sexta-feira, 1 de abril de 2011

HOLANDA:Julgamento de Geert Wilders: todos desempenham seus papéis

AMSTERDAM-O processo judicial por incitação ao ódio aberto contra Geert Wilders, político holandês de extrema direita, continuará apesar das tentativas de seu advogado de retirar o caso dos tribunais.
O tribunal deliberou que existe uma causa que se deve discutir e que o tribunal de Amsterdão é o lugar idôneo para concluí-lo. Geert Wilders responde judicialmente por acusações de incitação ao ódio e discriminação contra os muçulmanos.
Rotina
Geert Wilders levanta-se com o corpo ereto, olhar fixo à sua frente. O cabelo louro, tingido, sobressai-se. À direita dos bancos, abre-se uma porta e aparecem então os três magistrados. Eles esperam perto dos seus assentos, esperando que o presidente do tribunal, Marcel van Oosten, acomode-se. O julgamento de Geert Wilders  transformou-se numa rotina, cuidadosamente preparado.
Pela décima quinta vez, Wilders compareceu diante dos juízes. Cada um cumpre o seu papel. O acusado está sentado no banco dos réus, com o seu defensor, Bram Moszkowicz, diante dos magistrados. Wilders mostra-se distante, sem emoções. Moszkowicz está impaciente, inquieto.
Enquanto o advogado de defesa irradia prosperidade e influência, os das partes da acusação são uma amálgama de antigos ativistas e benfeitores sociais. E nunca se sabe previamente qual deles vai comparecer às audiências.
Nós, jornalistas, estamos sentados atrás de Wilders, tomando notas e enviando tweets. Vemos os companheiros de partido de Wilders sempre presentes, atrás dos vidros da galeria.
O presidente do tribunal fala de maneira firme e elegante, dirigindo-se ao acusado em um tom amistoso, paternal, até mesmo com alguns toques de humor. O advogado de defesa igualmente se expressa em termos refinados e corteses.
Um roteiro diferente
Dessa vez, no entanto, estes dois personagens principais mudaram um pouco sua atuação. Quando o juiz Van Oosten anuncia uma pausa de meia hora, o advogado de defesa, Moszkowicz, levanta-se para anunciar que “esta manhã ainda precisa apanhar um voo, para trabalhar num outro julgamento”.
Van Oosten, que já havia  levantado para deixar a sala, mostra-se visivelmente surpreso. Olha para Moszkowicz e diz: “Vamos ver, vamos ver. De qualquer maneira, voltamos em meia hora”. Diante disso, um agitado Moszkowicz responde, sem fôlego, enquanto volta a sentar-se na cadeira: “bom, poderia acontecer de eu não estar presente”.
Leões
Depois do curto intervalo, todos voltam à sala e os protagonistas retomam sua civilidade habitual. Apesar disto, uma imagem permanece presente: dois leões que rugem e mostram os dentes.
Fonte:RNW(Por John Tyler)

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