A vitória previsível de Dilma Rousseff, mas com a necessidade de uma segunda volta a 31 de outubro, fazem hoje destaque nos artigos da imprensa europeia e americana sobre a luta pela sucessão do Presidente brasileiro, Lula da Silva.
BRASILIA-Nas eleições de domingo, Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), obteve 46,7% dos votos, enquanto José Serra do Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB) conseguiu 32,7%.
Marina Silva, do Partido os Verdes, conseguiu 19,33% dos votos, um resultado que a transforma "na chave da segunda volta".
Os eleitores brasileiros "recusaram um cheque em branco a Dilma Rousseff", escreve o vespertino Le Monde, resumindo o resultado das presidenciais, disputadas no domingo.
O diário francês, na edição com data de terça feira, escreve que "a protegida de Lula terá de esperar pela segunda volta para ter a certeza que vai suceder-lhe, depois de uma primeira volta marcada pelo bom resultado da candidata ecologista e uma forte abstenção".
Marina Silva, "candidata dos Verdes e defensora da Amazónia, aparece como a verdadeira surpresa da primeira volta das eleições. Com 19,35% dos votos, impôs-se como a terceira força na paisagem política do país", assinala Le Monde.
"Apesar da sua aparência frágil, sequela de diversas doenças tropicais, esta ex-ministra do Ambiente de Lula está habituada aos combates difíceis. Nascida numa família pobre, Marina tem uma longa história de lutas atrás de si, nomeadamente ao lado do defensor e mártir da Amazónia, Chico Mendes, assassinado em 1988", escreve Le Monde sobre a candidata ecologista.
Para o diário francês Le Fígaro, Dilma Rousseff "parece ter sido vítima de uma desistência de última hora, devido a um escândalo de corrupção que manchou a parte final da sua campanha".
Sem o carisma de Lula
Nos Estados Unidos, o New York Times destaca o resultado de Marina Silva que "roubou a Dilma Rousseff a vitória à primeira volta".
"Os comentadores têm poucas dúvidas de que Rousseff, 62 anos, levará a melhor numa segunda volta contra José Serra. Apesar da falta de experiência política e de carisma, ela acompanhou a vaga de prosperidade e otimismo no Brasil sob a liderança de Lula da Silva, cujo índice de popularidade atinge os 80%", nota o New York Times.
O diário novaiorquino recorda o perfil de Dilma Rousseff, descrevendo-a como "ativa nas organizações armadas de militantes que combatiam a ditadura nos anos 60, considerada uma administradora competente mas sem o género de carisma sedutor que ajudou Lula da Silva a tornar-se tão popular".
O New York Times lembra que, se Dilma Rousseff for eleita, será mais uma a quebrar "uma barreira" que tem vindo a ser quebrada nos últimos cinco anos com a eleição de mulheres na cena internacional, como Cristina Kirchner na Argentina, Angela Merkel na Alemanha e Michelle Bachellet no Chile.
Em Espanha, o diário El Pais resume o resultado da primeira volta referindo a "vitória insuficiente de Rousseff".
Assinalando a surpresa do resultado obtido por Marina Silva, El Pais escreve que "as enormes expetativas despertadas pela candidatura de Dilma podem acabar por prejudicá-la na segunda volta, se o seu triunfo, inelutável, na primeira volta for percebido como derrota".
Lusa-(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)
http://sic.sapo.pt/online/noticias/mundo/Imprensa+internacional+diz+que+Marina+roubou+protagonismo+a+Dilma.htm
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