DENHAAG-Os resultados das eleições regionais desta quarta-feira, mostram que o país está politicamente confuso. Mesmo após a contagem dos votos não é possível saber se a coligação governamental do primeiro-ministro Mark Rutte contará com a maioria na primeira câmara do parlamento, o senado. O resultado indica que a coligação terá uma cadeira a menos e não conseguirá ter a maioria no senado.
Dessa forma, a coligação pode continuar não tendo uma maioria no Senado, mas será mais difícil ainda que as leis sejam aprovadas por essa câmara. O próprio Rutte advertiu que tal situação poderia levar a política holandesa a um beco sem saída.
Agora, a Holanda deverá esperar até 23 de Maio para conhecer a nova composição da primeira câmara. Isso porque o Senado não é eleito diretamente, é as assembleias regionais que nomearão os novos senadores.
Incio das Negociações
A negociação entre os partidos começou imediatamente. A coligação de Rutte procura apoio entre os partidos pequenos com representação no Senado para garantir a maioria. Um dos partidos que será convidado a negociar é o novo partido 50+, que representa os interesses dos idosos. Acredita-se que o 50+ poderia apoiar ao governo, bem como um partido conservador cristão, o SGP, que conta com um assento na primeira câmara.
As negociações não terminam aqui, dado que os partidos de oposição têm igualmente muito o que dizer. Isso já acontece no parlamento(Tweede Kamer) onde a coligação de Mark Rutte conta com uma maioria mínima, baseada no apoio acordado com o Partido da Liberdade (PVV), do populista de direita Geert Wilders. Recentemente foi a oposição e não Wilders quem apoiou o governo na sua decisão de enviar uma missão de treinamento policial ao Afeganistão.
Pingue-pongue político
Se a coligação governamental não consegue obter a maioria no senado, ainda que seja pela diferença de um assento, esse tipo de acordos com a oposição pode se converter na norma para fixar a agenda legislativa nos próximos anos.
Jolande Sap, líder do Groen Links (Esquerda Verde), já tirou benefícios dessa política de acordos: para apoiar a missão no Afeganistão exigiu e conseguiu mudanças no programa de treinamento policial: “Temo pela estagnação... O país não vai longe se esse pingue-pongue político continuar por tempo indefinido”.
Wilders
Entretanto, o político mais decisivo nesse clima de divisão, Geert Wilders, segue ganhando espaço. Nessa quarta, o PVV participou pela primeira vez nas eleições regionais e os resultados foram positivos: seus partidários esperavam mais, mas, de qualquer modo, tornou-se a quarta força política do país.
Vale recordar que nas eleições parlamentares do ano passado o PVV foi o terceiro mais votado. Acredita-se que conseguir menos votos do que o esperado aconteceu devido a um menor entusiasmo dos seus eleitores pelas eleições regionais, decisivas na composição do Senado – do que pelas eleições parlamentares.
De qualquer modo, estas eleições representam de novo um grande passo do partido de Geert Wilders, que vem conquistando militantes desde 2006. Os governos regionais e o Senado eram as últimas instâncias nas quais o PVV, até agora, não tinha representantes.
Em Limburgo, a província em que Geert Wilders nasceu, o PVV conseguiu ser o partido mais votado, o que pode levar o partido a fazer parte do governo regional.
“Estamos entregando Limburgo de volta aos limburgueses, Frísia aos frísios e Holanda aos holandeses”, comentou Wilders sobre o triunfo eleitoral em Limburgo e os bons resultados do seu partido em outras províncias.
No tocante ao actual primeiro ministro Mark Rutte , ele celebrou a vitória conseguida pelo seu partido, o VVD, que repete o triunfo eleitoral das eleições parlamentares do ano passado. “Entregaremos esse país fantástico de volta aos holandeses. Esse é o nosso projecto”, declarou Rutte, ecoando as palavras de Wilders.
Nunca é demais dizer que são os holandeses que governam seu país há séculos. Mas poucas vezes viram sua sociedade tão dividida e sem solução à vista.
Norberto Silva com John Tyler da RNW
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