Meiga, gorro branco na cabeça e um sorriso envergonhado, aos nove anos foi obrigada a viver maritalmente com um homem polígamo, com três mulheres, em cumprimento "dos mandamentos bíblicos" da seita e para legitimar a filiação do pai à igreja.
"Obrigava-me várias vezes a fazer sexo, mas eu não sabia o que era isso, se era algo para comer, até que um dia me chamou para o quarto e o encontrei despido e fugi", disse à Lusa a menor, que denuncia ter sofrido agressões físicas por não fazer alguns trabalhos forçados, em beneficio das mulheres mais velhas do lar.
Este é o primeiro caso que chega à justiça em Manica, envolvendo crentes da igreja Johan-marangue, embora a prática de casamentos prematuros seja muito frequente entre os membros da igreja, famosa por recusar a medicina convencional.
O caso foi tornado público em agosto, quando a menor foi espancada pelo pai, que a forçava a regressar à casa do noivo, depois de ter fugido por duas vezes, para se escapar às tentativas de violência sexual, protagonizado pelo "prometido".
Com escoriações na cara e sangrando do nariz, a menor socorreu-se junto a LEMUSICA (Levanta Mulher e Siga o seu Caminho), uma organização não governamental que apoia vítimas de violência sexual e doméstica, onde denunciou o caso.
"Depois de a recebermos, levámo-la ao hospital (em Vanduzi, distrito de Manica) para assistência médica e a acolhemos no nosso centro. O pai forçava-a a regressar à casa do marido para cumprir com a sua palavra e não ferir os mandamentos da igreja", disse à Agencia Lusa Cecília Ernesto, assistente social na área da rapariga na LEMUSICA.
Para arranjar o casamento, o pai recebeu do homem 100 meticais (2,7 euros). O valor foi depois devolvido a família para reintegrar a criança na sociedade e escola.
"É uma situação absurda. Durante as conferências de Páscoa (que a seita celebra em setembro) da igreja ela era obrigada a preparar o banho do marido e das outras três mulheres além de servir o mata-bicho", conta Cecília Ernesto.
Geralmente, o pastor da igreja Johan-marangue, uns dos maiores polígamos, tem a obrigação de casar com a filha e ou esposa dos crentes, assim que sonhar com elas. Os membros não têm o mesmo direito.
"A igreja fomenta casamentos prematuros alegando serem princípios da religião. Por exemplo é obrigação do membro entregar a filha e ou esposa sempre que o pastor sonhe com ela. Esta crença não é benéfica", disse à Lusa Achia Mulima, coordenadora da LEMUSICA, que desenvolve campanhas de educação cívica sobre violência.
A ONG criou grupos de escuta e denúncia, constituídos por chefes de famílias e líderes comunitários, junto às comunidades e escolas, cuja missão é descobrir casos de abuso sexual de menores. Até setembro foram realizados 179 aconselhamentos individuais e 13 casos levados à justiça (Procuradoria e Tribunal), com duas condenações.
"Agora o caso está no tribunal com o nosso devido acompanhamento e esperamos que a justiça seja feita, enquanto reintegramos a menor na sua comunidade, pois ela tem muita vontade de estudar", concluiu Mulima.
Em 2009, um outro caso, envolvendo uma menor da igreja Sendeluca JacknSen, com a mesma tradição, foi registado. Admite-se que vários outros casos estejam a acontecer, mas que confinados entre os membros fiéis a religião.
AYAC/Lusa/Fim- André Catueira, da Agência Lusa
"Obrigava-me várias vezes a fazer sexo, mas eu não sabia o que era isso, se era algo para comer, até que um dia me chamou para o quarto e o encontrei despido e fugi", disse à Lusa a menor, que denuncia ter sofrido agressões físicas por não fazer alguns trabalhos forçados, em beneficio das mulheres mais velhas do lar.
Este é o primeiro caso que chega à justiça em Manica, envolvendo crentes da igreja Johan-marangue, embora a prática de casamentos prematuros seja muito frequente entre os membros da igreja, famosa por recusar a medicina convencional.
O caso foi tornado público em agosto, quando a menor foi espancada pelo pai, que a forçava a regressar à casa do noivo, depois de ter fugido por duas vezes, para se escapar às tentativas de violência sexual, protagonizado pelo "prometido".
Com escoriações na cara e sangrando do nariz, a menor socorreu-se junto a LEMUSICA (Levanta Mulher e Siga o seu Caminho), uma organização não governamental que apoia vítimas de violência sexual e doméstica, onde denunciou o caso.
"Depois de a recebermos, levámo-la ao hospital (em Vanduzi, distrito de Manica) para assistência médica e a acolhemos no nosso centro. O pai forçava-a a regressar à casa do marido para cumprir com a sua palavra e não ferir os mandamentos da igreja", disse à Agencia Lusa Cecília Ernesto, assistente social na área da rapariga na LEMUSICA.
Para arranjar o casamento, o pai recebeu do homem 100 meticais (2,7 euros). O valor foi depois devolvido a família para reintegrar a criança na sociedade e escola.
"É uma situação absurda. Durante as conferências de Páscoa (que a seita celebra em setembro) da igreja ela era obrigada a preparar o banho do marido e das outras três mulheres além de servir o mata-bicho", conta Cecília Ernesto.
Geralmente, o pastor da igreja Johan-marangue, uns dos maiores polígamos, tem a obrigação de casar com a filha e ou esposa dos crentes, assim que sonhar com elas. Os membros não têm o mesmo direito.
"A igreja fomenta casamentos prematuros alegando serem princípios da religião. Por exemplo é obrigação do membro entregar a filha e ou esposa sempre que o pastor sonhe com ela. Esta crença não é benéfica", disse à Lusa Achia Mulima, coordenadora da LEMUSICA, que desenvolve campanhas de educação cívica sobre violência.
A ONG criou grupos de escuta e denúncia, constituídos por chefes de famílias e líderes comunitários, junto às comunidades e escolas, cuja missão é descobrir casos de abuso sexual de menores. Até setembro foram realizados 179 aconselhamentos individuais e 13 casos levados à justiça (Procuradoria e Tribunal), com duas condenações.
"Agora o caso está no tribunal com o nosso devido acompanhamento e esperamos que a justiça seja feita, enquanto reintegramos a menor na sua comunidade, pois ela tem muita vontade de estudar", concluiu Mulima.
Em 2009, um outro caso, envolvendo uma menor da igreja Sendeluca JacknSen, com a mesma tradição, foi registado. Admite-se que vários outros casos estejam a acontecer, mas que confinados entre os membros fiéis a religião.
AYAC/Lusa/Fim- André Catueira, da Agência Lusa
http://noticias.sapo.cv/lusa/artigo/13436430.html
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