António Monteiro, presidente da UCID: “Coligação com o PAICV? Nunca!”
É a terceira candidatura à Câmara de São Vicente, e acredita que desta é que é de vez. António Monteiro, líder da UCID, levanta o véu sobre os projectos e as prioridades que tem para a ilha. O deputado, e também vereador, teme a perda de influência, por causa da fuga de instituições e empresas para a ilha de Santiago, e defende que as apostas principais do governo deviam ser a descentralização e a regionalização.
Expresso das Ilhas - Porque se candidata novamente à Câmara de São Vicente?
António Monteiro - Candidato-me porque entendo que a ilha precisa de um novo paradigma. Paradigma em termos de desenvolvimento social e também em termos de desenvolvimento económico. São Vicente é uma ilha com grandes potencialidades nas várias vertentes e já foi, sem saudosismo do passado, a ilha referência de Cabo Verde. Após a independência até agora, sentimos que a ilha foi perdendo o seu fulgor, devido a políticas erradas assumidas pelos sucessivos governos, e hoje São Vicente é uma amostra do que foi no passado. É preciso dar à ilha do Porto Grande uma outra dinâmica. Trazer de volta a pujança que a ilha teve.
Entendo que tenho essa responsabilidade como cidadão deste país, como homem preocupado com o destino de São Vicente e o destino de Cabo Verde. Quero dar o meu contributo, por mais humilde que seja, para que possamos ter um São Vicente à altura dos desafios dos sanvicentinos. Penso que a ilha tem um potencial muito grande e com a minha capacidade e com a minha forma de estar na vida e na política, com os conhecimentos que tenho e com a equipa que vou ter comigo na Câmara, espero dar à ilha outra perspectiva de futuro. É por tudo isto que me candidato. Entendo que depois da abertura política, com a abertura democrática e com a eleição das sucessivas câmaras, houve a intenção de fazer alguma coisa, mas acho que não houve uma vontade profunda de sacudir a ilha de São Vicente e resgatar o que a ilha tem de melhor que é a sua capacidade técnica, cultural, política e comercial. É isso que perdemos e que as autarquias anteriores não tiveram a capacidade de recuperar. Reconheço que a câmara anterior, liderada por Isaura Gomes, fez muito por São Vicente, sobretudo no embelezamento da ilha, mas mais do que isso precisamos é de uma dinâmica económica maior. A Câmara tem de ser um parceiro mais actuante. Não podemos continuar à espera que o governo faça, temos de trazer o governo para o nosso lado e agir em conjunto. Há essa possibilidade e apresento-me, pela terceira vez, ao eleitorado de São Vicente, dizendo-lhes que estou cá mais uma vez, as ideias são estas, os projectos são estes, dêem-me uma oportunidade para fazer o que acho que pode ser feito, com a ajuda de todos, e sobretudo com uma combinação perfeita entre o poder central e as outras forças políticas para que a ilha possa ganhar mais do que ganhou até hoje.
Que ideias e projectos são esses?
Há um aspecto em São Vicente que é preocupante e que dificulta, em alguma maneira, o desenvolvimento da ilha. Estamos no século XXI e há questões muito importantes que têm a ver com o turismo. São Vicente tem dois factores importantes para o seu desenvolvimento, tem um porto, que considero um porto natural, um porto com grandes condições, mas que ficou esquecido no tempo desde a sua construção em 1961. Tirando a intervenção feita pelo governo do MpD, na década de 90, nunca mais o porto teve qualquer melhoramento para responder aos desafios. Achamos que é preciso investir mais.
Mas essa é uma matéria que diz respeito ao governo.
Sem sombra de dúvida, mas o poder local tem que ter a capacidade, a habilidade política, para fazer com que o governo central, que nas campanhas anteriores prometeu a modernização do porto, cumpra. É preciso que São Vicente ganhe essa força.
Uma autarquia que faça mais pressão?
Penso que o termo não será pressionar, mas sim trabalhar em conjunto com o governo. A própria Câmara, através do seu presidente e dos vereadores que têm responsabilidade nesta matéria, devem servir de embaixadores itinerantes para vender este produto internacionalmente, mostrando que São Vicente é uma ilha com condições para assegurar o transporte marítimo.
