PRAIA-Humildade, serenidade, tranquilidade e verdade. Para o Movimento para a Democracia é chegado o tempo do governo assumir os erros. Ou seja, que a opção de endividar o país não deu resultados.
"Crescemos menos. Não criámos emprego. E ainda temos uma dívida para pagar porque não conseguimos gerar riqueza interna suficiente", disse esta quinta-feira em conferência de imprensa, o líder da bancada parlamentar dos democratas, Elísio Freire, na reacção ao último relatório do Fundo Monetário Internacional.
"O facto do FMI estar a exigir ao governo a diminuição da dívida externa para 50 por cento do PIB, representa entre 10 a 20 milhões de contos a menos de investimento, isto demonstra o esforço que vamos ter de fazer, nos próximos anos, para fazer a economia crescer", acrescentou Freire.
O problema, sublinhou o responsável, é que a classe empresarial cabo-verdiana não foi preparada para assumir os investimentos. Dificuldades que agora aumentam com a incapacidade de aceder ao crédito e aos mercados internacionais. E nem as medidas de contenção, anunciadas há cerca de duas semanas pelo Primeiro-Ministro, convencem Elísio Freire.
"Não são medidas novas. A questão do uso de viaturas, das limitações de comunicações ou de viagens, já existem na Lei de Meios há muitos anos. São medidas avulsas e sem impacto orçamental. Vão-se poupar cerca de 200 mil contos, quando o nosso défice é superior a 15 milhões de contos. Por aqui se vê o efeito das medidas anunciadas pelo Primeiro-Ministro".
A solução, referiu o líder parlamentar do MpD passa por transmitir um clima de confiança ao país. Mas também pela transparência e pela assumpção das responsabilidades por parte do governo.
"Se continuarmos com o discurso que o país está blindado. Que se tomaram as medidas certas, quando todas as instituições nos alertam para o facto de estarmos no caminho errado, um dia o país vai pagar, e muito caro, pelos erros de hoje".
"Também o facto de haver quase que um conflito institucional, entre o Banco de Cabo Verde e o Ministério das Finanças em nada ajuda o país. É preciso parar com isto. Parar em nome dos interesses de Cabo Verde. Quem está a ser imaturo é quem não assume o seu papel nem deixa o outro assumir o seu papel".
Apesar de acusar o governo de ter criado um problema ao país, o MpD sublinha que a solução passa por todos desde que o executivo reconheça que tomou as opções erradas.
"Todos os países do mundo se endividam. Mas, só tem capacidade de pagar quem faz os investimentos nas áreas e sectores correctos. Se repararmos bem, não existe país subdesenvolvido pela qualidade das suas estradas. Existem países subdesenvolvidos pela qualidade da sua educação, da sua saúde, ou da sua capacidade exportadora. De certeza que há muitos países subdesenvolvidos que têm estradas e portos que fazem inveja a muita gente", concluiu Elísio Freire.
O Fundo Monetário Internacional recomendou, esta terça-feira, a redução do rácio da dívida pública externa em relação ao Produto Interno Bruto para níveis abaixo de 50 por cento. A advertência faz parte do relatório de avaliação da missão do FMI, chefiada por Janet Stotsky, que esteve no país no âmbito da revisão do Instrumento de Apoio às Políticas (PSI), que prevê avaliações periódicas da política económica do governo. A dívida externa actual de Cabo Verde é de 62,5 por cento.
30-11-2011
Jorge Montezinho, Redacção Praia
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