestamente envolvendo pessoas afectas ao PAICV e no caso concreto, na festa de Zambujal, onde, segundo o responsável do MpD em Portugal, esteve o Embaixador de Cabo Verde acreditado em Lisboa, Arnaldo Andrade, a fazer campanha política desde o início, o MpD prefere que não seja feito do que estar-se perante um processo viciado.
Ambiente de Festa
A Reportagem do Expresso das Ilhas abordou ainda um elemento do MpD que estava a acompanhar o processo, Mário Andrade, que demonstrou a sua insatisfação com o ambiente que estava a decorrer o processo. "A actividade é esta que estamos a ver. Estamos perante o decorrer de uma festa e que ao mesmo tempo, dentro do mesmo espaço da festa, está a decorrer um processo de recenseamento, o que é contrária a lei", disse Mário Andrade.
Andrade indicou ainda que houve um grande problema que, segundo explica, prende-se com o facto de o embaixador de Cabo Verde, Arnaldo Andrade, esteve presente e que este não mandou parar com toda esta irregularidade.
Mário Andrade considerou esta atitude não só como uma manobra de propaganda política mas também o reflexo do que tem passado ao nível do Recenseamento Eleitoral em Portugal, referindo-se a alegados casos de agressões e violência que tem acontecido em algumas situações.
É neste sentido que apelou ao bom sendo dos cabo-verdianos independentemente da sua sensibilidade política no sentido de evitar desavenças e que o processo possa terminar sem casos a lamentar.
Impugnação
O Delegado do MpD junto a CRE-PT, José Furtado, disse ao nosso Jornal que tem constatado que o processo tem decorrido de uma forma maquiavélica, e acusa o PAICV de estar a manipular o recenseamento dos emigrantes cabo-verdianos em Portugal.
Disse entender que o processo deveria ser o mais aberto e liberal possível de forma a abranger o maior número de cabo-verdianos e nunca tentar com manobras condicioná-lo apenas a pessoas com simpatias ao PAICV.
No caso concreto da situação vivida em Zambujal, com a colocação de kits num recinto onde decorria uma festa e sem condições mínimas, José Furtado, disse que o Código Eleitoral não a permite e alegou que o MpD poderá impugnar este processo, por considerar ser incompatível festa com o recenseamento.
O contraditório
Entretanto, o Expresso das Ilhas não conseguiu chegar a conversa com elementos afectos ao PAICV por estes terem negado prestar quaisquer declarações ao nosso Jornal.
Abordado sobre a forma como decorreu os trabalhos de Recenseamento no bairro de Zambujal, um agente Recenseador que, não se identificou, disse que o processo decorreu normalmente mas, lamentou o facto de terem que fechar a porta devido ao barulho dos festejos que perturbavam em certa medida os trabalhos.
Na ânsia de manter bem informado os leitores do Expresso das Ilhas, a nossa reportagem tentou entrar em contacto com o Gabinete da Comissão de Recenseamento Eleitoral em Portugal, através de um seu adereço electrónico. Passados mais de um mês não recebemos ainda resposta ao nosso pedido.
Expresso das Ilhas-http://www.expressodasilhas.sapo.cv/pt/noticias/go/portugal--mpd-quer-destituicao-da-cre

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