Falava de dois factores. Qual é o segundo?
O outro vector importante é o aeroporto. São Vicente tem um aeroporto internacional e é preciso aproveitar estas duas infra-estruturas: o porto, que precisa de ser reestruturado e o aeroporto, que pode receber voos internacionais. Ou seja, temos duas estruturas funda-mentais e é aqui que entra o vector turismo. Faltam-nos infra-estruturas turísticas. Se chegar um voo com duzentos turistas, temos dificuldade em albergar essas pessoas. É preciso que haja investimentos na área da imobiliária turística, é preciso que se construam mais hotéis para que os operadores em Portugal, na Alemanha, na Itália, nos vários pontos do mundo, possam saber que a ilha de São Vicente, que está a escassas horas da Europa, também é um destino turístico de referência e um dos maiores destinos turísticos de Cabo Verde. Fala-se do Sal, fala-se da Boa Vista, fala-se do Fogo, mas esquece-se que São Vicente tem uma vida cultural extremamente rica, uma vida nocturna interessante, mais no passado do que agora por questões de segurança, tem as ilhas de Santo Antão e São Nicolau muito perto, o que pode servir também como chamariz para o turismo de maior qualidade. O que falta é o investimento necessário no sector turístico para que as empresas do sector possam trazer os visitantes, para que a ilha comece a ganhar outra dinâmica. Esses são factores em que vou pessoalmente apostar, não como presidente de câmara investidor, mas mostrando que temos essa valência e fazendo com que o poder central e os empresários apostem na ilha.
Mas aí o papel da Câmara só poderia passar, por exemplo, pela infra-estruturação ou pela gestão dos solos ...
Evidentemente. A Câmara teria esses dois papéis, mas acima de tudo teria de dar uma garantia junto dos investidores e do poder central. Mostrar que é necessário um fundo de garantia para que os investidores nacionais possam também ter dinheiro para desenvolver os seus negócios.
E que outros projectos tem para São Vicente?
Outra questão fundamental é o ambiente. São Vicente tem uma situação ambiental muito complicada e é só ver o que se passa na região de Ribeira Julião. Já houve várias tentativas para fazer desaparecer a queima de lixo a céu aberto, mas acho que é preciso que a autarquia assuma, de uma vez por todas, a responsabilidade do tratamento dos resíduos sólidos urbanos. Em pleno século XXI, fazer queima de lixos, acumular milhares de hectolitros de resíduos de combustíveis e de óleos usados, não é aceitável. Assim não conseguiremos dar a imagem que queremos, de um São Vicente amigo do ambiente, para chamar os turistas. Uma das apostas fortes que irei fazer será no tratamento do ambiente. Um outro projecto que acho de extrema importância é a reorganização da própria Câmara. Trabalhar para que a instituição tenha capacidade para responder atempadamente aos cidadãos quando estes precisam dos serviços da autarquia. Considero que não é justo que um munícipe que vá à Câmara, à procura de um terreno para construir a própria habitação, ou para iniciar o seu negócio, tenha de esperar dois anos, três, ou mais ...
Acha que agilizar processos é fundamental?
É evidente. Penso que isso é um dos grandes entraves na ilha de São Vicente. Por exemplo, um emigrante que procure a Câmara para encontrar um terreno e fazer a sua casa não o consegue. Não nos podemos esquecer que geralmente ele só tem um mês, e nesse espaço de tempo não consegue resolver nada. Um dos projectos extremamente importantes, e talvez o cartão de visita da autarquia, que pretendo conduzir nos pró-ximos quatro anos, é agilizar todos os processos dentro da Câmara. E para isso, temos de ter a capacidade de reconhecer estas fragilidades e combatê-las de forma a respondermos atempadamente às solicitações. Temos outras ideias, por exemplo, os munícipes de São Vicente reclamam, e muito, da proliferação de oficinas dentro da cidade. Essencialmente, reclamam do barulho. Eu sou da opinião que a cidade deve ter os seus artistas, mas também sou da opinião que o munícipe não pode ser incomodado ...
Está a pensar numa área industrial fora da cidade?
