Só amanhã à tarde é que irá ser determinada a imparcialidade de um juiz holandês, hoje colocada em causa pelo político anti-islamista Geert Wilders, que pediu a substituição dos magistrados que em Amesterdão o estavam a começar a julgar.
AMSTERDÃO-Se o tribunal aceitar as objecções, novos juízes terão de ser designados, atrasando assim o julgamento de Wilders, figura da qual depende a formação do novo Governo da Holanda, quatro meses depois das legislativas.
Quando hoje compareceu na barra do tribunal, acusado de incitar ao ódio racial e à discriminação contra os muçulmanos, o líder do Partido da Liberdade (PVV) esquivou-se às perguntas que lhe foram feitas: “Disse o que disse e não retiro uma palavra”.
A sua recusa de explicar as afirmações feitas à imprensa e na qual comparava a fé islâmica ao nazismo levou o juiz presidente, Jan Moors, a considerar que o réu persistia numa atitude de evitar todo e qualquer debate.
O advogado de defesa, Bram Moszkowicz, entendeu as considerações do magistrado como sendo eivadas de preconceito, o que levou a uma audiência separada, onde novos juízes se deveriam pronunciar sobre a atitude do presidente do primeiro júri.
“Um julgamento justo já não é possível”, disse Wilders na segunda audiência. Se for condenado poderá ficar um ano na cadeia, ensombrando as hipóteses do futuro Governo que depende do seu apoio parlamentar.
Um congresso do Apelo Cristão-Democrata (CDA) decidiu sábado, por maioria, formar uma coligação com os liberais do VVD, mas algumas figuras destes dois partidos continuam a discordar de um arranjo governamental que só poderá funcionar enquanto contar com os votos dos deputados do PVV.
Um antigo presidente do Parlamento, Frans Weisglas, e os ex-ministros liberais Frits Korthals Altyes e Pieter Winsemius consideraram ontem “repugnante” o político holandês.
O conjunto dos 31 deputados do VVD, dos 24 do PVV e dos 21 da CDA dá 76, maioria de um só lugar, num Parlamento de 150. Mas a Radio Netherlands já admitiu que dois ou até mais deputados democratas-cristãos persistem em não aceitar um compromisso que deixa a Holanda refém da extrema-direita. Wilders é particularmente conhecido pelo documentário "Fitna", de 2008, no qual justapunha versículos do Corão a imagens de terrorismo atribuído a radicais islâmicos.
http://www.publico.pt/Mundo/wilders-colocou-em-xeque-o-juiz-que-o-julgava-por-incitamento-ao-odio-racial_1459441
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentar com elegância e com respeito para o próximo.