ARNHEM-Mais de dois terços dos participantes(quase 5 mil militantes participantes) no conclave dos cristãos democratas do CDA(Apelo Democrata-Cristão) deram ontem sábado (02) seu apoio para os acordos de um governo minoritário com o VVD (Partido Liberal) e apoiado no Parlamento pelo PVV (Partido da liberdade).
68% dos cristãos-democratas presentes no Rijnhal, na cidade de Arnhem, aprovaram a participação do CDA no governo minoritário de direita.
No entanto, isto ainda não confirma a coligação. Na próxima terça-feira os parlamentares do partido darão a palavra final, decidindo se o CDA participará ou não do governo com o VVD, apoiado pelo PVV. Dois deputados do CDA, Kathleen Ferrier e Ad Koppejan, são contra o trabalho conjunto com o partido de Geert Wilders.
“Minoria substancial”
Durante o congresso, Ferrier disse que se sentiu apoiada por “uma minoria substancial” de membros do partido, e acrescentou ainda não poderia dizer se vai ou não votar contra na terça-feira, alegando que ainda precisa de um ou dois dias para pensar.
Koppejan definiu o resultado do congresso como “encorajador”, mas também não quis dizer como irá votar na terça-feira. Tem-se a impressão de que ele quer ir adiante com a frente anti-Wilders dentro do partido, sem no entanto bloquear o governo minoritário.
Ab Klink
O ministro demissionário do CDA, Ab Klink, que ocupa a pasta da Saúde, pensa que os deputados “dissidentes” tiveram sua posição “legitimada” pelo congresso do partido e podem mantê-la. Numa primeira reacção, Klink deixou transparecer irritação porque logo após a votação dos líderes do partido já se agia como se não houvesse mais dúvidas e que os acordos e o governo minoritário eram uma realidade.
O ministro da Justiça, o cristão-democrata Ernst Hirsch Ballin, também um opositor da colaboração com o PVV, diz ter percebido que “uma parte significativa” do CDA é contra e salientou que CDA é um partido “profundamente dividido” no tocante a esta questão.
Emoções no Conclave de Arnhem
Muitos membros do CDA, entre os quais muitos proeminentes, pleitearam em Arnhem, às vezes emocionados, contra e a favor da colaboração política com o PVV. O ex-primeiro ministro Piet de Jong disse temer que “a liberdade religiosa esteja sendo vendida”, enquanto o outro ex premiê Dries van Agt disse que seu partido estará se “mutilando” se colaborar com o PVV.
“Não façam isso ao nosso partido e ao nosso país”, pediu o ministro Hirsch Ballin. Segundo Ab Klink, o PVV fez da polarização a sua palavra de ordem e o CDA não deveria trabalhar em conjunto com “pessoas que provocam o medo”.
Maxime Verhagen
No início do dia o líder do CDA, Maxime Verhagen, havia pedido, emocionado, o apoio de suas bases. “Eu amo nosso partido! Acredito em nosso partido! Estou convencido que num cenário político cada vez mais polarizado, nós, como CDA, ainda podemos ser um factor de união. E por isso acho que devemos optar por este acordo”, propôs.
Possível Fractura
O temor entre os membros do CDA de que esta questão cause uma fractura no partido era perceptível. A ex-parlamentar Hannie van Leeuwen, que é contra o acordo, acentuou que tanto os que são pró como os que são contra têm que dar espaço uns aos outros.
As vozes negativas na sala fizeram com que o ministro do CDA, Camiel Eurlings, fizesse um apelo inflamado. “Nós jamais perderemos nossos ideais”, gritou. O ministro Piet Hein Donner também se posicionou pela liderança do partido. Segundo ele, é possível ao mesmo tempo trabalhar com Wilders e “ser um ponto de união”.
Respeito pelos parlamentares que não alinham na cooperação com o PVV
O congresso também tomou outras resoluções, entre elas a de que os deputados fizessem oposição dentro do hemiciclo.
A proposta para que nos próximos meses o partido se una e que seja demonstrado respeito para com aqueles que são contra a colaboração com Geert Wilders, como muitos proeminentes cristãos-democratas, foi recebida com aplausos.
O congresso foi transmitido em directo pela televisão pública holandesa, NOS, e foi visto por cerca de um milhão e quatrocentos mil telespectadores segundo a agência de noticias ANP
Recorda-se que a medida mais popular do programa de governo da nova coligação é o investimento de 1000 milhões de euros em cuidados para idosos, seguindo-se o fim do abono de família para quem tem os filhos a viver fora da Europa e o reforço da polícia com 2500 agentes.
Outras medidas que estão a ser bem recebidas são a introdução de uma pena mínima para crimes graves, a retirada da nacionalidade holandesa aos imigrantes que cometem crimes graves e a instauração de uma cidadania temporária de cinco anos para quem se queira naturalizar holandês. De acordo com o programa deste Governo apoiado por Wilders, será proibida a burqa.
Norberto Silva com a Rádio Nederland( Peter Hooghiemstra)
Fotos do Jornal AD.NL
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