É preciso que a Câmara crie uma área própria, cedendo terreno às pessoas interessadas, onde estas possam, fora da cidade, montar as suas oficinas. Portanto, estes são, para já, os projectos que considero mais importantes para dar a São Vicente outra visibilidade. Isto sem falar no que considero ser o ponto forte de São Vicente que é a cultura. Mas, é preciso incentivar mais. No entanto, esse é um projecto que deve ser dado aos próprios artistas, com o apoio da autarquia.
Qual seria o resultado ideal nestas eleições autárquicas?
O resultado ideal é ganhar a Câmara. E penso que neste momento existem condições sociológicas e políticas para que possa ganhar a Câmara. Tenho estado a fazer este trabalho há muitos anos. São Vicente terá muito a ganhar com a minha eleição para presidente da Câmara.
Porquê?
Há uma experiência acumulada em dois mandatos como vereador e há um conhecimento profundo da ilha de São Vicente. Há também uma parte extremamente importante para a ilha de São Vicente que é o conhecimento técnico. Os outros candidatos não têm esse conhecimento que eu tenho nos sectores marítimo, indústria e energia e água. Para além dos conhecimentos políticos e de um coração voltado para as pessoas de São Vicente. Digo-o com humildade, mas penso que tenho essas características que podem ajudar-me a desenvolver o meu trabalho. Portanto quero pôr estas capacidades ao serviço de todos. Portanto, quero mesmo ganhar.
Além de ideal, esse é um objectivo realista?
É muito realista. Como já disse, tenho um trajecto. Neste momento, na minha percepção, o povo de São Vicente vê em mim o político que está sempre em sintonia com as questões que afligem a ilha. Um político que está disponível, a qualquer momento, para ir ao encontro de todos. E, acima de tudo, sinto que as pessoas vêem em mim alguém que é coerente e que luta por um objectivo. Luto desde 1992, quando entrei para a UCID, e continuo a lutar porque penso que São Vicente e Cabo Verde têm todas as con-dições para ser uma ilha e um país melhor.
Considera que tem dois adversários de peso em Augusto Neves e Filomena Vieira?
Considero que todos os candidatos são de peso. Todos. Mesmo o João do Rosário e o Alcindo Amado. É claro que há dois candidatos que têm dois partidos grandes, partidos fortes em termos financeiros, que lhes irão dar apoio monetário para poderem ganhar a Câmara Municipal. Acho que a questão financeira pode, num determinado momento, fazer mexer o terreno político em que me movimento. Mas, também considero que há uma experiência de vida, há uma forma própria que tenho de fazer política e fazer campanha, que me permite não ser apanhado nessa malha financeira, quer do PAICV quer do MpD. O que tenho de fazer é trabalhar junto do eleitorado, hora a hora, minuto a minuto, levando a minha mensagem. Não descurando que todos os adversários são de peso, com capacidade em determinadas áreas e com vontade de ver a ilha de São Vicente a evoluir. Eu vou dizer ao povo aquilo que provavelmente já sabem, porque como lhe disse tenho dois mandatos de experiência. O Augusto Neves tem um mandato de experiência, a Filomena Vieira não tem nenhum mandato. Aliás, até tem a desvantagem de ter sido eleita uma vez como deputada municipal e nunca ter assumido o cargo e isso poderá ser um aspecto negativo. Temos o João do Rosário que também tem alguma experiência e o Alcindo Amado que já foi deputado municipal. Mas o que mais conta é o percurso político, a defesa cerrada dos interesses de São Vicente. Se colocarmos tudo isso na balança, provavelmente ela penderá para o meu lado.
Que balanço faz desses dois mandatos como vereador?
Penso que tentei dar o meu máximo. Mas, nas Câmaras Municipais quem tem o peso político e quem define as estratégias é o colectivo. Eu fui vereador do ambiente, energias, água e saneamento e acho que durante o tempo que lá estive fiz muito. Dentro do projecto da Câmara e também do governo, é preciso dizê-lo, conseguimos fazer che-gar luz a várias famílias, conseguimos fazer chegar água a várias famílias, conseguimos manter uma cidade limpa, conseguimos criar vários espaços verdes. Ou seja, dentro da nossa responsabilidade penso que demos um grande contributo para que São Vicente seja menos mau do que era. É claro que com a presidente Isaura Gomes as coisas correram de forma linear. É uma pessoa politicamente forte e com uma grande capacidade de gestão. Nos dois mandatos que estive com ela, o segundo só uma parte, sempre nos deu a capacidade de fazermos um bom trabalho.
Podia ter feito mais?
Digo que sim e aponto duas áreas em que podíamos ter feito mais: energias e ambiente. Apesar de ser um grande sonho da presidente Isaura Gomes resolver o problema da lixeira de Ribeira Julião, infelizmente não conseguimos. Mas espero fazê-lo como presidente da Câmara.
Por que não conseguiram resolver esse problema?
Não é um problema interno, nem tem a ver com o poder central. Foi mais uma questão de momento.
Actualmente, há várias pessoas interessadas na resolução deste problema. São Vicente produz 52 toneladas de lixo por dia, com uma vertente calorífera muito forte, podendo ser utilizadas como combustível e não o sendo. E há empresas interessadas em aproveitar esse lixo para produzir energia eléctrica. Mas, neste momento não há esta sensibilidade por parte da própria Câmara. É uma questão de prioridades.
Como foi o convívio com o MpD, nunca olharam para si de lado, um estranho dentro do grupo?
O convívio com o MpD, desde 2008 a esta parte, de uma forma geral foi um bom convívio. Ressalvo a Dra. Isaura Gomes, que para mim é uma grande senhora. É uma pessoa de carácter, uma pessoa dinâmica, uma pessoa que conseguiu fazer mover a ilha. E o trabalho foi bom, quer em termos políticos quer pessoais. E na política quando há amizade, quando há um bom relacionamento, tudo se torna mais fácil. O que nos preocupa agora é a situação actual. Principalmente nos últimos meses. Estamos a chegar à fase da campanha eleitoral e as relações já não são tão boas porque há um despique eleitoral, uma luta política, e o nosso presidente já não está muito virado para ter uma boa convivência com a UCID. Penso que isso é mau. Nós temos um acordo que deve chegar até ao fim do mandato. Não se pode, por questões eleitoralistas, fingir que o parceiro é um inimigo. Vamos ter as eleições, mas até lá a vida continua, a gestão camarária continua. Não podemos deixar que momentaneamente os interesses partidários tomem a dianteira. Temos é de continuar a ser uma autarquia com capacidade de trabalho.
Está aberto a voltar a assinar um acordo pós-eleitoral?
A UCID sempre disse que para Cabo Verde e para São Vicente estamos sempre dispostos a trabalhar. Uma coisa é dizer isso, outra é dizer que estamos disponíveis para fazer uma coligação pós-eleitoral com o PAICV, com o PTS ou com o MpD. Nessa matéria é preciso ser muito claro. A UCID, como partido democrata cristão, tem uma grande afinidade com a política que o MpD defende. Ou melhor, o MpD tem uma grande afinidade com a política que a UCID defende, porque nós nascemos em 1978. Assim sendo, é claro que temos maior capacidade de entendimento político com o MpD do que com o PAICV. De forma que, coligação pós-eleitoral com o MpD é possível, quer ganhemos as eleições, quer vença o MpD. O mesmo não posso dizer sobre o PAICV nem o PTS. Porque há uma grande divergência política com esses partidos, uma vez que são de esquerda. Isto não quer dizer que vamos inviabilizar a Câmara se o PAICV ou o PTS ganharem. Não faremos coligação, isso está fora de questão, mas estaremos disponíveis para aquilo que for bom para São Vicente, em momentos pontuais, desde que sejamos contactados a tempo e horas e se ponham todas as cartas na mesa. Coligação com esses dois partidos, fora de questão.
De qualquer forma, o PAICV tem feito passar a mensagem que uma Câmara da mesma cor do governo seria melhor para São Vicente ...
Essa é uma falsa questão. Entendo que a candidata do PAICV queira ganhar a câmara, porque sempre o tentaram, desde 1992, sem o conseguirem. Penso que é até um ponto de honra para o presidente do partido, e Primeiro-Ministro, querer mostrar que afinal conseguem conquistar a ilha. Nada melhor do que usar esse subterfúgio, que estando o PAICV na Câmara é muito mais fácil para São Vicente. Isso não é verdade. Não é verdade porque alguns elementos do PAICV não querem o desenvolvimento da ilha. Nós temos a informação neste momento, que ainda precisa de ser confirmada mas vou avançando, que provavelmente a administração da Electra vem para a Praia, a administração central da ENAPOR vem para a Praia, a Administração e o Instituto Marítimo Portuário vem para a Praia. Ora, se o governo central está a ter este comportamento é de desconfiar que há ciúmes em relação a São Vicente. E não é com o PAICV na Câmara que estes ciúmes se vão diluir no tempo. Acredito que São Vicente precisa de um presidente com capacidade política forte, mas também capaz de ter um bom relacionamento com o poder central, quer seja um governo do PAICV, quer seja do MpD, ou mesmo da UCID. E mais do que ter essa capacidade de relacionamento com o poder central, o presidente da câmara tem de ter a capacidade técnica e política de fazer funcionar a autarquia e de chamar os investidores, internos e externos, para apostarem na ilha. Isso é que falta. Não podemos estar eternamente a culpar o poder central pelo imobilismo de São Vicente. Temos de ter é a capacidade técnica e humana para trazer para a ilha aquilo que precisamos. Se for do poder central, que seja, se é dos investidores, seja também. Agora, dizer que com o PAICV na autarquia é mais fácil não passa de um bluff e o povo não acredita muito nisso, senão já teria eleito o PAICV há muito tempo.
É do próprio PAICV que saem as acusações de alegada corrupção na autarquia. Acha que não vale tudo na política?
Na política, definitivamente, não vale tudo. Porque nesse caso, mais do que atacar a Câ-mara, houve a vontade premeditada de tentar atingir a imagem da presidente da Câmara. E isso, infelizmente, acabou por funcionar.
A Dra. Isaura Gomes afastou-se por razões de saúde, o que penalizou a autarquia, e o PAICV fez acusações que não conseguiu sustentar em tribunal. Eu próprio fui acusado de ser o mentor da corrupção na Câmara Municipal de São Vicente na venda de terrenos. Claro que já accionei um processo-crime contra o líder do PAICV em São Vicente. Espero que as coisas agora andem nos tribunais. Porque não se pode recorrer a difamações e a injúrias para se conseguir atingir certos objectivos. O povo de São Vicente, que é bastante analítico, saberá dar a resposta.
Uma última pergunta. Fala-se agora do estatuto especial da Praia. Augusto Neves também já veio pedir um estatuto especial para São Vicente. Que análise faz a esta questão?
Somos um país formado por ilhas, cada uma com as suas especificidades. Imagine que todas as ilhas venham pedir para si estatutos especiais. Apesar de estar na Constituição que a Praia, enquanto capital, merece um estatuto especial, pessoalmente penso que a Praia já o tem. Podemos dizer que o governo deverá dar mais meios à capital, e eu concordo, para que tenhamos uma capital com o mínimo que se exige. No entanto, se nos colocarmos só nessa perspectiva de estatuto especial e esquecermos os outros municípios, as outras cidades e as outras ilhas, não há estatuto especial nenhum que irá valer à Praia. Porque toda a gente virá para a cidade da Praia e não há meios que possam suster a avalanche de pessoas. Basta ver a situação em que a Praia está neste momento. Com pessoas que abandonaram as suas localidades e as suas ilhas. É preciso que o governo veja esta situação por outro prisma; em vez de estarmos a concentrar tudo na Praia deve-se é descentralizar. Com estatutos especiais não se resolve o problema. Só com a descentralização do poder isso se consegue.
Como há dias disse no parlamento, porque não pensar em pôr um ministério em São Vicente?
Outro no Sal. Na Boa Vista. Na Assomada. No Tarrafal ... Já sobre a exigência do estatuto especial de São Vicente, penso que é mais uma tirada eleitoralista.
10-3-2012,
Jorge Montezinho, Redacção Praia
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